Com pressão dos EUA contra Huawei, Alemanha faz leilão de 5G
País não impediu companhias que usam tecnologia chinesa de competirem pelas frequências leiloadas
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2019 às 06h50.
Última atualização em 19 de março de 2019 às 07h48.
A Alemanha realiza nesta terça-feira, 19, um leilão de frequências que poderão ser usadas por companhias para a instalação de uma rede de dados móveis de quinta geração, conhecida como 5G. O governo está oferecendo 41 blocos de faixas de frequência que operam entre 2 GHz e 3.6. GHz, com baixo alcance, mas alta capacidade de carregamento de dados.
Era para ser evento corriqueiro, não fosse a guerra travada entre os Estados Unidos e a China pela expansão global da Huawei , líder mundial na tecnologia e acusada de espionagem. O resultado do leilão de 5G é um bom indicativo de como a Alemanha e a União Europeia como um todo irão se portar diante da crescente pressão norte-americana contra a China e a Huawei.
As empresas Deutsche Telekom, Vodafone, Telefônica e 1&1 Drillisch foram autorizadas a participar do leilão. Dessas quatro companhias, somente a 1&1 Drillisch não utiliza de forma extensiva equipamentos desenvolvidos pela chinesa Huawei. Mesmo com uma extensa campanha norte-americana para o governo alemão banir a participação de empresas ligadas à companhia da China, o país não criou nenhuma diretriz explícita nessa direção.
O documento que regula o leilão somente estabeleceu que as empresas de telecomunicações só poderiam comprar equipamento de vendedores confiáveis que seguem as normas nacionais de segurança e privacidade. A decisão de usar ou não componentes da Huawei, então, fica a cargo das próprias operadoras, que terão de avaliar o risco.
Há alguns meses, o governo norte-americano acusa a Huawei de tentar usar sua tecnologia para espionar lideranças internacionais para a China. Os Estados Unidos estão em uma campanha feroz de convencimento de nações amigas a não realizarem negócios com a empresa chinesa. O embaixador americano em Berlim disse que o país poderia cortar as relações de cooperação de inteligência caso a Alemanha instalasse uma rede da Huawei.
Angela Merkel, primeira-ministra alemã, disse que a empresa também deveria fornecer garantias sobre a integridade dos dados que seriam transportados pelas operadoras de 5G. Paralelamente, o governo alemão busca garantias diretamente com Pequim.
Na Alemanha, a Huawei já tem uma fatia de 14% no mercado de smartphones, atrás da Apple e da Samsung somente. A China também é um importante parceiro comercial da Alemanha, a maior economia europeia atualmente. Em 2017, os países fizeram negócios estimados em 180 bilhões de euros, de acordo com o observatório de complexidade econômica do MIT. Metade desse número se deve a compras de maquinário e equipamento de alta tecnologia. Nenhum dos países, portanto, quer criar atritos em sua relação comercial.