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Bradesco e HSBC: hora da mudança

José Fucs  Um ano depois de anunciar a compra do HSBC Brasil, em agosto de 2015, o Bradesco iniciou a contagem regressiva para absorver de vez as operações do banco britânico no país. Segundo o cronograma definido na Cidade de Deus, em Osasco, onde fica a sede do Bradesco, a data final da incorporação será […]

BRADESCO: banco apresentou alta de 13% no lucro do primeiro trimestre / Omar Paixão
DR

Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2016 às 13h55.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h24.

José Fucs

Um ano depois de anunciar a compra do HSBC Brasil, em agosto de 2015, o Bradesco iniciou a contagem regressiva para absorver de vez as operações do banco britânico no país. Segundo o cronograma definido na Cidade de Deus, em Osasco, onde fica a sede do Bradesco, a data final da incorporação será daqui a dois meses, mais precisamente no dia 10 de outubro, quando as agências e os postos de atendimento do HSBC deverão amanhecer com a sua “bandeira”.

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A ideia é mudar tudo – o visual, o mobiliário e os caixas automáticos – num único fim de semana, entre a noite de 7 de outubro, uma sexta-feira, e as primeiras horas da manhã do dia 10, uma segunda-feira, com o objetivo de reduzir ao mínimo os “ruídos” para a clientela. “O cliente do HSBC é o grande ativo comprado pelo Bradesco”, diz Maurício Minas, vice-presidente do banco, coordenador do comitê executivo formado para cuidar da incorporação. “Queremos que a transição seja uma experiência positiva, agradável, sem traumas.”

Em junho, logo depois de o negócio ser aprovado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o Bradesco enviou um comunicado aos clientes para informá-los oficialmente sobre a transação. Em setembro, o banco deverá enviar a cada cliente um “kit de boas-vindas”, que incluirá um cartão magnético – de débito, crédito e débito ou múltiplo, conforme o caso – além de instruções para ele fazer a sua ativação nos terminais de auto-atendimento e para facilitar o seu acesso ao site, aos aplicativos banco e ao call center.

De acordo com Minas, a ativação do cartão, com a gravação do chip, será a única operação em que o cliente terá de ir a uma agência do Bradesco em todo o processo. O cliente, segundo ele, continuará ligado à mesma agência e ao mesmo segmento em que tinha conta no HSBC. Os funcionários, em princípio, também deverão ser os mesmos. Por enquanto, não há planos para o fechamento de agências. “Há uma complementariedade inacreditável entre a rede do HSBC e a do Bradesco”, afirma.

Com a conversão das agências, em outubro, o site e as apps do HSBC Brasil deverão deixar de operar. Quem entrar no site local do HSBC será direcionado para o site do Bradesco. A partir da conversão, quem já tiver ativado o novo cartão passará a ser cliente apenas do Bradesco e os cartões do HSBC perderão a validade. Mas quem não conseguir ativar o novo cartão do Bradesco até lá ainda poderá usar o do HSBC, segundo Minas, por mais algum tempo.

A “virada” começou a ser planejada logo depois de o negócio entre os dois bancos ser fechado, em agosto de 2015. Mas foi só com a sua aprovação do Cade que o Bradesco finalmente teve acesso aos dados da clientela do HSBC e começou a implementar para valer o processo de incorporação e a alimentar o seu sistema com as informações. “Estamos fazendo todos os testes possíveis, simulações, para reduzir a possibilidade de ter erro numa migração desse porte”, diz Minas. “No total, entre o planejamento, a realização dos testes, a comunicação com os clientes e a conversão das agências, teremos mais de mil pessoas envolvidas nessa operação.”

Com a conversão das agências pelo Bradesco, a marca do HSBC deverá sumir das ruas das principais cidades do país, 19 anos depois do desembarque do banco no varejo bancário brasileiro, com a compra do extinto Bamerindus, que estava na UTI. O HSBC, um dos maiores conglomerados financeiros do planeta, deverá manter aqui apenas uma pequena estrutura para atender seus clientes globais em algumas operações estruturadas e de banco de investimento.

Ao mesmo tempo, o Bradesco deverá reforçar a sua musculatura ao absorver uma instituição com ativos totais de 180 bilhões de reais, cerca de 4,5 milhões de clientes, dos quais cerca de 200.000 são empresas, de pequeno, médio e grande porte, e quase 2.000 agências e postos de atendimento espalhados pelo país.

Com a compra do HSBC, que custou 16 bilhões de reais, o Bradesco “colou” no Itaú, o seu maior rival. A diferença para o Itaú em ativos caiu para apenas 9%, já considerando a incorporação do chileno CorpBanca pelo banco das famílias Setubal, Moreira Salles e Villela. O Itaú, porém, está na disputa pelas operações do Citibank Brasil, da qual o Bradesco, envolvido na complexa incorporação do HSBC, não deverá participar. A diferença, portanto, pode voltar a crescer. Depois, a disputa deve ser corpo a corpo. Emoção não há de faltar.

 

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