Coach, Kate Spade e Tiffany querem o consumidor paulista
Antes da vinda das empresas até São Paulo, o consumidor de luxo tinha que viajar para lugares como Nova York e Miami
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2012 às 12h03.
Washington/São Paulo - Durante anos, os brasileiros que queriam comprar uma bolsa da Coach ou diamantes da Tiffany tinha que viajar para lugares como Nova York e Miami. Agora os produtos de luxo americanos vêm até o país.
A Coach Inc., maior fabricante de bolsas de luxo dos EUA, abriu no mês passado em São Paulo sua primeira loja na América do Sul, está prestes a abrir a segunda e de olho em outros 10 shopping centers. A Tiffany & Co., segunda maior joalheria de luxo do mundo, está dobrando suas três lojas no país e expandindo para além de São Paulo. As marcas Kate Spade e Juicy Couture, da Liz Claiborne Inc. e a Tory Burch LLC também estão presentes.
“Depois que a riqueza se estabelece em uma economia, leva um certo tempo para se estudar o mercado e se sentir à vontade para abrir lojas locais”, disse David Schick, analista da Stifel Nicolaus & Co. em Baltimore. “O Brasil está aqui, o Brasil é significativo. Você ouve em conversas sobre luxo.”
No ano passado, as vendas de luxo no país cresceram 20 por cento para 2,3 bilhões de euros (R$ 5,9 bilhões), segundo a Bain & Co., consultoria com sede em Boston. O investimento das marcas de luxo no Brasil também cresceu 20 por cento para US$ 858 milhões (R$ 1,71 bilhão), disse Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria e Conhecimento, com sede São Paulo. A força do mercado de luxo no país se contrasta com o ritmo moderado dos EUA, a desaceleração em alguns países da Europa e o ritmo menos acelerado de crescimento das vendas na China.
O Produto Interno Bruto vai se expandir 3,5 por cento em 2012 em comparação com o crescimento de 2,7 por cento no ano passado, disse o Banco Central em março. As maiores descobertas de petróleo das Américas nas últimas três décadas, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 estão gerando emprego e renda.
Milhões de turistas
Marcas de luxo europeias como Louis Vuitton e Cartier vendem no Brasil há anos. A Tiffany e a Coach acordaram para o potencial do mercado brasileiro ao verem 1 milhão de turistas brasileiros visitando os Estados Unidos todo ano e gastando milhares de dólares em lojas americanas de produtos de primeiríssima linha.
Enquanto isso, incorporadoras de shopping centers no Brasil estão abrindo empreendimentos mais luxuosos, como o Cidade Jardim São Paulo, onde brasileiros bem de vida passeiam por butiques, saboreiam vinho espumante e sanduíches de salmão no café do cinema e podem até comprar helicópteros e barcos no piso superior.
A inauguração do JK Iguatemi em São Paulo em 19 de abril foi adiada enquanto os proprietários aguardam licenças para construir vias capazes de lidar com o tráfego gerado pelos 20.000 visitantes por dia esperados.
"Mais exigentes"
“Há uma mudança entre os consumidores no Brasil”, disse Luciano Rodembusch, vice-presidente da Tiffany para América Latina. “Eles estão buscando muito mais a qualidade, se tornando mais exigentes. Para uma marca como a nossa, este é um ótimo momento.”
Os brasileiros gostam o suficiente de luxos estrangeiros para pagar impostos que podem levar o preço de uma glamourosa bolsa de couro Poppy em São Paulo para R$ 998 (US$ 523), comparado a US$ 298 em Nova York. A Tiffany e a Coach tentam aliviar o choque causado pelos preços oferecendo parcelamento, uma prática incomum entre as marcas de luxo fora do Brasil.
No mês passado, a arquiteta curitibana Viviane Tabalipa levava a tiracolo uma bolsa Michael Kors enquanto carregava duas sacolas da Armani Exchange no Morumbi Shopping, em São Paulo.
Poder de compra
“O poder de compra dos brasileiros aumentou bastante”, disse ela. “Então a gente se dá ao luxo de ter uma coisinha ou outra.”
Ainda que Viviane esteja planejando uma viagem com a filha, a irmã e a sobrinha para fazer compras em Nova York em julho, ela diz que gosta de encontrar o que quer mais perto de casa.
Quando a parceira de distribuição da Coach, a Aste Group, abriu sua primeira loja brasileira da marca no Morumbi Shopping recebeu “excelente resposta dos consumidores”, disse o presidente da Coach, Lew Frankfort, durante teleconferência com analistas em 24 de abril.
Frankfort, 66, disse que visitou “oito ou dez” shopping centers quando foi ao Brasil pela primeira vez, em novembro do ano passado. Ele disse a analistas na semana seguinte que todos são candidatos a receber a Coach, sediada em Nova York.
"Muito animado"
“Estou muito animado com o Brasil”, disse Frankfort. “Eu vejo o Brasil como um país de otimismo, um país de possibilidades. De muitas maneiras, me lembra dos Estados Unidos, especialmente há 20 ou 30 anos atrás.”
A Tiffany, também sediada em Nova York, inaugurou uma loja em Brasília em outubro e pretende abrir uma no Rio de Janeiro em novembro e outra em Curitiba em 2013, de acordo com Rodembusch. A empresa, que já tem duas lojas em São Paulo, também estuda uma em Recife, segundo o executivo.
Apesar de a forte demanda de turistas brasileiros nos Estados Unidos ter estimulado a joalheria a buscar esse consumidor em casa, a Tiffany também espera que sua expansão no mercado brasileiro aumente o reconhecimento da marca e convença mais brasileiros a comprar seus produtos durante viagens, disse ele.
