Negócios

Cemig pode revender participação na Terna

Operação anima mercado ao sinalizar que estatal pode não arcar sozinha com custos da aquisição

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) deve reduzir sua participação no controle da italiana Terna Participações, holding responsável pela transmissão de energia em 11 estados brasileiros. A estata mineira deve ficar com 50% menos uma ação ordinária mediante parceria com o fundo Coliseu.

Administrado pelo Banco Modal, esse fundo também vai ficar com 100% dos papéis preferenciais da Terna. A operação agradou o mercado. Às 14h, as ações preferenciais da Cemig (CMIG4) registravam alta de 2,73%, cotadas a 28,27 reais, com 3.442 negócios. No mesmo horário, o Ibovespa operava em queda de 0,95%, aos 55.847 pontos.

"Tudo indica que a valorização das ações da Cemig, que chegou a bater 4%, reflete a possibilidade de que a companhia não irá arcar sozinha com os custos da aquisição da Terna", afirma a analista de Energia da SLW, Rosângela Ribeiro. As ações caíram nas últimas semanas com o temor do mercado de que a Cemig entre em um processo muito rápido de aquisições e se endivide demais.

No fim de abril, a Cemig adquiriu 65,86% do capital da Terna por 2 bilhões e 330 milhões de reais. Na ocasião, o negócio previa que a estatal mineira ficasse com 85,2% do capital votante, ou um total de 173,5 milhões de ações ordinárias. A Terna controla a TNS (Transmissora Sudeste Nordeste), a Eteo (Empresa de Transmissão de Energia do Oeste), a Etau (Empresa de Transmissão do Alto Uruguai) a Brasnorte Transmissora de Energia e a Terna Serviços.

Ainda segundo informações divulgadas pela Cemig ao mercado, a aquisição da Terna será concluída por meio de uma cessão da operação à Transmissora do Atlântico de Energia Elétrica S.A (Taesa), companhia na qual a estatal mineira terá 49% e o fundo Coliseu 51%. (Continua)


Segundo rumores do mercado, a operação seria uma tentativa de contornar um suposto impedimento de que o controle da Terna fique nas mãos de uma empresa estatal.

A Cemig informou, por meio de sua assessoria, que está em período de silêncio. O processo de aquisição da Terna pela Cemig, aprovado em 28 de maio, está previsto para ser finalizado em setembro.

Enxurrada de aquisições

Captar recursos no mercado e quitar a compra da Terna é fundamental para a Cemig continuar seu agressivo plano de expansão de até 2020 se tornar a segunda maior empresa de energia do país. Embora seja uma estatal, o modelo de gestão adotado pela Cemig é de uma empresa privada voltada a resultados que garantam dividendos polpudos a seus acionistas. Ou seja, pagamento mínimo de 50% do lucro líquido que em 2008 foi de 3 bilhões e 300 milhões de reais.
 

A enxurrada de aquisições começou em 2004 e não tem prazo para acabar. A corrida por aquisições começou em 2004, com a compra da Rosal, empresa paulista de geração de energia. Dois anos depois, adquiriu a Light, do Rio de Janeiro, em sociedade com o grupo Andrade Gutierrez e com a holding de energia do banco Pactual. Apesar de tentativas frustradas pela Cesp e pela fatia do Grupo Votorantim na CPFL, no último ano, a Cemig investiu 4,3 bilhões de reais na compra de participações em outras empresas. Além da Terna, a lista inclui: Usina Santo Antônio, TBE (linhas de transmissão do grupo Brookfield) e Impsa (energia eólica).

As próximas na mira da Cemig são uma participação minoritária na CEB, do Distrito Federal, Celesc (estatal catarinense), Enersul (concessionária do grupo Rede em Mato Grosso do Sul) e Ampla (do grupo Endesa, que atua no Rio de Janeiro).

A Cemig possui hoje 59% de seu capital na Bolsa e o valor de mercado é de 15 bilhões e 200 milhões de reais.

Hoje a Cemig detém 17% de participação no mercado nacional de transmissão de energia, 13% em distribuição e 8% em geração. No segmento de gás nacional, a Gasmig detém 4%.

 


Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

De entregadores a donos de fábrica: irmãos faturam R$ 3 milhões com pão de queijo mineiro

Como um adolescente de 17 anos transformou um empréstimo de US$ 1 mil em uma franquia bilionária

Um acordo de R$ 110 milhões em Bauru: sócios da Ikatec compram participação em empresa de tecnologia

Por que uma rede de ursinho de pelúcia decidiu investir R$ 100 milhões num hotel temático em Gramado

Mais na Exame