EXAME.com (EXAME.com)
Daniela Barbosa
Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 16h03.
São Paulo – A Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH), maior grupo de artigos de luxo do mundo e dona de marcas como Givenchy, Fendi, Guerlain e Moët & Chandon, já jurou de pés juntos que não tem a intenção de comprar o controle da Hermès. Mesmo assim, a grife francesa conhecida por seus luxuosos lençóis de seda preferiu não arriscar e anunciou recentemente a criação de uma holding que blinda a companhia das garras de sua arquirrival.
Diante do avanço gradual da LVMH sobre a empresa, comprando ações aos poucos, cerca de 100 membros da família Hermès reagiram e criaram a H51, holding que vai agrupá-los sob um único guarda-chuva e servir de porta-voz dos interesses de todos – e de anteparo para as pretensões da concorrente.
A holding da família Hermès detém 50,2% da companhia e garante, até 2031, aos acionistas envolvidos a preferência pela compra das ações, caso alguém tenha a intenção de se desfazer delas. Apenas o principal acionista da grife, Nicolas Puech, com 6% de participação, ficou fora da jogada. Ele, no entanto, nunca manifestou interesse em vender suas ações.
Em outubro do ano passado, a LVMH comprou 17% das ações da Hermès sem dar muito alarde. Na ocasião, a grife investiu 1,4 bilhão de euros na aquisição e justificou o negócio como uma participação estratégica em uma das “joias” da indústria de luxo no mundo. Em meados deste ano, a participação cresceu para quase 22%.
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Em uma entrevista recente ao jornal americano The Wall Street Journal, Patrick Thomas, CEO da Hermès, afirmou que as duas companhias estão nos extremos da cultura e da indústria de luxo. O executivo é o primeiro membro não familiar a administrar a companhia, mas defende que o combate à LVMH não se trata de uma luta econômica e sim cultural.
“A companhia já passou pela mão de seis gerações da Hermès. Tentamos fazer os produtos mais bonitos da indústria de luxo e temos bons resultados econômicos. Por isso, devemos proteger esse patrimônio”, disse o executivo ao WSJ.
A criação da H51, no entanto, não foi bem vista por todos os acionistas da Hermès, principalmente, os minoritários, que alegaram que a holding iria diminuir a liquidez das ações da companhia. O caso foi parar na Justiça, mas a decisão foi favorável à família Hermès.
O interesse da LVMH na luxuosa grife francesa faz muito sentindo. Criada em 1837, a Hermès, no ano passado, somou vendas de 3,41 bilhões de dólares, alta de 25,4% na comparação com o ano anterior. No auge da crise financeira mundial, enquanto grandes marcas derrapavam nas passarelas, a companhia conseguiu aumentar quase 10% suas vendas.