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Clima: WayCarbon lança avaliação de risco para bancos de desenvolvimento

Na COP26, a Conferência das Partes, a brasileira WayCarbon lança solução que será disponibilizada gratuitamente para bancos de desenvolvimento. Projeto foi em parceria com UK PACT

WayCarbon desenvolve solução de avaliação de risco climático para bancos de desenvolvimento  (Ezra Bailey/Getty Images)

WayCarbon desenvolve solução de avaliação de risco climático para bancos de desenvolvimento (Ezra Bailey/Getty Images)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 13 de novembro de 2021 às 15h00.

Última atualização em 13 de novembro de 2021 às 15h21.

De Glasgow, na Escócia*

A consultoria de clima WayCarbon lançou, durante a COP26, a Conferência das Partes, o escopo do projeto Mainstreaming Climate Risk Assessment in Credit Operations of Brazilian Development Banks, que visa a criação de uma ferramenta para apoiar os bancos de desenvolvimento nas análises financeiras levando em conta o fator de risco climático.

Inédito por conta da proposta de consolidação do risco climático a partir dos componentes físicos (relativos à mudanças nos padrões climáticos e ocorrência de eventos extremos) e de transição (relativos à necessidade de adaptação estrutural de um determinado segmento para a transição a uma economia de baixo carbono), o projeto recebeu 486 mil libras do UK PACT, um programa do International Climate Finance (ICF), que destinará 60 milhões de libras para projetos que visam endereçar os desafios da mudança do clima.

A contrapartida deve ser disponibilizado gratuitamente para os bancos de desenvolvimento após o lançamento, previsto para junho de 2022.

O projeto viabilizará a avaliação dos principais riscos climáticos por parte dos bancos de desenvolvimento em operações de crédito variadas de duas maneiras: a primeira é o desenvolvimento do framework de análise de alto nível de riscos físicos e de transição e, a segunda, o desenvolvimento da ferramenta aplicada para análise de cenários e testes de estresse relevantes para setores-chave.

A primeira instituição beneficiada será o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, que está apoiando a consultoria no desenvolvimento do piloto, para a identificação de boas práticas de governança para integração da avaliação do risco climático nos processos do banco, assim como no entendimento sobre metodologias de avaliação de risco de crédito aos setores de agro, energia e indústria.

“Entendemos o papel estruturante dos bancos de desenvolvimento na transição da nossa economia para o modelo sustentável e queremos, com esse framework, auxiliá-los a integrar a avaliação de riscos climáticos às suas práticas de avaliação financeira, apoiando-os no fomento a ações que capazes de aumentar a ambição climática e de reconstrução sócio-econômica após a pandemia de Covid-19”, diz Laura Albuquerque, gerente de finanças sustentáveis da WayCarbon.

Outra ideia é facilitar a prestação de contas ao Banco Central sobre o mapeamento de riscos climáticos nas operações ao . incluir uma Matriz de Risco Ambiental para orientar os bancos e confirmar a viabilidade de incorporar impactos ambientais e climáticos nos processos de concessão de crédito.

Será possível também prever novos requisitos para divulgação de informações sobre riscos sociais, ambientais e climáticos em uma fase que contempla aspectos qualitativos das recomendações e outra fase que estabelece a obrigatoriedade de divulgação de informações quantitativas.

Desenvolvimento

No Brasil, existem hoje mais de 30 Bancos de Desenvolvimento, Agências de Fomento, bancos cooperativos, assim como o Finep e Sebrae, que juntos, formam o Sistema Nacional de Fomento (SNF).

Dados do Banco Central apontam que as operações de crédito feitas por bancos de desenvolvimento e agências de fomento brasileiras somaram 1,78 tri em 2020, e demonstram a atuação das entidades do SNF como facilitadores de políticas públicas e meio de acesso para setores estruturais da economia.

Além disso, estima-se que dos 10 países mais afetados por eventos climáticos extremos de 1998 a 2017, oito eram países em desenvolvimento e os efeitos da mudança climática têm sido agravantes da desigualdade social, expondo a população de baixa renda a impactos adversos à saúde, insegurança alimentar, pobreza energética e perda de renda, por exemplo.

De acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, o atingimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030 depende de investimentos próximos de 3,6 trilhões de dólares.

Somando todos esses fatores à necessidade de uma retomada econômica após a pandemia da Covid-19, o SNF exercerá um papel para apoiar a economia nacional e delinear um protagonismo brasileiro nessas agendas.

Isso desenha um desafio estratégico para Bancos de Desenvolvimento brasileiros, de integrar a avaliação de riscos climáticos às diferentes esferas da sua gestão e operação, considerando desde aspectos de governança, engajamento de lideranças, atribuição de responsabilidades sobre a avaliação de riscos climáticos, até a efetiva integração de ferramentas e metodologias de avaliação desses riscos nas práticas de avaliação de risco de crédito.

Exame na COP26

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) é um tratado internacional com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

Uma das principais tarefas da COP é revisar as comunicações nacionais e os inventários de emissões apresentados por todos os países membros e, com base nessas informações, avaliar os progressos feitos e as medidas a serem tomadas.

Para além disto, líderes empresariais, sociedade civil e mais, se unem para discutir suas participações no tema. Neste cenário, a EXAME atua como parceira oficial da Rede Brasil do Pacto Global, da Organização das Nações Unidas.

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