Bradesco: 25.000 companhias pegaram empréstimo no banco referente ao programa de financiamento da folha de pagamento, beneficiando 350.000 funcionários (Paulo Fridman/Bloomberg)
Natália Flach
Publicado em 17 de maio de 2020 às 08h28.
Última atualização em 17 de maio de 2020 às 08h28.
O Bradesco vai lançar na semana que vem uma linha de crédito voltada para o custeio da folha de pagamento de micro e médias empresas. O intuito é atender as companhias com faturamento anual menor do que 360 mil reais ou maior do que 10 milhões de reais e que, portanto, não são elegíveis para participar do programa desenvolvido pelo Tesouro Nacional, em parceria com os grandes bancos brasileiros.
"Vamos oferecer uma taxa de juros promocional que é bastante competitiva", afirma Eurico Ramos Fabri, vice-presidente do Bradesco em entrevista exclusiva à Exame. "Na largada, temos 27 bilhões de reais de limite pré-aprovado que, se for utilizado em sua totalidade, deve beneficiar cerca de 7 milhões de pessoas", acrescenta.
A iniciativa do Bradesco vem na esteira da revisão do programa anunciado no fim de março que tem como objetivo ajudar as empresas a enfrentar a turbulência econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. A previsão era conceder 40 bilhões de reais, do quais apenas 1,5 bilhão de reais foram desembolsados até o momento.
Uma das explicações para esse hiato de 38,5 bilhões de reais é a exigência de que a empresa tomadora do financiamento não tivesse atrasos nos repasses ao INSS nem demitisse os funcionários. “As empresas estão inseguras se precisarão ou não colocar o trabalhador para fora. Vai sobrar dinheiro”, disse o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, em audiência virtual do Congresso Nacional, quinta-feira, 14.
Para entender os motivos, o Bradesco fez uma pesquisa com 400 empresas das 54.000 que tinham o crédito pré-aprovado para entender por que não solicitaram os recursos disponíveis. Segundo o diretor José Ramos Rocha Neto, 42% delas disseram que não queriam se endividar no atual momento. Ao todo, 25.000 companhias pegaram o empréstimo, beneficiando 350.000 funcionários.
A fim de tentar aumentar a adesão, foi retirada nesta semana a obrigatoriedade das empresas estarem em dia com a Previdência. Agora, uma das ideias em discussão é permitir que a empresa tome empréstimos para pagar apenas parte da sua folha de pagamentos. Além disso, o programa deverá ser estendido de dois para três meses, mas o prazo de estabilidade mantido em apenas 60 dias após o último pagamento. “Os empresários não conseguem alcançar um compromisso tão grande”, afirmou o deputado Zé Vitor (PL-MG), elator da medida provisória que criou o programa, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
O deputado também confirmou que está em estudo a ampliação do faturamento máximo das empresas beneficiadas de 10 milhões de reais para 50 milhões de reais. Segundo o jornal, ele negocia agora com o governo reduzir a taxa de juros do programa de 3,7% ao ano – que era o patamar em que a taxa básica de juros estava no anúncio da medida – para 3% ao ano, que é o nível atual.
Já a exigência de que a concessão do crédito seja feita por meio dos bancos deve ser mantida. "Isso é importante para que o governo tenha certeza de que os recursos vão ser direcionados para o pagamento dos funcionários", diz Fabri, do Bradesco.
Para além dessa nova linha de crédito, o Bradesco vai liberar 150 bilhões de reais de limite pré-aprovado para pessoas físicas e empresas no aplicativo do banco. Nas novas concessões para pessoas físicas, o prazo de financiamento sobe para seis anos e o período de carência para 90 dias.