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Com fortes planos de expansão, Wine tem novo presidente

Rogério Salume, um dos fundadores da Wine, deixa a presidência para entrar no conselho de administração

Rogério Salume, da Wine (Daniela Toviansky / EXAME PME/Exame)

Rogério Salume, da Wine (Daniela Toviansky / EXAME PME/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 10h12.

Última atualização em 16 de janeiro de 2019 às 10h14.

A loja online de vinhos Wine acaba de anunciar um novo presidente, que deverá liderar os fortes planos de expansão de lojas físicas e de assinantes online.

Rogério Salume, um dos fundadores da Wine, deixa a presidência para ocupar uma nova função, de chairman do conselho de administração. Em seu lugar, assume Marcelo D'Arienzo, que já participava do comando da empresa.

"Salume continuará a contribuir com todos os aprendizados que acumulou durante seus anos no mercado e a participar de relevantes decisões estratégicas e operacionais do nosso negócio", afirma a empresa em comunicado a parceiros.

De acordo com o comunicado, a nova liderança terá três objetivos principais: aumentar o clube de assinaturas e experiências, abrir novos canais para servir parceiros e clientes onde eles estiverem e focar nas unidades do grupo: Bodegas Wine, Wine Eventos, Vinho Fácil e Beer.

Criada em 2008, a companhia recebeu, em 2016, investimentos da Península Participações, empresa de investimentos do empresário Abilio Diniz. A Península também é sócia da rede de padarias Benjamin, que tem 23 unidades em São Paulo e deverá fechar o ano com 55. A meta para Benjamin e Wine é chegar a 1 bilhão de reais de faturamento no médio prazo.

D'Arienzo tem experiência de mais de cinco anos na Península Participações como parceiro e diretor de investimento. Liderou o processo que transformou a Benjamim na maior rede de padarias do Brasil.

Agora, irá liderar o desafio de abrir as lojas físicas da varejista online, que anunciou em maio do ano passado planos de abrir 100 pontos de venda em três anos.

Atualmente a companhia tem 400 funcionários, 140 mil assinantes e alcançou um faturamento de 400 milhões de reais em 2017. Ao contrário de muitas empresas de comércio eletrônico, ela é lucrativa há anos, por contar com a recorrência dos consumidores.

A ambição é chegar a 1 milhão de consumidores, com a ajuda de uma nova modalidade de assinatura. O novo serviço é inspirado no Amazon Prime, clube de vantagens da gigante do varejo que tem hoje impressionantes 85 milhões de assinantes. No Wine Prime, o assinante paga uma taxa de R$ 14,90 e passa a ter direito a frete grátis e desconto de 15% nos produtos. Só não recebe as garrafas de vinho, que podem ser adquiridas individualmente ou em assinaturas que vão de R$ 70 a R$ 280.

O plano de expansão não é o único desafio do novo presidente. Instabilidade do mercado e novos concorrentes também estão entre os obstáculos que deverá enfrentar.

O setor de vinhos é afetado tanto pela variação cambial quanto pelas mudanças climáticas, que alteram a produção global da bebida. Essa instabilidade abalou um de seus principais concorrentes no ramo online, a Evino. A queda de 15% na safra da Europa, no ano passado, fez os custos aumentarem para a companhia e seu faturamento, cair. A empresa precisou enxugar sua operação em quase 20% e passou a focar na rentabilidade, ao invés de no faturamento.

A Wine ganhou recentemente um novo concorrente, a rede varejista Pão de Açúcar. Em dezembro, ela lançou uma loja física, um aplicativo e um site dedicados a vinhos, o Pão de Açúcar Adega. Os vinhos são uma categoria importante para a rede e representam cerca de 4% a 5% do total de vendas. A rede deve vender 12 milhões de garrafas esse ano, crescimento de 10% em relação ao ano passado.

História

Rogério Salume nem sempre sonhou em vender vinhos. Há 17 anos, gerenciava vendas de secos e molhados para uma empresa de Vitória e distribuía itens como bacalhau, azeitonas e azeites. Quando o proprietário da empresa chegou de uma viagem ao Chile, trouxe na mala duas garrafas de vinho que mudariam a vida do então vendedor.

"Não entendia nada de vinho. Experimentei alguns, comprei uns livros e passei a frequentar confrarias para entender aquele universo", disse ele em entrevista a EXAME PME, em 2015. Após o fechamento da empresa em que trabalhava, passou a vender diretamente para restaurantes.

Criou o primeiro site para vendas de vinho em 2004, ao lado do sócio Anselmo Endlich. O contato com o cliente era pelo telefone e a promessa era entregar vinho a qualquer hora do dia, mesmo que isso significasse sair da cama de madrugada. Desde o início, o objetivo do negócio era democratizar o consumo de vinho, para que consumidores entendessem que não é um problema tomar vinho no copo de geleia ou com misto-quente.

Em 2008, ele criou a Wine, que comandou por dez anos. Para a próxima década, a companhia continuará enfrentando muitos desafios para brindar os bons resultados.

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