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Apresentado por SEBRAE

Café com propósito: produtoras mostram como mulheres estão transformando o Cerrado Mineiro

Com o apoio do Sebrae, Rosilma Santana e Paula Curiacos representam uma nova geração de empreendedoras do campo que alia sustentabilidade, inovação e gestão profissional

EXAME Solutions
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Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 11h39.

A região do Cerrado Mineiro se tornou sinônimo de produtividade, qualidade e rastreabilidade, atributos que colocaram o café brasileiro no radar dos mercados mais exigentes do mundo. Esse desempenho, no entanto, não se explica apenas pela tecnologia no campo. Por trás das lavouras de alto rendimento, cresce um movimento silencioso e consistente: o avanço das mulheres no comando das fazendas. 

Hoje, 13,2% das propriedades cafeeiras brasileiras são lideradas por mulheres, segundo a Associação Internacional de Mulheres do Café (IWCA Brasil). São mais de 40 mil fazendas sob gestão feminina.

Para retratar algumas das transformações em curso no Cerrado Mineiro, a EXAME visitou a Fazenda Santana, em Rio Paranaíba (MG), e a Fazenda Três Meninas, em Monte Carmelo (MG). As duas propriedades têm trajetórias diferentes, mas refletem um mesmo movimento: o avanço do protagonismo feminino na cafeicultura da região. 

Fazenda Santana: herança, reconstrução e gestão no campo 

Filha de um dos pioneiros do café na região de Rio Paranaíba, Rosilma Santana cresceu entre lavouras, ajudando nos processos manuais da roça desde a infância. Seu pai começou de forma modesta, vendendo galinhas, ovos e roupas, até conquistar terras, máquinas e mais de 100 hectares cultivados, tornando-se um dos primeiros cooperados da Cooxupé na região. 

Em 2021, a trajetória familiar sofreu uma ruptura abrupta. Em um intervalo de 17 dias, Santana perdeu pai e mãe, vítimas da covid-19. Ela e os irmãos herdaram a propriedade e assumiram a gestão da fazenda — que passou a se chamar Fazenda Santana, em homenagem aos pais. 

Hoje, a propriedade mantém 45 hectares de café arábica e segue como um negócio familiar. Santana responde pela gestão financeira, enquanto o marido e os filhos atuam diretamente no cultivo. Apesar da vivência desde criança no campo, a nova fase exigiu aprendizado rápido em planejamento, crédito e organização administrativa. 

Nos últimos anos, a produção enfrentou desafios climáticos severos, como geadas, estiagens prolongadas e granizo. “Foram três anos no negativo, mas agora estamos começando a nos recuperar”, afirma a produtora.  

Fazenda Três Meninas: inovação, ciência e café regenerativo 

Em Monte Carmelo (MG), a cerca de 100 quilômetros dali, a cafeicultora Paula Curiacos conduz um modelo de produção que conecta ciência, sustentabilidade e gestão profissional. Formada em Zootecnia, ela adquiriu a Fazenda Três Meninas em 2016, ao lado do marido, com recursos próprios, e decidiu transformar a área em um laboratório vivo de agricultura regenerativa. 

A virada do negócio ganhou consistência a partir do apoio do Sebrae, que ajudou Curiacos a estruturar a gestão, organizar processos, ampliar o posicionamento da marca e acessar novos mercados. “O Sebrae foi fundamental para transformar a fazenda em uma empresa rural, com planejamento, indicadores e visão de longo prazo”, afirma a produtora. 

A propriedade adota práticas como plantas de cobertura entre os cafezais, plantio de árvores nativas, uso de bioinsumos e fertilizantes orgânicos, reaproveitamento de água, energia solar e a instalação de meliponários para polinização. As abelhas nativas atuam como bioindicadores da saúde do ecossistema e podem aumentar a produtividade em até 30%. 

Um córrego que atravessa a fazenda abastece mais de 7 mil pessoas, reforçando a responsabilidade ambiental da produção. “A gente entende que não produz só café, mas também água”, diz Curiacos. 

O reconhecimento veio em forma de certificações como Rainforest Alliance, Regenagri, Carbono Neutro e Certifica Minas, além do prêmio Mais Sustentável do Brasil, concedido pela Globo Rural em 2024, na categoria Pequenas Propriedades.

Este ano, Paula Curiacos conquistou ainda o segundo lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria Produtora Rural. 

A Fazenda Três Meninas mantém parcerias com universidades — como a UFU, que utiliza o espaço para aulas a céu aberto — e com empresas como a Nespresso, fornecendo cafés rastreáveis e de alto valor agregado. 

Enquanto Santana mantém viva a herança familiar e atravessa os desafios da sucessão, Curiacos constrói um modelo que integra gestão, ciência e regeneração ambiental no Cerrado Mineiro. 

👉 Para conhecer de perto essas histórias, assista ao segundo episódio da série “Construindo Futuros”, uma série apresentada pelo Sebrae em parceria com a EXAME. 

Acompanhe tudo sobre:branded-contenthub sebraeConstruindo futuros

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