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Com restrições na Europa e EUA, China mira América Latina para aquisições

Transações com foco na América Latina totalizaram US$ 7,7 bilhões, mais do que o valor combinado da Europa e América do Norte

China: "Uma vez mais as escolhas da China estão intimamente ligadas com as opções que forem feitas em relação à globalização pós-covid" (Jason Lee/Reuters Business)

China: "Uma vez mais as escolhas da China estão intimamente ligadas com as opções que forem feitas em relação à globalização pós-covid" (Jason Lee/Reuters Business)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 28 de dezembro de 2020 às 08h48.

Última atualização em 28 de dezembro de 2020 às 15h16.

Em um ano desafiador para empresas chinesas em busca de aquisições no exterior, a América Latina provou ser uma região onde conseguiram fazer alguns casamentos corporativos darem certo.

Aquisições no exterior por empresas chinesas devem cair pelo quarto ano seguido, para um total de US$ 31,1 bilhões, o menor nível desde 2007, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Transações com foco na América Latina totalizaram US$ 7,7 bilhões, mais do que o valor combinado da Europa e América do Norte.

Investidores chineses foram alvo de maior supervisão na Europa e nos Estados Unidos neste ano, pois a pandemia deixou setores estratégicos vulneráveis ​​a aquisições hostis e aumentou a preocupação com a segurança nacional. Com isso, compradores da maior economia da Ásia tiveram como foco a América Latina, onde anos de incerteza política e social levaram algumas empresas estrangeiras a deixarem esse mercado.

“Isso abriu uma janela de oportunidade única para investidores estratégicos de longo prazo da China”, disse Alfredo Arahuetes, professor de economia internacional na Universidade Pontifícia Comillas, em Madri. “Compradores chineses têm encontrado bons ativos a preços muito bons. E essa tendência provavelmente continuará nos próximos anos.”

No mês passado, a chinesa State Grid fechou um acordo para comprar o controle de uma empresa de rede elétrica no Chile. O negócio, que avaliou o ativo em 4,3 bilhões de euros (US$ 5,2 bilhões) incluindo dívidas, foi a maior aquisição chinesa no exterior do ano. A State Grid também concluiu a compra dos ativos da Sempra Energy no Chile no início deste ano.

No México, a chinesa State Power Investment comprou a Zuma Energia, maior empresa independente de energia renovável do país. Antes desse acordo, outra gigante do setor de energia, a China Three Gorges, havia adquirido os ativos da Sempra no Peru por quase US$ 3,6 bilhões.

Investidores da China têm poder de fogo para apostar em grandes empresas latino-americanas que exigem altos investimentos, de acordo com Antony Hung, responsável pela Ásia-Pacífico no Banco Santander.

“Empresas chinesas veem as fusões e aquisições na América Latina como apenas o início de um processo muito maior”, disse Hung. “O verdadeiro jogo final é investir nesses ativos e aumentar o valor para todas as partes interessadas a longo prazo.”

Ativos na Europa

Na Europa, empresas chinesas anunciaram apenas US$ 3,5 bilhões em aquisições neste ano, queda de 71% na comparação anual, segundo dados compilados pela Bloomberg. Espanha e Portugal estiveram entre os poucos mercados ainda favoráveis aos investimentos chineses. Em agosto, a Three Gorges comprou 13 ativos de parques solares espanhóis que pertenciam à X-Elio Energy.

“As perspectivas para acordos da China na Espanha, Portugal e América Latina permanecem positivas para 2021 e depois disso”, disse Megan Peng, responsável por finanças corporativas da Ásia no Banco Bilbao Vizcaya Argentaria. “Ainda existem empresas interessantes disponíveis, incluindo alguns grandes ativos troféus.”

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