Negócios

Clubes brasileiros quase não cresceram em 2015, diz pesquisa

O cenário é dos clubes repetindo velhos erros administrativos e ainda longe de atingir o equilíbrio financeiro


	Caixa dos clubes permanece no 0X0: o cenário é dos clubes repetindo velhos erros administrativos e ainda longe de atingir o equilíbrio financeiro
 (Thinkstock/Fuse)

Caixa dos clubes permanece no 0X0: o cenário é dos clubes repetindo velhos erros administrativos e ainda longe de atingir o equilíbrio financeiro (Thinkstock/Fuse)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de março de 2016 às 11h34.

São Paulo - O faturamento dos principais clubes do futebol brasileiro teve crescimento estimado de 12% em 2015.

Depois de descontada a inflação oficial do ano (IPCA) de 10,67%, o quadro é praticamente de estabilidade. Além do resultado financeiro, de maneira geral, o cenário é dos clubes repetindo velhos erros administrativos e ainda longe de atingir o equilíbrio financeiro.

Levantamento do Itaú BBA com base em vários balanços intermediários e dados como orçamento, arrecadação e valores de contratos comerciais projetam receita conjunta dos clubes que foram alvo do estudo de aproximadamente R$ 2,58 bilhões no ano passado, contra cerca de R$ 2,32 bilhões em 2014. Mas esse aumento não é tão bom quanto possa parecer.

"Crescimento de 12% num ano de crise a princípio parece bom. Mas se descontarmos 10% de inflação, temos crescimento real de 2%, que é praticamente nada", diz César Grafietti, superintendente de crédito do Itaú BBA e responsável pelo estudo.

Esse crescimento se deu por conta dos programas de sócio-torcedor, aumento de bilheteria e ajuste nas receitas de TV. Mas, sobretudo, por um fator bastante importante: a venda de jogadores, principalmente para o exterior.

"Ajudou nesse crescimento. Com os dólar beirando os R$ 4 reais no ano passado, qualquer venda gerou um aumento de 50% do valor esperado pela negociação do atleta."

BONS EXEMPLOS - Os clubes brasileiros, na visão do analista, continuam cometendo velhos pecados. E os caso daqueles que fazem contratações de atletas por altos valores, para satisfazer a torcida e tentar conquistar títulos, mesmo tendo dívidas gigantescas. Mas há duas exceções: Palmeiras e Flamengo.

Na definição de Grafietti, ambos fizeram o "dever de casa" nos últimos anos. "Os dois se destacam positivamente. O Flamengo conseguiu reduzir custos e aumentar receita e entra em 2016 em posição favorável." Ele diz que o rubro-negro já começa a sentir os reflexos positivos dessa reestruturação. O Palmeiras também saneou as finanças, teve crescimento de receitas, o que lhe dá condição de fazer investimentos.

Reflexo disso é que o Palmeiras aparece como o clube com maior faturamento projetado (R$ 322 milhões), seguido do Flamengo, com R$ 305 milhões (leia arte ao lado). "O Palmeiras equacionou suas dívidas de curto prazo e isso permite planejar melhor o futuro. Não estamos nadando em dinheiro, mas conseguimos andar com as próprias pernas", disse o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre.

Paulo Dutra, diretor financeiro do Flamengo, afirma que o aperfeiçoamento da gestão é prioridade. "O Flamengo espera nos próximos anos melhoria no seu fluxo de caixa em função da redução de penhoras de ações judiciais cíveis e trabalhistas. Com isto poderá cada vez mais investir na sua atividade principal (futebol), mantendo um nível de alavancagem em linha com suas receitas."

Mas, se o faturamento geral aumentou, as despesas também tiveram um salto em 2015: atingiram R$ 2,34 bilhões, aumento de 6% em relação a 2014. Um dos fatores, diz Grafietti, é que os clubes vivem "no limite da responsabilidade", investindo mesmo sem poder.

"O Atlético-MG gasta muito mais do que arrecada e está sempre tendo de procurar uma fonte externa para fechar as suas contas."

Acompanhe tudo sobre:EsportesEstatísticasFutebolIndicadores econômicosInflaçãoIPCA

Mais de Negócios

Black Friday tem maquininha com 88% de desconto e cashback na contratação de serviços

Início humilde, fortuna bilionária: o primeiro emprego dos mais ricos do mundo

A Lego tinha uma dívida de US$ 238 milhões – mas fugiu da falência com apenas uma nova estratégia

Jovens de 20 anos pegaram US$ 9 mil dos pais para abrir uma startup — agora ela gera US$ 1 milhão