Boeing 737: a maioria dos clientes das companhias aéreas têm evitado fazer pedidos novos para a aeronave até que o modelo seja liberado pelos reguladores para voar novamente (Lindsey Wasson/Reuters)
Reuters
Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 14h53.
A Boeing não registrou novas encomendas de aviões em janeiro, na primeira vez em que isto ocorre no mês desde 1962, enquanto o jato mais vendido da fabricante norte-americana, o 737 MAX, permanece suspenso após dois acidentes.
A fabricante de aviões, lutando com uma crise iniciada após o segundo dos dois acidentes em março do ano passado, também disse que entregou apenas 13 aviões aos clientes no mês passado. Há um ano, havia registrado 45 pedidos após cancelamentos em janeiro e entregou 46 aviões.
A maioria dos clientes das companhias aéreas têm evitado fazer pedidos novos para o 737 MAX até que a aeronave seja liberada pelos reguladores para voar novamente, deixando a Boeing atrás da rival europeia Airbus e atingindo a empresa com enormes perdas financeiras mensais.
A Airbus divulgou na semana passada seu maior número de pedidos em janeiro em pelo menos 15 anos, já que registrou encomendas brutas para 296 aeronaves, ou 274 encomendas líquidas após cancelamentos.
A Boeing viu seu pior ano de pedidos em décadas em 2019, enquanto lidava com a crise do 737 MAX, que levou a empresa à sua primeira paralisação na produção do 737 em 20 anos e à saída do presidente-executivo, Dennis Muilenburg, em dezembro.
A empresa continuou a adiar suas expectativas de quando o MAX voltará a voar, o que significa que não pode entregar aviões aos clientes e ser pago por eles.
Isso resultou em perdas de bilhões de dólares para a empresa e seus fornecedores, que tiveram que demitir funcionários em meio à incerteza sobre o retorno ao serviços dos jatos.
As companhias aéreas, por outro lado, foram forçadas a retirar o 737 MAX de seus cronogramas de voos até meados de 2020, causando milhares de cancelamentos de voos.
A dívida da Boeing dobrou para 27,3 bilhões de dólares em 2019 e continua em trajetória crescente, pois a fabricante de aviões compensa financeiramente clientes e fornecedores de companhias aéreas, enquanto luta contra ações judiciais e paga salários dos funcionários.
Uma estimativa da Fitch Ratings elevou a previsão de dívida da Boeing de 32 bilhões para 34 bilhões de dólares, após um aumento contínuo no primeiro e no segundo trimestres de 2020.