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O capitalismo regenerativo está mais perto do que você imagina. Entenda

Novo conceito vai além da sustentabilidad e e envolve mudanças mais drásticas pensando em acabar com a crise climática em uma geração

John Elkington: especialista em sustentabilidade, britânico defende que a regeneração pode acabar com a crise climática em uma geração. (John Elkington/Reprodução)

John Elkington: especialista em sustentabilidade, britânico defende que a regeneração pode acabar com a crise climática em uma geração. (John Elkington/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2022 às 09h25.

Última atualização em 30 de agosto de 2022 às 10h30.

Como resultado da ampla discussão sobre ESG e descarbonização, hoje se vê uma ênfase crescente não apenas para desenvolver um “business case” para ação, mas para criar novas maneiras de gerar velhas formas de riqueza de ou gerar novas formas de riqueza inteiramente inéditas.

“É sobre adotar uma nova economia e não somente novos modelos de negócios”, disse o britânico John Elkington, autor de 20 livros, reconhecido especialista em sustentabilidade e criador do conceito de gestão corporativa Tripple Botton Line, que prega o tripé da sustentabilidade - ambiental, social e econômica.

Elkington palestrou no KES Summit, evento que reuniu lideranças de grandes empresas, startups e organizações não governamentais entre os dias 24 e 27 de agosto na Bahia com o objetivo de discutir ações futuras para os próximos dez anos. 

Em um artigo recente, Elkington disse que suas pesquisas identificaram aproximadamente 60 tipos de modelos de negócio, como franquias, modelo “freemium”, plataformas multilaterais e “open source”, que podem ser usados para ampliar o impacto positivo dos negócios. 

O estudo do pesquisador também comparou as maneiras pelas quais as empresas novas, como Tesla e AirBnb, e grupos mais tradicionais enfrentam o desafio da sustentabilidade.

“Há sempre resistência à mudança, especialmente por parte dos grupos etários mais velhos, que veem as mudanças como desafiadoras, caras e quase impossíveis”, disse em seu artigo. “No entanto, os millennials e os mais jovens são mais otimistas, vendo a mudança não apenas como possível, mas também inevitável.”

Quem se importa com a agenda da sustentabilidade

Em sua palestra no KES Summit, Elkington levantou a pergunta: “quem se importa?” [com a agenda sustentabilidade]. A resposta foi direta: “as pessoas jovens”. 

E entre os países com as maiores porcentagens de pessoas jovens se sentindo “muito preocupadas” ou “extremamente preocupadas” com as mudanças climáticas estão Filipinas (84%),  Índia (68%) e Brasil (67%). Entre os países de renda mais alta, destaca-se Portugal (65%). 

O resultado foi obtido por meio de uma pesquisa feita pela consultoria de Elkington, a Volans, com 10 mil pessoas jovens. 

O resultado mostrou, ainda, como as mudanças climáticas fazem essas pessoas se sentirem: tristes, temerosas, ansiosas, com raiva, impotentes e culpadas – todos com mais de 50% das respostas. A sensação de otimismo foi mencionada por 32% dos respondentes.

Nesse cenário, Elkington descreve o que chama de “cisnes verdes”, nome de seu mais novo livro. “Um cisne verde é uma mudança profunda no mercado, geralmente catalisada por alguma combinação de desafios do cisne negro ou cinza e mudança de paradigmas, valores, mentalidades, políticas, tecnologias, modelos de negócios e outros fatores-chave”, escreve ao detalhar seu novo livro.

“Um cisne verde proporciona um progresso exponencial na forma de criação de riqueza econômica, social e ambiental. Na pior das hipóteses, alcança esse resultado em duas dimensões, mantendo a terceira estável. Pode haver um período de ajuste em que uma ou mais dimensões tenham desempenho inferior, mas o objetivo é um avanço integrado em todas as três dimensões.”

É nesse contexto que entra o conceito de capitalismo regenerativo.

O que é capitalismo regenerativo

O capitalismo regenerativo refere-se a práticas de negócios que restauram e constroem em vez de explorar e destruir. Regenerativo é sobre ver a meta net zero de emissões de carbono como uma parada na jornada mais longa para criar as condições para que a vida floresça de forma resiliente e se renove infinitamente.

A sustentabilidade, por si só, pode ser entendida apenas como mitigação de danos, como um curativo para questões mais amplas do planeta. Isso porque a realidade é que a forma como se faz negócios continua prejudicial ao futuro de longo prazo do mundo. De forma geral, continua-se vivendo além das limitações do planeta, destruindo o habitat onde todos esperamos viver nos próximos séculos.

Então, a conclusão, segundo o conceito do capitalismo regenerativo, é que são necessárias mudanças mais radicais. As empresas, aqui, teriam o grande papel de não acabar com o planeta, mas em colocá-lo de volta no equilíbrio – enquanto também seguem um caminho inteligente para administrar o negócio.

É algo que requer uma mudança de mentalidade e reaprender alguns dos princípios dos negócios inteligentes. “É sobre reconstruir a sociedade, as economias, o sistema ambiental”, disse Elkington. “A regeneração acaba com a crise climática em uma geração.”

O conceito já tem aplicação prática, e o pesquisador cita o caso da finlandesa Neste. Segundo ele, aliás, as práticas regenerativas podem ser empregadas em todos os setores. A Neste, por exemplo, vem se transformando de uma empresa regional de refino de petróleo em líder global em soluções circulares e renováveis.

Elkington também mencionou que um importante aliado no caminho da descarbonização é o setor financeiro. Segundo ele, o segmento agora é visto como central para essas mudanças e grandes somas de capital estão começando a se mover para apoiar a jornada para as emissões líquidas zero.

Esse comprometimento dos fundos de capital privado, envolvendo mais de 450 empresas em 45 países, pode fornecer os estimados US$ 100 trilhões em financiamento necessário para o net zero nas próximas três décadas, diz o especialista.

A Volans, de Elkington, promove uma iniciativa chamada Bankers for Net Zero, que reúne bancos, empresas e órgãos reguladores para permitir que os bancos apoiem com sucesso seus clientes, acelerem a transição para o net zero e cumpram as ambições para lidar com as mudanças climáticas.

Acompanhe tudo sobre:JBSNetZero

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