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Bilionário contrata ex-espiões em meio a disputa contra Vale

Operação representa a mais recente escalada da batalha entre a Vale e o bilionário israelense da mineração Beny Steinmetz

Vale: mineradora brasileira vive disputa com bilionário israelense (Denis Balibouse/Reuters)

Vale: mineradora brasileira vive disputa com bilionário israelense (Denis Balibouse/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 22 de maio de 2020 às 16h26.

Última atualização em 22 de maio de 2020 às 16h27.

A Black Cube, agência de inteligência privada administrada por ex-espiões israelenses, passou meses investigando empresas no mundo todo. Escritórios, sites e funcionários foram meticulosamente postos em ação: tudo parte de uma cilada visando ex-executivos da Vale.

A operação da Black Cube, divulgada em processo na quinta-feira e descrita por pessoas com conhecimento do caso, representa a mais recente escalada de uma amarga batalha entre a Vale e o bilionário da mineração Beny Steinmetz.

O que começou na Guiné como uma parceria em um dos depósitos de minério mais ricos do mundo se transformou em uma disputa global que esclarece como as fortunas podem ser acumuladas e perdidas no mundo da mineração africana.

Como a crescente demanda chinesa por matérias-primas estimulou uma corrida por ativos na África, Steinmetz adquiriu os direitos do projeto de minério de ferro Simandou em 2008. A Vale comprou uma participação de 51% cerca de um ano depois. Então, o novo presidente da Guiné voltou a assumir controle do ativo após uma investigação sobre corrupção. A Vale busca uma indenização de Steinmetz.

Embora Steinmetz sempre tenha negado irregularidades, ele diz no processo que a Vale suspeitava o tempo todo que sua aquisição original dos ativos poderia ser problemática. A Vale disse em documentos judiciais que não sabia.

Steinmetz diz que a operação - detalhada em processos judiciais que incluem uma declaração de um dos fundadores da Black Cube e transcrições de conversas com ex-executivos da Vale - mostrou que a mineradora estava desconfiada antes de assinar o acordo. Isso prejudica o pedido de indenização da Vale, argumenta.

Um porta-voz da Vale, empresa que tenta receber US$ 2 bilhões após vencer um processo de arbitragem em Londres no ano passado, preferiu não comentar.

“Este relatório confirmou o que estávamos dizendo desde o primeiro dia. A Vale sabia de tudo, não houve surpresa para eles. Agora, temos a prova completa disso. Fiquei feliz em ver isso, porque até agora estávamos brigando e ninguém acreditava em nós”, disse Steinmetz em entrevista à Bloomberg News nesta semana.

Há quase uma década, Steinmetz enfrenta desafios legais e investigações sobre como obteve os direitos ao depósito na Guiné. O governo guineense retirou as acusações de corrupção contra ele após uma disputa de sete anos. Ele nega qualquer irregularidade.

No ano passado, o Tribunal de Arbitragem Internacional de Londres concluiu que a BSG Resources, de Steinmetz, apresentou representações fraudulentas para a Vale quando vendeu a participação da mina. O recurso de Steinmetz foi derrubado.

O tribunal ordenou que a BSGR pagasse à Vale US$ 2 bilhões por suas perdas na joint venture. Para coletar o dinheiro devido por essa ordem, a Vale tentou congelar os ativos de Steinmetz e está pedindo a um juiz dos EUA que ajude a comprovar investimentos que ele e outros supostamente fizeram em imóveis de Nova York.

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