Negócios

Carrefour e Casino, do Pão de Açúcar: adversários se unirão?

Os presidentes do Casino e do Carrefour se encontraram em Paris no dia 12 de setembro, segundo o jornal Financial Times

Carrefour: O possível negócio vem num momento de transformação do varejo tanto na França quanto em outros mercados em que as redes têm operação (Germano Luders/Exame)

Carrefour: O possível negócio vem num momento de transformação do varejo tanto na França quanto em outros mercados em que as redes têm operação (Germano Luders/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 24 de setembro de 2018 às 08h22.

Última atualização em 24 de setembro de 2018 às 08h58.

São Paulo - O grupo varejista francês Casino, dono do Pão de Açúcar no Brasil, se envolveu em uma guerra de palavras com um de seus maiores concorrentes, o Carrefour, revela o jornal Financial Times. O Casino afirmou na noite de domingo ter recebido uma oferta de fusão do Carrefour, e, numa reunião de seu conselho de administração, ter recusado a investida.

Mas, numa mensagem divulgada na manhã desta segunda-feira, o Carrefour negou a oferta e afirmou “ter ficado surpreso por uma proposta de fusão que não existe ter sido submetida ao conselho de administração”. O Carrefour ainda afirmou que está focado na implementação de seu plano 2022, e que está buscando alternativas legais de deter esse tipo de insinuação.

Segundo o Financial Times, o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, e o presidente do Carrefrou, Alexandre Bompard, se encontraram em Paris no dia 12 de setembro e, após o encontro, teriam designado um conselho para seguir com as negociações.

O possível negócio vem num momento de transformação do varejo tanto na França quanto em outros mercados em que as redes têm operação, como o Brasil, impulsionado pela ameaça crescente de redes como a Amazon. Como resposta, tanto o Casino quanto o Carrefour têm investido para aumentar a oferta de produtos em todos os canais, estratégia chamada de omnichannel.

Em março, o Casino chegou a fechar uma parceria com a Amazon para oferecer produtos de suas lojas Monoprix aos clientes da Amazon Prime na França, notícia que fez as ações da companhia subirem 5,8% num só dia. A notícia levou a rumores de uma parceria no Brasil, que envolveria também a Via Varejo, empresa do grupo Casino que controla as bandeiras Ponto Frio e Casas Bahia. O processo de venda da Via Varejo, anunciado em 2016, segue em andamento, enquanto a Amazon segue ampliando sua linha de negócios no Brasil – mês passado anunciou a entrada em moda.

Mas as empresas vêm encontrando dificuldade de mostrar que conseguem, sozinhas, se manter competitivas globalmente. As ações do Casino estão em queda de 30% este ano, enquanto os papeis do Carrefour caíram 10% desde janeiro.

Enquanto na Europa a principal competição entre as duas empresas se dá em lojas de vizinhança e em modelos que aliem varejo físico e online, no Brasil a principal frente de batalha é o atacarejo. O Carrefour é o tradicional líder no segmento com a marca Atacadão, mas o Casino tem ganhado terreno com o Assaí. Comprado em 2008, o Assaí chegou ano passado a 126 lojas e 20 bilhões de reais de faturamento, 28% a mais que em 2016, o que o levou ao posto de maior negócio para o Casino no mundo. O Carrefour tem 30% do mercado de atacarejo no Brasil, ante 23% do Assaí.

A notícia sobre uma possível fusão já havia circulado no início do ano, quando o jornal Valor publicou que o Carrefour havia contratado o banco Goldman Sachs para sondar Naouri. De lá pra cá, o Carrefour trocou de CEO, em julho, o que pode ter dado início a uma nova leva de negociações.

Em 2011, Abilio Diniz, ex-presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar e atual conselheiro do Carrefour, chegou a inicar uma conversa de fusão entre as empresas.

O GPA afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comenta.

O Carrefour Brasil afirma que afirmou que mantém o posicionamento do grupo e nega a proposta de aquisição.

Acompanhe tudo sobre:CarrefourCasinoFusões e AquisiçõesPão de Açúcar

Mais de Negócios

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia

"Bar da boiadeira" faz investimento coletivo para abrir novas unidades e faturar R$ 90 milhões