Com boicote dos EUA, Huawei diz que vai lutar por sobrevivência em 2020
O ano de 2019 foi difícil para o celular número dois do mundo porque o governo Trump proibiu que as empresas americanas vendessem equipamentos para a Huawei
AFP
Publicado em 31 de dezembro de 2019 às 14h11.
A Huawei , que está na lista negra dos Estados Unidos, gerará um faturamento menor do que o esperado em 2019 e em 2020 dará prioridade a sua "sobrevivência", afirmou nesta terça-feira a gigante chinesa de telecomunicações.
O grupo, que Washington acusa de possível espionagem em benefício de Pequim, espera para 2019 um faturamento de 850 bilhões de iuanes (109 bilhões de euros, 121 bilhões de dólares), ou seja, um aumento de aproximadamente 18% em relação ao ano anterior, conforme afirma em sua mensagem de Ano Novo Eric Xu, que ocupa a presidência rotativa da Huawei.
"Esses números são inferiores às nossas previsões iniciais", reconheceu, denunciando os esforços dos Estados Unidos paraesmagar a empresa.
"No entanto, o negócio continua forte e resistimos às adversidades", acrescentou Xu.
O ano de 2019 foi difícil para o celular número dois do mundo porque o governo Trump proibiu que as empresas americanas vendessem equipamentos para a Huawei.
A gigante chinesa está, portanto, fora do acesso ao sistema operacional Android do Google, o que a expõe a não poder oferecer aplicativos muito populares aos seus clientes.
Nesse contexto, "a sobrevivência será nossa principal prioridade", disse Eric Xu.
Um ano difícil
"Em 2020, continuaremos na lista negra dos Estados Unidos. ... Será um ano difícil para nós", alertou.
"O governo dos Estados Unidos continuará a combater o desenvolvimento de tecnologia de ponta".
Diante do desafio americano, "devemos aumentar a diversidade de nossa cadeia de suprimentos, essencial para nossa segurança", explicou.
"Qualquer risco ao bom funcionamento do negócio deve ser considerado uma questão de vida ou morte", alertou ainda.
É improvável que em 2020 a pressão dos Estados Unidos sobre a Huawei relaxe devido ao contexto de rivalidade com a China "pelo controle tecnológico global", disse à AFP Kenny Liew, analista da Fitch Solutions.
Como consequência, a Huawei deve confiar mais no mercado chinês para estimular o crescimento, acredita Liew.
A mensagem da direção da empresa é acompanhada de um aviso aos funcionários.
"Vamos afastar rapidamente os chefes medíocres", um destino que afeta 10% dos gerentes com desempenho inferior a cada ano, disse ele.
As equipes que não contribuírem o suficiente para a competitividade serão "mescladas ou reduzidas".
A Huawei é considerada líder mundial em dispositivos 5G, a quinta geração de internet móvel.
Washington teme que o regime comunista chinês controle futuras redes globais através da Huawei.
O governo Trump pressiona seus aliados para convencê-los a parar de cooperar com a Huawei.
O grupo chinês foi fundado por um ex-engenheiro do exército chinês, cuja filha, Meng Wanzhou, diretor financeiro da Huawei, está em prisão domiciliar no Canadá e espera ser extraditada para os Estados Unidos, que suspeita que ela violou um embargo contra o Irã.