Negócios

C&A cria projeto para acelerar lançamentos de roupas

As peças do Projeto Mindse7, que até agora eram vendidas apenas pela internet, chegaram a cinco lojas da rede

Área do projeto Mindse7 da C&A em loja (C&A/Divulgação)

Área do projeto Mindse7 da C&A em loja (C&A/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 21 de maio de 2019 às 06h00.

Última atualização em 21 de maio de 2019 às 09h28.

  1. De olho no estilo das ruas, as mudanças na moda estão cada vez mais aceleradas. Para atualizar sua produção e se manter relevante, a C&A está expandindo um projeto que permite a criação de novas peças até quatro vezes mais rápido.

Ao invés de demorar quatro meses para que novas roupas cheguem às lojas, o novo processo leva apenas 35 dias. O projeto quebra o calendário de lançamentos usado até então, centralizado em grandes coleções baseadas nas estações. As novas coleções cápsula são menores e lançadas semanalmente.

As peças do Projeto Mindese7, uma submarca da companhia, até então eram vendidas apenas pela internet e hoje ocupam áreas específicas em algumas lojas da rede.

As primeiras coleções começaram a ser vendidas pelo site em junho de 2018. "Vimos uma conversão maior de vendas com esses produtos e um fluxo maior de visitantes nessas páginas", afirma Paulo Correa, presidente da C&A no Brasil. O segundo passo foi experimentar o modelo em duas lojas conceito, nos shoppings Iguatemi, em São Paulo, e no Leblon, no Rio de Janeiro. O consumidor podia experimentar a peça em loja e comprar pela internet, para receber em casa.

Agora, a empresa lançou formalmente o projeto em cinco de suas 270 lojas, que contarão com estoque para o consumidor levar a peça na hora. São quatro lojas em São Paulo, nos Shoppings Ibirapuera, Morumbi, Center Norte e Iguatemi, e uma no Barra Shopping, além do espaço na Loja do Leblon, no Rio de Janeiro.

Por enquanto, as edições são limitadas em termos de volume. A companhia não abre o valor de faturamento do projeto ou quanto ele já representa para a companhia. No entanto, afirma que o metro quadrado dedicado às roupas da marca fatura até 40%  mais do que o metro quadrado de uma loja comum.

Inspiração

"Em uma viagem para a Europa, vimos a importância e rapidez da moda de rua", afirma Correa. "Percebemos que era necessário ter um novo formato de desenvolvimento de coleções, mais baseado em tendências que chegam da rua", diz.

O projeto surgiu como uma unidade separada dentro da companhia, para testar novos métodos de criação. A equipe de oito pessoas, com estilistas e responsáveis por compra, planejamento e tecnologia, senta ao lado das salas de diretoria no escritório da companhia. A equipe é pequena em relação aos 16 mil funcionários que a C&A tem no Brasil, mas já causou impacto na estratégia.

Segundo ele, nem todos receberam o projeto com entusiasmo. "O maior obstáculo que estamos enfrentando é a mentalidade. Quando você abre mão de uma maneira de agir, gera reações como medo e preocupação", afirma.

Aos poucos, a companhia espera levar alguns dos aprendizados da área para outros departamentos da companhia. "Esse projeto veio da nossa curiosidade de saber se é possível fazer as coisas de outro jeito", diz o presidente.

Os fornecedores das peças da nova marca foram escolhidos entre aqueles que já atendiam a companhia. A varejista negociou com cada um para verificar se os fabricantes das peças conseguiriam acompanhar o novo ritmo de trabalho.

Sustentável

A nova velocidade de produção e consumo de roupas é um fenômeno preocupante para o meio ambiente, já que a indústria têxtil é uma das que mais polui globalmente.

Um caminhão de resíduos têxteis é jogado no lixo a cada segundo no mundo. Só no Brasil, a indústria gera 170 mil toneladas de retalhos por ano, e cerca de 80% desse material vai parar em lixões.

Além da geração de lixo, a indústria também gera desperdício de dinheiro: todo ano 500 bilhões de dólares são gastos em roupas que são pouco usadas e raramente recicladas, de acordo com relatório feito pela Fundação Ellen MacArthur e Stella McCartney.

Para reduzir o impacto de sua produção, a C&A criou metas que também se aplicam aos seus fornecedores. Cerca de 60% de seus produtos são feitos com um algodão considerado mais sustentável, com meta para chegar a 100% em 2020, e a companhia busca reduzir o uso de água durante a fabricação.

Também criou um programa de reciclagem para roupas usadas. Realizado pela C&A deste 2017, o Movimento ReCiclo permite que os clientes descartem as suas roupas usadas em urnas em 80 lojas da C&A.

Após passar por uma triagem, as peças são direcionadas aos parceiros da C&A para reutilização ou reciclagem. Até agora, a empresa já coletou 2,8 toneladas de tecido, ou mais de 15 mil peças. 72% foram destinadas para reuso e 28% enviadas para reciclagem.

Ainda que a velocidade de produção aproxime a C&A de concorrentes como a Zara, Forever 21 ou H&M, a empresa prefere se distanciar do termo "fast fashion". "Queremos ser fashion e velozes, sim, mas sem impor tendências", diz o presidente.

Acompanhe tudo sobre:C&AIndústria de roupasTêxteis

Mais de Negócios

De olho em cães e gatos: Nestlé Purina abre nova edição de programa de aceleração para startups pets

ICQ, MSN, Orkut, Fotolog: por que essas redes sociais que bombavam nos anos 2000 acabaram

Franquias crescem 15,8% e faturam R$ 121 bilhões no primeiro semestre

Rússia, Índia e Chile: veja as missões da ApexBrasil pelo mundo

Mais na Exame