Negócios

BRF busca crescer no Oriente Médio e na China

A empresa está ampliando suas ações para crescer nos mercados emergentes em detrimento dos EUA


	Produtos BRF: a BRF considera a compra de companhias menores e locais do Oriente Médio
 (Adriano Machado/Bloomberg)

Produtos BRF: a BRF considera a compra de companhias menores e locais do Oriente Médio (Adriano Machado/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2014 às 15h02.

Enquanto a JBS SA e a Tyson Foods Inc. brigam por uma fatia maior do mercado de alimentos processados dos EUA, a BRF SA está ampliando suas ações para crescer nos mercados emergentes.

A maior produtora de alimentos do Brasil, com uma linha que vai de cortes de frango a lasanhas congeladas, está em busca de aquisições no Oriente Médio e negocia com um potencial parceiro na China após reestruturar suas operações para aumentar a produtividade, disse o CEO Claudio Galeazzi em uma entrevista em São Paulo.

Os EUA são um mercado “implacável”, disse Galeazzi, em 11 de junho. Ele foi nomeado em agosto pelo presidente da empresa, o bilionário Abílio Diniz, com a missão de ampliar a presença da BRF no exterior. “Temos muitas outras oportunidades em outros lugares em vez de ir lá e digerir uma aquisição muito grande”.

Sob a gestão de Galeazzi a BRF cortou milhares de empregos, fechou escritórios e está vendendo ativos para se preparar para cumprir as promessas de crescimento.

A BRF avaliou a compra da Hillshire Brands Co. em fevereiro e desistiu antes de a empresa com sede em Chicago se tornar alvo de uma guerra de ofertas entre a JBS e a Tyson, disse ele. A JBS acabou deixando o negócio quando a Tyson ofereceu US$ 7,7 bilhões pela companhia.

A BRF gastou menos de US$ 500 milhões com aquisições na América Latina e no Oriente Médio desde 2009, contra uma série de US$ 14 bilhões em investimentos da JBS, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Nova fábrica

Ao invés de grandes aquisições como a Hillshire, a BRF está considerando a compra de companhias menores e locais do Oriente Médio, disse Galeazzi.

A BRF concluiu em abril a compra da Federal Foods, de Abu Dhabi, por US$ 64,9 milhões, e em fevereiro fechou um acordo para a compra de 40 por cento da Al Khan, uma distribuidora da Sadia em Omã, por US$ 68,5 milhões.

A empresa investiu US$ 150 milhões em uma fábrica de processamento que será inaugurada em setembro na capital dos Emirados Árabes Unidos.

As conversas com a Kuwait Foods Americana, anunciadas em dezembro, estão estagnadas, disse Galeazzi. A processadora de alimentos -- que também gerencia redes de restaurantes como KFC, TGI Friday’s e Pizza Hut no Oriente Médio -- tem um valor de mercado de US$ 4,1 bilhões.

Assessores de imprensa da Americana não responderam a um pedido de comentário realizado por meio do site da companhia. As chamadas para um telefone central da empresa fora do horário comercial não foram atendidas.

“A nova gestão não quer algo que possa ser engolido, mas que possa ser difícil de digerir”, disse Galeazzi. “Só voltaremos atrás se se tratar de alguma galinha morta”, disse ele, referindo-se a alvos fáceis para aquisição.

Como alternativa, a BRF está mantendo negociações com companhias menores donas de marcas fortes, unidades de processamento e ativos de distribuição na região, disse ele.

Os produtos com a marca Sadia, da BRF, são vendidos no Oriente Médio há mais de 40 anos e geram vendas anuais de cerca de US$ 2,2 bilhões.

‘Bastante dominantes’

“Queremos proteger nosso mercado no Oriente Médio”, disse ele. “Somos bastante dominantes lá”.

A BRF também negocia uma joint venture com uma “companhia muito grande” da China para produção de carne de aves e suínos, disse Galeazzi. “Estamos negociando também em outras regiões”.

A aquisição da Sadia pela companhia, em 2009, por US$ 3,8 bilhões, levou as autoridades antitruste a exigirem que a empresa reduzisse seus ativos. A nova gestão também está buscando vender ativos considerados não estratégicos.

Em novembro, a BRF anunciou a venda de fábricas de carne bovina para a Minerva SA por R$ 279 milhões (US$ 126 milhões) em ações. A BRF também está disposta a vender sua unidade de lácteos, que gera cerca de R$ 2 bilhões em vendas e “não é o foco da companhia”, disse ele.

Galeazzi vem se concentrando em construir posição de caixa da BRF, que está em cerca de R$ 4 bilhões, e em promover retorno de capital por meio da redução de custos e da necessidade de capital de giro, em vez de buscar aquisições.

“Nós estávamos criando músculo”, disse Galeazzi. “Agora podemos ir, de fato, atrás” de aquisições.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAlimentos processadosÁsiaBRFCarnes e derivadosChinaEmpresasEmpresas abertasEmpresas americanasEmpresas brasileirasOriente MédioSadiaTyson Foods

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia