China vistoria frigoríficos brasileiros para aumentar importações
O surto de peste suína que afeta o país está obrigando a potência asiática a comprar mais carne de fora para abastecer seu mercado interno
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2019 às 06h46.
Última atualização em 19 de julho de 2019 às 07h23.
A China precisa comprar o que o Brasil está mais do que disposto a vender. Um mês após os produtores nacionais terem voltado a exportar carne bovina para a potência asiática, nesta sexta-feira, 19, autoridades sanitárias chinesas irão vistoriar frigoríficos brasileiros a fim de acelerar e aumentar o volume de importação de carne, bem cada vez mais disputado no país.
As exportações haviam sido interrompidas no início de junho após o registro de um caso atípico de vaca louca no estado do Mato Grosso,
Desde o ano passado, a China vem sacrificando boa parte de suas criações infectada com a chamada peste suína africana. Segundo uma estimativa recente feita pelo banco holandêsRabobank, até 200 milhões de porcos deverão morrer pela infecção ou ser abatidos. O número representa uma imensa parcela do total de animais criados no país, cerca de 360 milhões, de acordo o Rabobank.
Mais de 124 casos de peste suína já foram reportados à autoridades chinesas, que é acusada por membros da indústria de minimizar os danos reais da epidemia.
O país é o maior produtor de carne suína do mundo, e especialistas projetam uma queda de até 30% em 2019, o que vem forçando o aumento da importação de diversos tipos de proteína. Para o produtor de carne bovina Pedro Merola, o futuro das criações do país é imprevisível.
Segundo o Ministério da Agricultura brasileiro, uma lista com pelo menos 30 frigoríficos nacionais já foi apresentada à China para que mais produtores possam ser autorizados a exportar carne bovina, suína e de frango.
A pressa chinesa para importar proteína é tanta que a vistoria que o país fará nesta sexta-feira será realizada através de uma videoconferência com autoridades sanitárias brasileiras.
No cenário de turbulência para o mercado de carne asiática, lucram produtores de outras partes do mundo. Aqui no Brasil, a fabricante JBS reportou um lucro líquido de 1,1 bilhão de reais no primeiro trimestre, mais que o dobro do registrado em igual período do ano anterior.
As ações da companhia dobraram de valor em 2019. A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, valorizou 50%, mesmo em meio a renitente uma crise de gestão interna. Se os chineses comprarem ainda mais carne do Brasil, o bom momento das produtoras de carne do país deve continuar.