Com coronavírus, Disney prevê perda de US$ 175 milhões em parques
Disney não espera diminuição de visitantes da Ásia em seus parques nos Estados Unidos e prevê impacto nos negócios
Agência O Globo
Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 13h28.
Pequim - A Nike e a Disney estão contabilizando os reflexos da epidemia do novo coronavírus em seus negócios. A Disney prevê perdas de cerca de US$ 175 milhões em seus parques temáticos, enquanto a fabricante de material esportivo americana fechou metade de suas lojas e admitiu que o novo vírus terá um forte impacto em suas operações na China.
Christine McCarthy, diretora financeira da Disney, afirmou, durante teleconferência sobre resultados na terça-feira, que a empresa prevê um impacto de US$ 135 milhões no lucro operacional do parque de Xangai no segundo trimestre e de US$ 40 milhões no de Hong Kong, caso estes permaneçam fechados por dois meses por causa do coronavírus.
"O fechamento atual está ocorrendo durante o trimestre em que normalmente vemos altos níveis de presença e ocupação devido ao período do feriado do Ano Novo Chinês", disse Christine McCarthy, diretora financeira da Disney, durante uma teleconferência de resultados na terça-feira.
"A magnitude exata do impacto financeiro depende muito da duração dos fechamentos dos parques e da rapidez com que conseguiremos retomar as operações normais", acrescentou a executiva.
A Disney já havia divulgado que seu parque em Hong Kong estava com baixo desempenho devido aos protestos registrados na região desde o ano passado.
Somando o coronavírus e a agitação em Hong Kong, a receita operacional do parque deverá diminuir em US$ 145 milhões no segundo trimestre. No último trimestre de 2019, o lucro operacional no parque de Hong Kong caiu US$ 55 milhões.
Reflexo nos parques nos EUA
De acordo com a diretora financeira, a Disney não espera uma diminuição de visitantes da Ásia em seus parques nos Estados Unidos. Christine disse que o mercado asiático não é tão relevante em termos de visitação aos parques americanos em comparação com países como Canadá, México, Austrália e Reino Unido.
Os resultados mais baixos em seus parques e resorts internacionais prejudicaram o desempenho fiscal do primeiro trimestre da Disney, mas foram compensados pelo forte crescimento nos negócios nos Estados Unidos.
Nos EUA, a abertura de novos parques e atrações, incluindo o parque 'Star Wars: Galaxy's Edge' e o brinquedo 'Rise of the Resistance', em Orlando, na Flórida, deram um impulso aos resultados financeiros.
A receita no segmento de Parques, Experiência e Produtos da Disney aumentou 8% em relação ao ano anterior, para US$ 7,4 bilhões, enquanto a receita operacional aumentou 9%, atingindo US$ 2,3 bilhões.
Lojas fechadas e horários reduzidos
Nike, por sua vez, disse que, devido à epidemia do coronavírus, fechou metade de suas lojas na China, e as que continuam abertas estão operando com horário reduzido - já que as lojas estão "experimentando um tráfego de clientes menor que o planejado".
"Essa situação não foi contemplada no momento em que fornecemos as previsões para o terceiro trimestre durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre do ano fiscal de 2020", disse a empresa em comunicado divulgado após o fechamento do mercado na terça-feira.
"A dinâmica continua a evoluir e, portanto, forneceremos uma atualização sobre os impactos operacionais e financeiros em nossa divulgação de ganhos no terceiro trimestre".
Em nota, o CEO da Nike, John Donahoe, afirmou que ''antes de tudo, nossos pensamentos estão com as pessoas afetadas e continuamos focados na saúde e segurança de nossos colegas e parceiros.
"Apesar dessa situação difícil, a oportunidade de longo prazo da Nike de continuar atendendo os consumidores na Grande China com inspiração e inovação permanece extremamente forte", continuou Donahoe, mantendo-se otimista.
"Ao mesmo tempo, continuamos a ter um impulso extraordinário de marca e negócios em todas as outras regiões".
Apple, Starbucks e McDonald's, entre outras empresas, também anunciaram o fechamento de suas lojas na China. Dezenas de empresas aéreas suspenderam seus voos de e para cidades chinesas e também para Hong Kong. Na terça-feira, a Hyundai, maior montadora da Coreia do Sul , interrompeu a produção em uma de suas linhas de montagem no país asiático.
Com o rápido avanço do surto do novo coronavírus, outras empresas fecharam lojas ou adotaram trabalho remoto na China, como a Alibaba, para evitar infecção. Facebook, LG, HSBC e Vale, por sua vez, suspenderam viagens de negócios para o país. A brasileira Petrobras decidiu retirar seus funcionários da China em meio a epidemia do coronavírus.