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Chinesa BYD prevê dobrar produção de painéis solares no Brasil em 2020

A fabricante possui, desde 2017, uma fábrica de equipamentos fotovoltaicos em Campinas, interior de São Paulo

Instalação de placas solares: negócio vem crescendo no país (Thinkstock/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 2 de janeiro de 2020 às 14h43.

São Paulo - A fabricante chinesa BYD pretende ampliar de forma significativa a produção de painéis solares no Brasil neste ano, em um movimento guiado pelo otimismo com o mercado local e pela queda nos custos de componentes, disse à Reuters um executivo da companhia nesta quinta-feira, 02.

A BYD possui desde 2017 uma fábrica de equipamentos fotovoltaicos em Campinas, São Paulo, que concorre pela demanda de projetos brasileiros principalmente com uma unidade local da Canadian Solar e com produtos importados de fornecedores chineses como Trina Solar, Jinko e JA Solar.

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"Ainda não fechamos algumas coisas, mas basicamente estamos dobrando a produção em relação ao que tínhamos em 2019. A partir de 1° de fevereiro, nossa produção vai dobrar", afirmou Adalberto Maluf, diretor de marketing e sustentabilidade da BYD no Brasil.

Ele não abriu números, mas afirmou que a maior produção será viabilizada principalmente com aumento de equipes, sem grandes investimentos produtivos.

"Estávamos trabalhando com turno estendido, e agora serão dois turnos estendidos. Estamos dobrando a compra de insumos e aumentando em 50% os funcionários", acrescentou.

A aposta da BYD deve-se à expectativa de que as fábricas de painéis solares instaladas no Brasil alcancem juntas uma participação de 35% no mercado doméstico neste ano, contra 20% em 2019.

Esse aumento de participação deve ser possibilitado pela queda nos custos de insumos trazidos da China para montagem dos painéis, em meio a uma redução no acelerado ritmo de construção de parques solares pelos chineses.

A instalação de novas usinas fotovoltaicas na China em 2019 caiu ao menor ritmo em cinco anos, com 16 gigawatts adicionados entre janeiro e setembro - um terço do volume instalado em 2017.

Embora o número ainda impressione perto dos apenas 2,5 gigawatts em grandes usinas da fonte hoje em operação no Brasil, o menor volume deixou fabricantes com uma sobreoferta que reduziu preços e levou à busca por mercados para exportação.

"As células mais caras [de maior qualidade] caíram de preço. Então demos uma respirada, porque a partir de 2020 estamos trazendo insumos mais baratos. Estamos chegando em um preço mais próximo do [painel] importado, por isso resolvemos aumentar a produção", disse Maluf.

Uma resolução da Câmara de Comércio Exterior (Camex) brasileira, que em 31 de dezembro zerou impostos de importação para células solares, também ajudará no corte de custos, segundo ele.

Geração distribuída

O otimismo da BYD com o mercado brasileiro vem em momento em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) discute novas regras para as chamadas instalações de geração distribuída (GD) de eletricidade, tecnologia que tem ampliado espaço no país com a instalação por consumidores de placas fotovoltaicas em telhados ou grandes terrenos.

As instalações de GD já somam 2 gigawatts em capacidade, a maior parte de sistemas solares, o que levou o regulador a propor o corte no que considera como subsídios para essas instalações, um movimento que gerou forte reação de empresários do setor e até de políticos.

A resistência à mudança nas regras de remuneração de GD postergou as alterações e gerou expectativas de que a nova regulação a ser aprovada seja menos impactante para a tecnologia do que a proposta atualmente em debate, segundo Maluf.

"O setor respirou aliviado que [a mudança] foi jogada mais para a frente, então este ano ainda vai ter uma demanda importante", opinou ele.

O executivo também elogiou sinalizações de autoridades sobre possível ampliação do prazo para que as mudanças sejam aplicadas a instalações de GD já existentes.

O diretor da Aneel Rodrigo Limp, relator do processo sobre a regulação de GD na agência, disse à Reuters em novembro que esse prazo de transição para sistemas em operação pode ser ampliado em relação à proposta inicial, que prevê manter as regras atuais até 2030.

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