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Cade determina fim do code share entre Varig e TAM

Com o fim do compartilhamento de vôos, as companhias precisarão aumentar o número de aeronaves para cobrir as rotas atendidas pelo code share. Mais aviões operando, maiores os custos das empresas - um grande problema especialmente para endividada Varig

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou o fim do compartilhamento de vôos (code share) entre a Varig e a TAM. A decisão foi comunicada a representantes das duas companhias em reunião nesta quinta-feira (27/1) com o relator do processo e membro do Cade, Luiz Carlos Prado. Agora, as empresas têm até o dia 15 de fevereiro para apresentar um plano de desmembramento das operações. A proposta será votada pelo plenário do Cade em 23 de fevereiro.

O compartilhamento de vôos foi anunciado no início de 2003, como parte do processo de fusão que as companhias negociavam na época. O argumento das empresas era que o code share permitiria reduzir os custos e elevar a produtividade de algumas linhas. Segundo Prado, como a Varig e a TAM desistiram de se fundir, o compartilhamento de vôo também perde o sentido. "Não há motivos para continuar com o code share fora de um processo de fusão", diz.

De acordo com Prado, o Cade não estabeleceu nenhum pré-requisito de prazo ou estratégia para o plano de separação que as empresas precisam apresentar em fevereiro. "Apenas esperamos que as empresas justifiquem sua proposta com razões técnicas e que não prejudiquem os passageiros", afirma.

Mais vôos

Com o fim do compartilhamento de vôos, a TAM e a Varig precisarão aumentar o número de aeronaves para cobrir as rotas que antes eram atendidas pelo code share. Atualmente, as empresas partilham aeronaves em 60% das rotas, e a concentração é ainda maior em destinos mais disputados, como a ponte aérea Rio-São Paulo. O resultado de um maior número de aviões em uso acabará sendo o aumentos do custos operacionais.

A TAM, aliás, já deu sinais claros de que aumentará sua frota para neutralizar os efeitos do fim do code share. Neste ano, a empresa contará com seis novos aparelhos: quatro Airbus A 320, a serem entregues entre março e agosto, e dois Airbus A 330 (sendo que um já pertence à TAM, mas estava sublocado para uma companhia do Oriente Médio).

O aumento de frota só é possível porque a TAM apresenta uma boa situação financeira. Segundo o balanço preliminar do Departamento de Aviação Civil (DAC), entre janeiro e novembro, o número de passageiros transportados pela companhia cresceu 21%, atingindo 10 milhões de pessoas. Enquanto isso, o mercado avançou, em média, 12%. "Estamos preparados para o fim do code share e apostamos em novo crescimento do mercado neste ano", afirmou a TAM, por meio de sua assessoria de imprensa.

Dívidas

De acordo com analistas, a maior dificuldade para elaborar um plano de desmembramento das duas companhias é a precária situação financeira da Varig. Atualmente, a companhia tem um patrimônio líquido negativo de mais de 6 bilhões de reais. Somente as dívidas com o governo representam cerca 60% de seus débitos.

Nesta quinta-feira (27/1), o presidente da Varig, Luiz Martins, reuniu-se com o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, para comunicar a disposição da Fundação Rubem Berta de ceder o controle acionário da Varig, a fim de salvar a empresa. Uma das alternativas é a conversão da dívida com o governo em ações operação pela qual o governo se tornaria o controlador da empresa. Depois, o poder público venderia rapidamente as ações, pulverizando-as no mercado.

Para Sérgio Lazzarini, professor de Administração do Ibmec, esta é uma boa opção. "Seria ótimo pulverizar as ações no mercado. Atualmente, não há uma noção muito clara de quem controla a Fundação Rubem Berta", diz.

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