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Coleção de Preta Gil reforça a aposta da C&A em parcerias com famosos

De estilistas badalados a artistas, rede não poupa munição na briga com os concorrentes

Preta Gil: inspiração para linha de roupas plus size na C&A (Divulgação)

Preta Gil: inspiração para linha de roupas plus size na C&A (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2012 às 08h00.

São Paulo – Preta Gil será a celebridade por trás de uma nova coleção na C&A. A parceria dará foco aos tamanhos maiores: serão 35 peças com manequim 46 a 54. Com o nome "Special for you Preta Gil", a linha plus size chegará às lojas em julho.

Não é a primeira vez que a C&A se associa a grandes nomes para carimbar suas roupas e acessórios. A cartada foi dada pela primeira vez em 2005, com itens assinados por Walter Rodrigues, Marcelo Sommer e Raia de Goeye. Abandonado por alguns anos, o projeto voltou à baila em 2009 e continuou a todo vapor. Na lista de marcas que já apareceram na loja estão Carina Duek, Glória Coelho, Maria Bonita Extra, Espaço Fashion e Isabela Capeto. As cantoras Christina Aguilera e Beyonce também marcaram presença.

Embora a empresa não comente investimentos ou previsões de negócios, não é difícil imaginar que o retorno de empreitadas como essa seja traduzido em caixa. "Você passa a vender os produtos ligados à personalidade ou grife, atrai pessoas para a sua loja e consegue incutir o conceito que o seu negócio, mesmo massificado, é cool e bacana", afirma Amnon Armoni, coordenador em gestão e estratégia de moda da FAAP.

Só em 2012, a C&A já vestiu suas araras com uma releitura das peças de maior sucesso da marca carioca Maria Filó, promoveu mais um lançamento da top Gisele Bündchen, e voltou os olhos para os meninos, tendo o cantor Fiuk à frente de uma coleção inspirada em si mesmo. Para Armoni, a C&A teria conseguido a façanha de se firmar como uma empresa que une moda e preço baixo com uma estratégia acertada e agressiva de comunicação, que inclui, é claro, a boa gestão dessas parcerias.

Com unidades em mais de 60 cidades no país, a empresa, que não divulga oficialmente seus números, é líder no segmento. Com faturamento de 709,3 milhões no primeiro trimestre do ano, a Renner aparece em segundo lugar da lista. Riachuelo vem em seguida, com 671,5 milhões.

Parceria como negócio

Juntas, as três empresas detém menos de 10% do varejo têxtil no Brasil. Em um mercado tão pulverizado, a introdução de parcerias de peso se consolida como uma arma das grandes lojas de departamento para conquistar cada vez mais clientes.

A Riachuelo foi pioneira ao se unir ao estilista Fause Haten em 2001. Depois de um hiato considerável, turbinou esforços para emplacar coleções mais populares da Osklen e da Cris Barros no ano passado. Para o próximo Dia dos Namorados, a fast fashion apostará na parceria com Martha Medeiros e Zapälla.


Na opinião de Marcos Hiller, da escola de negócios Trevisan, a associação a conhecidos da moda – e também do mundo das celebridades – confere uma exposição positiva às lojas, que passam a ser frequentadas por pessoas que não as incluíam no seu roteiro de compras.

Conquistar os consumidores com mais dinheiro no bolso não deixa de ter sua importância para as grandes varejistas. Segundo o Ibope Inteligência, em 2012 a classe B deverá responder pelo maior desembolso com roupas no país: 46,4 bilhões de reais, apesar de representar apenas 24,4% dos domicílios brasileiros.

Pioneiros

Lá fora, outras empresas foram bem sucedidas ao adotar a mesma estratégia há mais tempo. Em 2004, a fast fashion sueca H&M fez história ao lançar uma coleção assinada por Karl Lagerfeld, mundialmente conhecida por suas criações na Chanel. Alguns críticos rechaçaram a proposta, afirmando que ela banalizaria o luxo representado pela maison francesa. Expostas nas vitrines de 20 lojas europeias e nos Estados Unidos, as roupas da H&M acabaram em questão de horas.

Mais tarde, foram parar em leilões virtuais por preços inflacionados. A ideia de exclusividade da marca manteve-se intacta – ainda que por alguns instantes ela tenha ficado mais acessível aos pobres mortais. A partir de então, a parceria tornou-se uma estratégia para alavancar vendas e promover as grandes lojas de departamento no exterior. A própria H&M produziu coleções assinadas por gente do calibre da cantora Madonna. A britânica Topshop e a japonesa Uniqlo seguiram a mesma toada.

Elio França, diretor de marketing da C&A reforça que esta foi a forma encontrada pela empresa de oferecer moda “com alta percepção de valor” no Brasil. A resposta do público, reitera, não deixa a desejar. E isso apesar do valor médio das peças ser consideravelmente mais alto.

Em março do ano passado, a estilista britânica Stella McCartney, filha do ex-Beatle de mesmo sobrenome, comandou a criação de uma linha especial para a C&A no Brasil com casaquinhos que chegavam a 499 reais. As etiquetas mais salgadas não foram suficientes para afastar as consumidoras. Pelo contrário. “Vimos gente em filas de uma, duas horas”, diz França.

Hoje, a C&A conta com mais de 200 lojas espalhadas pelo país. Como as peças das coleções especiais não chegam a todas elas, já que o abastecimento prioriza as unidades frequentadas por um público de maior poder aquisitivo, a empresa comercializa os produtos que nascem das parcerias na internet. O e-commerce da marca, vale lembrar, só funciona nesses momentos. Uma prova de que há demanda por peças mais caras em lojas que sempre foram associadas ao preço baixo.

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