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Brasil ganha pregão organizado de créditos de carbono

Banco de Projetos, que será lançado nesta quarta-feira, organizará o contato entre investidores e empresas com propostas para redução da emissão de poluentes

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Nesta quarta-feira (14/9), o Brasil se tornará o primeiro país latino-americano a contar com um mercado organizado de créditos de carbono, com o lançamento do Banco de Projetos, uma iniciativa conjunta do Ministério do Desenvolvimento e da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Na prática, o banco será um sistema eletrônico que registrará projetos de redução de carbono, o que facilitará o contato entre compradores e vendedores de créditos.

"O registro dos projetos dará mais transparência e credibilidade às operações", afirma Virgílio Gibbon, que coordenou a implantação do banco. Sem um ambiente organizado, os interessados em vender ou comprar créditos precisam realizar contatos diretos com potenciais parceiros, a fim de encontrar alguém com quem negociar. Cerca de 60 empresas já saíram a campo e fecharam contratos, como a Plantar, uma companhia mineira de reflorestamento que vendeu 5,3 milhões de dólares em créditos de carbono para o Banco Mundial. Para Gibbon, uma vantagem do banco de projetos é encurtar esse caminho (se você é assinante, leia também reportagem sobre os negócios gerados por esse mercado).

Outro atrativo é a possibilidade de levantar recursos financeiros para bancar projetos ecologicamente sustentáveis. Uma empresa de papel e celulose, por exemplo, que desejar ampliar sua área de florestas poderá captar recursos para o projeto por meio de um contrato de opções com investidores interessados em comprar os créditos gerados por essa área. "Assim, será criado também um mecanismo de financiamento dos projetos", diz Gibbon.

Recursos renováveis

O pregão também será uma fonte de recursos financeiros renováveis por permitir a negociação de contratos a termo, isto é, com pagamento programado para o futuro. Esses contratos poderão ser celebrados, por exemplo, quando a hipotética empresa de papel e celulose efetivamente concluir a ampliação da sua área de florestas e quantificar o volume de carbono que absorverá com ela. Esse volume poderá, então, ser contratado por uma empresa que necessite dos créditos para se adequar ao Protocolo de Kyoto.

Uma última fonte de recursos será o mercado à vista, isto é, a compra de créditos de projetos já maturados aqueles em que a absorção de carbono já ocorreu.

Segundo Gibbon, o mercado de carbono não atrairá apenas empresas que precisam dos créditos, mas também instituições financeiras que poderão criar fundos de private equity para viabilizar projetos em início de implantação. "Pretendemos procurar essas instituições para ajudá-las a aprender a avaliar corretamente esses projetos", diz.

Potencial

De acordo com Gibbon, o Banco de Projetos já nascerá com sete participantes. O coordenador não revelou o volume financeiro que esses projetos poderão atrair, mas afirmou que o país tem um grande potencial para participar do mercado mundial de carbono.

Segundo o Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a demanda mundial por créditos de emissões, em 2012 prazo para que os países desenvolvidos reduzam em 5% sua emissão de poluentes , deve alcançar 30 bilhões de dólares por ano. O Brasil pode ficar com, no mínimo, 10% desse mercado.

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