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China recusa navios e mostra erro de US$ 2,3 bilhões da Vale

O maior cargueiro de commodity da empresa foi recusado pelos clientes. Embarcação ainda não percorreu o trajeto nenhuma vez

A Vale, maior produtora de minério de ferro no mundo, embarca cerca de 45% de suas vendas para a China, maior consumidor da matéria-prima siderúrgica (Divulgação)

A Vale, maior produtora de minério de ferro no mundo, embarca cerca de 45% de suas vendas para a China, maior consumidor da matéria-prima siderúrgica (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2011 às 09h29.

Hong Kong/Xangai - O Vale Brasil, maior cargueiro de commodity já construído, foi projetado para transportar minério de ferro da América do Sul para a China. Após seis meses em operação, ele ainda não percorreu esse trajeto nenhuma vez.

A recusa da China em receber o Vale Brasil tem dificultado o plano da Vale SA de assumir o controle dos embarques para seu maior cliente ao construir uma frota de 35 embarcações, cada uma quase tão grande quanto a torre do Bank of America em Nova York. A Vale, maior produtora de minério de ferro no mundo, embarca cerca de 45 por cento de suas vendas para a China, maior consumidor da matéria-prima siderúrgica.

O plano da Vale, que inclui a compra de 19 embarcações por US$ 2,3 bilhões, estimulou a oposição dos transportadores chineses, que disseram que isso vai piorar o excesso de capacidade, baixando as taxas de frete e causando prejuízos ao setor. As siderúrgicas também tendem a se mostrar contrárias ao plano porque os navios dão à Vale mais controle sobre os custos e entregas, disse Chang Tao, analista da China Merchants Securities Co.

“Ninguém na China quer que a frota da Vale venha”, disse ele.

A mineradora terá dificuldades para buscar usos alternativos aos navios já que nenhum outro mercado é tão grande, disse ele. A Vale também terá dificuldade em desistir das encomendas dos navios ou cancelar contratos de leasing sem pagar “multas bastante altas”, disse Ralph Leszczynski, chefe de pesquisa da Banchero Costa & Co. em Pequim.

“Estou quase certo de que a Vale já percebeu que cometeu um grande erro”, disse ele. “Achei realmente incrível eles comprometerem tanto dinheiro nesse projeto sem primeiro obter garantias por escrito do lado chinês de que eles poderiam usar os navios.”

Daewoo e Rongsheng

A assessoria de imprensa da Vale no Rio e Janeiro se negou a fazer comentários. A mineradora está comprando embarcações da China Rongsheng Heavy Industries Group Holdings Ltd. e da Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co. Ela também vai alugar oito navios da STX Pan Ocean Co. num acordo de US$ 5,8 bilhões válido por 25 anos, segundo comunicados de 2009 da empresa sul coreana.

O então presidente da Vale, Roger Agnelli, fechou acordos para os cargueiros com o objetivo de reduzir a dependência dos transportadores e dos riscos de mudanças nas custos de frete. O índice Baltic Dry, referencial para as taxas de frete de commodity, flutuou mais de 40 por cento em bases anuais entre 2001 e 2010, com exceção de um ano.

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