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Camargo Corrêa quer mais que dobrar faturamento até 2014

Executivo do grupo, Vitor Hallack, afirmou que o governo de Dilma Rousseff tem como grande desafio resolver os gargalos de infraestrutura do país

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2010 às 20h27.

São Paulo - O grupo Camargo Corrêa quer mais que dobrar seu faturamento até 2014, focando em negócios de construção pesada e concessões de infraestrutura sem perder posições em mercados mais diversos, como calçados e siderurgia.

Em entrevista durante o Reuters Brazil Investment Summit nesta quarta-feira, o presidente do conselho de administração do grupo, Vitor Hallack, afirmou que o governo da presidente eleita Dilma Rousseff tem como grande desafio resolver os gargalos de infraestrutura do país, que limitam a capacidade de estradas, portos, aeroportos e geração de energia.

Na avaliação de Hallack, o problema do "custo Brasil" representa oportunidades de negócios que poderão ser viabilizados mais rapidamente se o governo gerar meios de incentivar o investimento de longo prazo pela iniciativa privada.

"O investimento precisa ser ampliado, são 20 milhões de novos consumidores nos últimos anos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez muito no período de crise, e esse é o papel de um banco de desenvolvimento, mas para suportar o nível de crescimento da economia, temos que repensar o modelo", disse o executivo, fazendo referência às Parcerias Público-Privadas e a marcos regulatórios para outros setores além do de energia.

"A regra de consenso do mercado é que é preciso investimento de 5 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) em infraestrutura, mas o crescimento nos últimos anos está ligeiramente acima dos 2 por cento", disse Hallack. "Nos anos 70, o investimento era de 4,5 por cento e a carga tributária estava em 26 por cento do PIB, enquanto hoje é de 36 por cento."

Na avaliação do executivo, apesar do Brasil correr um risco de desindustrialização pela fraqueza do dólar, a atual situação cambial "talvez seja o melhor momento para aumentar o investimento (das empresas em produtividade), inclusive buscando internacionalização para ganhar mercados".

Em fevereiro deste ano, o grupo investiu 1,4 bilhão de euros na compra de cerca de 33 por cento da cimenteira portuguesa Cimpor, presente em 13 países, tornando-se a maior acionista individual da companhia.

Usiminas

Perguntado se o foco em construção pesada e infraestrutura favorece uma revisão das participações da Camargo Corrêa em outras atividades, Hallack evitou dar detalhes, mas lembrou que 70 por cento da receita do grupo já vem das áreas de engenharia e construção, cimento, energia e concessões rodoviárias.

O executivo afirmou que o grupo considera a participação na Usiminas, maior produtora de aços planos do Brasil, como "adequada". A Camargo Corrêa possui 20,34 por cento das ações vinculadas ao bloco de controle da siderúrgica, que foi alvo recente de rumores no mercado sobre mudanças na composição societária.


"Isso tudo (rumores) é especulação, não existe conversa sobre Camargo e sócios no grupo de controle", disse Hallack. Além do grupo, participam do controle da siderúrgica Votorantim, Nippon Steel, Previ e o fundo de pensão dos funcionários.

Hallack disse que os acionistas controladores não estão insatisfeitos com a gestão da Usiminas, mas com a conjuntura de dólar fraco e crise mundial no setor de aço que abalou as contas da empresa em 2009. "A Usiminas foi a que mais sofreu no nosso portfólio (...) mas a empresa tomou iniciativas e está destravando valor, ela precisa ser percebida pelo mercado pelo valor real que tem na soma de suas partes".

CPFL consolidadora

O presidente do conselho da Camargo Corrêa afirmou ainda que a CPFL Energia, na qual o grupo detém 25,7 por cento do controle por meio da VBC Energia, deve ser uma importante consolidadora do setor no Brasil.

"Pela posição de liderança (a CPFL) é um candidato natural. Pela governança é 'o' candidato", disse Hallack, lembrando que, apesar de deter 12 por cento do mercado, a companhia é líder no segmento de distribuição privada de energia.

Rumores de mercado durante todo o ano afirmaram que a CPFL poderia se unir à Neoenergia, que tem a Previ como investidor em comum, ou comprar a distribuidora de energia Elektro, que atua no interior de São Paulo e algumas cidades do Mato Grosso do Sul. Hallack preferiu não comentar o assunto.

Segundo o presidente, a consolidação do setor de energia no Brasil é importante para tornar todo o país mais competitivo, e uma das principais vantagens seria o ganho de escala, que pode gerar criação de valor e modicidade tarifária. "É um movimento natural na busca da eficiência."   

Hallack disse ainda que a Camargo Corrêa pode participar do próximo leilão de geração de energia, marcado para 17 de dezembro, por meio da própria CPFL. Por enquanto, a companhia está "estudando" o assunto, mas o executivo lembrou que o grupo participou do leilão da usina hidrelétrica de Jirau (RO) sem a CPFL. "Se (a CPFL) declinar, é outra questão", acrescentou.

Mesmo sem confirmar participação no leilão como investidor, Hallack afirmou que, como construtora, a Camargo Corrêa tem "todo o interesse" de entrar em novos projetos de geração de energia.

O interesse do grupo também está na licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV), cuja entrega de propostas está marcada para a próxima segunda-feira. Segundo Hallack, o interesse da Camargo Corrêa é participar como construtora ou investidora, mas as condições da obra, orçada em 33 bilhões de reais, apresentam incertezas.

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