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BNP Paribas será processado por papel em genocídio de Ruanda

O banco é acusado por associações de ter permitido o "financiamento da compra de 80 toneladas de armas, que foram usadas para cometer o genocídio"

BNP Paribas: as transferências teriam ocorrido um mês depois da ONU ter decretado um embargo de armas a Ruanda (Thierry Caro/Wikimedia Commons)

BNP Paribas: as transferências teriam ocorrido um mês depois da ONU ter decretado um embargo de armas a Ruanda (Thierry Caro/Wikimedia Commons)

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AFP

Publicado em 29 de junho de 2017 às 08h59.

Três associações anunciaram nesta quinta-feira que apresentarão uma demanda na França contra o banco BNP Paribas por "cumplicidade de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade" no genocídio de Ruanda, em 1994.

A associação de combate à corrupção Sherpa, o Coletivo de Partes Civis para Ruanda (CPCR) e a ONG Ibuka France acusam em um comunicado o banco de ter permitido o "financiamento da compra de 80 toneladas de armas, que foram usadas para cometer o genocídio".

"O banco não poderia ter dúvidas sobre as intenções genocidas das autoridades do país para o qual autorizou a transferência de fundos, em junho de 1994", afirma o texto.

Procurado pela AFP, um porta-voz do BNP Paribas afirmou que tomou conhecimento da ação pela imprensa.

"No momento, não temos elementos suficientes para poder comentar", disse.

As três associações afirmam que o BNP - que depois passou a se chamar BNP Paribas -, "autorizou em junho de 1994 duas transferências de fundos de uma conta que o Banco Nacional de Ruanda (BNR) tinha na instituição para uma conta no banco suíço UBP", em nome de Willem Tertius Ehlers, um intermediário sul-africano "proprietário na época de uma empresa de armas chamada Delta Aero".

As associações denunciantes afirmam que as transferências, em 14 e 16 de junho e por um valor superior a 1,3 milhão de dólares, aconteceram um mês depois da ONU ter decretado um embargo de armas a Ruanda, onde já havia começado o genocídio dos tutsi.

De acordo com a ONU, o conflito entre abril e julho de 1994 deixou quase 800.000 mortos, principalmente entre a minoria tutsi.

Depois, Ehlers e o coronel Théoneste Bagosora, um militar hutu de Ruanda - que mais tarde seria condenado pelo Tribunal Penal Internacional para Ruanda - teriam concluído uma venda de armas em Seychelles ao lado de intermediários do Zaire, segundo as associações demandantes.

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