“A Tiffany tem o benefício de ser uma marca global, que pode atender o consumidor nas duas pontas”, disse ele.
Washington/São Paulo - Durante anos, os brasileiros que queriam comprar uma bolsa da Coach ou diamantes da Tiffany tinha que viajar para lugares como Nova York e Miami. Agora os produtos de luxo americanos vêm até o país.
A Coach Inc., maior fabricante de bolsas de luxo dos EUA, abriu no mês passado em São Paulo sua primeira loja na América do Sul, está prestes a abrir a segunda e de olho em outros 10 shopping centers. A Tiffany & Co., segunda maior joalheria de luxo do mundo, está dobrando suas três lojas no país e expandindo para além de São Paulo. As marcas Kate Spade e Juicy Couture, da Liz Claiborne Inc. e a Tory Burch LLC também estão presentes.
“Depois que a riqueza se estabelece em uma economia, leva um certo tempo para se estudar o mercado e se sentir à vontade para abrir lojas locais”, disse David Schick, analista da Stifel Nicolaus & Co. em Baltimore. “O Brasil está aqui, o Brasil é significativo. Você ouve em conversas sobre luxo.”
No ano passado, as vendas de luxo no país cresceram 20 por cento para 2,3 bilhões de euros (R$ 5,9 bilhões), segundo a Bain & Co., consultoria com sede em Boston. O investimento das marcas de luxo no Brasil também cresceu 20 por cento para US$ 858 milhões (R$ 1,71 bilhão), disse Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria e Conhecimento, com sede São Paulo. A força do mercado de luxo no país se contrasta com o ritmo moderado dos EUA, a desaceleração em alguns países da Europa e o ritmo menos acelerado de crescimento das vendas na China.
O Produto Interno Bruto vai se expandir 3,5 por cento em 2012 em comparação com o crescimento de 2,7 por cento no ano passado, disse o Banco Central em março. As maiores descobertas de petróleo das Américas nas últimas três décadas, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 estão gerando emprego e renda.
Milhões de turistas
Marcas de luxo europeias como Louis Vuitton e Cartier vendem no Brasil há anos. A Tiffany e a Coach acordaram para o potencial do mercado brasileiro ao verem 1 milhão de turistas brasileiros visitando os Estados Unidos todo ano e gastando milhares de dólares em lojas americanas de produtos de primeiríssima linha.
Enquanto isso, incorporadoras de shopping centers no Brasil estão abrindo empreendimentos mais luxuosos, como o Cidade Jardim São Paulo, onde brasileiros bem de vida passeiam por butiques, saboreiam vinho espumante e sanduíches de salmão no café do cinema e podem até comprar helicópteros e barcos no piso superior.
A inauguração do JK Iguatemi em São Paulo em 19 de abril foi adiada enquanto os proprietários aguardam licenças para construir vias capazes de lidar com o tráfego gerado pelos 20.000 visitantes por dia esperados.
"Mais exigentes"
“Há uma mudança entre os consumidores no Brasil”, disse Luciano Rodembusch, vice-presidente da Tiffany para América Latina. “Eles estão buscando muito mais a qualidade, se tornando mais exigentes. Para uma marca como a nossa, este é um ótimo momento.”
Os brasileiros gostam o suficiente de luxos estrangeiros para pagar impostos que podem levar o preço de uma glamourosa bolsa de couro Poppy em São Paulo para R$ 998 (US$ 523), comparado a US$ 298 em Nova York. A Tiffany e a Coach tentam aliviar o choque causado pelos preços oferecendo parcelamento, uma prática incomum entre as marcas de luxo fora do Brasil.
No mês passado, a arquiteta curitibana Viviane Tabalipa levava a tiracolo uma bolsa Michael Kors enquanto carregava duas sacolas da Armani Exchange no Morumbi Shopping, em São Paulo.
Poder de compra
“O poder de compra dos brasileiros aumentou bastante”, disse ela. “Então a gente se dá ao luxo de ter uma coisinha ou outra.”
Ainda que Viviane esteja planejando uma viagem com a filha, a irmã e a sobrinha para fazer compras em Nova York em julho, ela diz que gosta de encontrar o que quer mais perto de casa.
Quando a parceira de distribuição da Coach, a Aste Group, abriu sua primeira loja brasileira da marca no Morumbi Shopping recebeu “excelente resposta dos consumidores”, disse o presidente da Coach, Lew Frankfort, durante teleconferência com analistas em 24 de abril.
Frankfort, 66, disse que visitou “oito ou dez” shopping centers quando foi ao Brasil pela primeira vez, em novembro do ano passado. Ele disse a analistas na semana seguinte que todos são candidatos a receber a Coach, sediada em Nova York.
"Muito animado"
“Estou muito animado com o Brasil”, disse Frankfort. “Eu vejo o Brasil como um país de otimismo, um país de possibilidades. De muitas maneiras, me lembra dos Estados Unidos, especialmente há 20 ou 30 anos atrás.”
A Tiffany, também sediada em Nova York, inaugurou uma loja em Brasília em outubro e pretende abrir uma no Rio de Janeiro em novembro e outra em Curitiba em 2013, de acordo com Rodembusch. A empresa, que já tem duas lojas em São Paulo, também estuda uma em Recife, segundo o executivo.
Apesar de a forte demanda de turistas brasileiros nos Estados Unidos ter estimulado a joalheria a buscar esse consumidor em casa, a Tiffany também espera que sua expansão no mercado brasileiro aumente o reconhecimento da marca e convença mais brasileiros a comprar seus produtos durante viagens, disse ele.
“A Tiffany tem o benefício de ser uma marca global, que pode atender o consumidor nas duas pontas”, disse ele.