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Boeing atrasará ainda mais entrega do 787 Dreamliner

Primeiros exemplares do maior investimento da empresa chegarão aos clientes apenas em 2009, três meses após a previsão mais recente e cerca de dez meses depois da data original

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Principal investimento da fabricante americana de aviões Boeing em mais de uma década, as aeronaves do modelo 787 Dreamliner chegarão ao mercado com um atraso três meses maior do que o anunciado no fim de 2007. A empresa deve divulgar nesta quarta-feira (16/01) que as primeiras entregas deste tipo de avião ocorrerão apenas no começo de 2009, cerca de dez meses após a data prevista inicialmente.

Em outubro do ano passado, a companhia já havia sofrido um desgaste diante de clientes e da imprensa, ao informar um atraso de mais de seis meses na conclusão das primeiras encomendas. Na época, a Boeing chegou a mudar a equipe de comando do projeto, mas a medida não evitou novos adiamentos.

Dessa vez, a preocupação com os possíveis efeitos da demora na entrega recaem sobre dois focos. O primeiro deles é a própria Boeing. A empresa traçou uma meta, após o primeiro anúncio de atraso, de entregar 109 exemplares do 787 Dreamliner até o fim de 2009. Conforme a companhia empurra para adiante a fila de encomendas, aumentam as chances de ela deixar de cumprir a programação e, com isso, enfrentar uma desvalorização de suas ações. Neste terça-feira (15/01), por exemplo, rumores sobre o novo atraso derrubaram as ações da Boeing em 4,67%, na Bolsa de Nova York.

Os atrasos também podem resultar em perdas milionárias, sob a forma de queda na demanda pelo produto. As conseqüências do desrespeito ao prazo inicial pesaram recentemente sobre a rival da Boeing no setor, a francesa Airbus. A empresa européia adiou em cerca de dois anos a entrega dos aviões A 380, sua maior aposta nos últimos anos - o segundo exemplar do modelo foi entregue apenas na semana passada à Singapore Airlines, a primeira companhia aérea a contar com essas aeronaves. Quando a Airbus informou pela primeira vez, em 2006, sobre os problemas na fabricação dos jatos A 380 e com um segundo modelo, o A 350, as ações de sua controladora enfrentaram um pico de queda de 26% num único dia.

O segundo foco de atenção são as próprias companhias aéreas clientes da Boeing, que apostam no 787 Dreamliner como parte importante dos seus programas de renovação e expansão da frota, uma das chaves do setor para reduzir custos de manutenção e aumentar faturamento.

Segundo a programação inicial, a japonesa All Nippon Airways, a primeira da lista de entrega, deveria ter sob seu controle os primeiros jatos desse modelo em maio de 2008, mas as aeronaves chegarão apenas no começo do ano seguinte.

Outras 55 empresas também já têm encomendas fechadas com a Boeing, num total de 833 pedidos, desde 2004, quando começou o projeto industrial do 787 Dreamliner. Para a companhia responsável pelo pedido mais recente, a Gulf Air, do Bahrein, os primeiros dos 16 aviões encomendados devem ser entregues apenas em 2016.

Os motivos do atraso da Boeing na entrega do 787 Dreamliner passam principalmente pela dificuldade em coordenar a produção das peças, fabricadas separadamente em fornecedores de diversas partes do mundo. A empresa diz ter dificuldade em garantir a elaboração das peças exatamente de acordo com os seus padrões, o que exige que parte do trabalho seja refeito, além de problemas na integração dos softwares.

O próprio processo de fabricação do Dreamliner já nasceu como um desafio à Boeing, por contar com um grau de terceirização da produção inédito no setor e por utilizar novas tecnologias, capaz de pôr em uso, em larga escala, materiais até então restritos a certas partes do avião. A empresa optou por utilizar fibra de carbono na fuselagem e nas asas, por exemplo, estruturas nas quais o alumínio costuma predominar.

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