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BC descarta contágio por Panamericano; ações desabam

São Paulo/ Brasília - Investidores castigaram as ações de pequenos e médios bancos brasileiros nesta quarta-feira, seguindo ao anúncio de um aporte de 2,5 bilhões no Panamericano após a descoberta de problemas na contabilidade da instituição financeira. O Banco Central identificou que o Panamericano mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que já […]

Banco Panamericano, fachada (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2010 às 19h19.

São Paulo/ Brasília - Investidores castigaram as ações de pequenos e médios bancos brasileiros nesta quarta-feira, seguindo ao anúncio de um aporte de 2,5 bilhões no Panamericano após a descoberta de problemas na contabilidade da instituição financeira.

O Banco Central identificou que o Panamericano mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que já haviam sido vendidas a outros bancos. Também houve duplicação de registros de venda de carteiras. Com isso, o resultado do banco era inflado. O BC informou que está investigando o caso, visando a apuração de responsabilidades.

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"Os efeitos de se apresentar resultados que não são reais são conhecidos, como pagamento de bônus (aos executivos)", afirmou a jornalistas o diretor de fiscalização do BC, Alvir Hoffmann. Ele disse não ter indícios de que outros bancos estivessem adotando práticas similares.

Na noite de terça-feira, o Panamericano anunciou a injeção de capital no banco por seu controlador, o Grupo Silvio Santos, que está tomando recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os bens do empresário, que é dono da emissora de televisão SBT, foram colocados como garantia do dinheiro tomado do FGC.

Conforme o documento encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo Panamericano, as "inconsistências contábeis" impendem que o balanço reflita a real situação patrimonial da instituição.

Toda a diretoria do banco foi alterada e uma assembleia de acionistas convocada para eleição de um novo Conselho de Administração.

O BC procurou descartar a possibilidade de risco sistêmico nos bancos brasileiros, mas as ações de instituições financeiras de pequeno e médio porte sofreram à reboque das notícias do Panamericano nesta quarta-feira.

As ações preferenciais do Panamericano desabaram 29,5 por cento, para 4,77 reais. Na véspera, os papéis já tinham perdido quase 7 por cento, antes mesmo da divulgação do fato relevante pelo banco.

Entre outros bancos de menor porte na Bovespa que também perderam valor na sessão estão Sofisa (queda de 4,81 por cento), Pine (desvalorização de 2,60 por cento) e BicBanco (recuo de 5,36 por cento).

Em nota à imprensa nesta tarde, o Panamericano disse que seu caixa foi fortalecido com o aporte pelo controlador, e que sua liquidez agora foi elevada para 3,8 bilhões de reais. O ingresso de recursos não implica na diluição da posição acionária dos demais acionistas nem do patrimônio do banco, segundo o Panamericano.

Caixa

Além do Grupo Silvio Santos, o Panamericano tem a Caixa Econômica Federal como acionista relevante. Em dezembro do ano passado, a Caixa, controlada pelo governo federal, comprou 49 por cento do capital votante e 20,69 por cento das ações preferenciais do Panamericano por 739,2 milhões de reais.

A Caixa descarta colocar mais dinheiro no Panamericano e também assumir o controle do banco, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto, sob condição de anonimato.

No mercado, investidores se perguntavam como um rombo de 2,5 bilhões de reais ficou despercebido e como a Caixa não detectou qualquer problema no Panamericano na ocasião de sua entrada no capital da instituição.

A Caixa foi assessorada pelo Banco Fator e pela empresa de auditoria KPMG. A operação depois passou pelo crivo da BDO. O Panamericano tem a Deloitte como auditora externa.

A agência de classificação Moody's colocou em revisão os ratings do Panamericano para rebaixamento, citando a indicação de "fraqueza dos controles e do gerenciamento de risco do banco". A Moody's dá nota "D" para força financeira do Panamericano e "Ba2" na escala global para dívida em moeda estrangeira e local.

O Panamericano divulgou em meados de agosto que encerrou o segundo trimestre com carteira de financiamentos, incluindo as cessões de crédito, em quase 11 bilhões de reais, alta de 20,9 por cento em 12 meses.

Os ativos totais, segundo reportado pelo banco à época, estavam em 12,6 bilhões de reais em junho, alta de 6,5 por cento sobre março. Mas o patrimônio líquido da controladora situava-se em 1,6 bilhão de reais, queda de 1,7 na comparação com o primeiro trimestre deste ano.

O índice de Basileia estava em 14,3 por cento na metade de 2010, abaixo dos 14,8 por cento registrados em março e inferior aos 20 por cento de um ano antes.

Hoffmann, do BC, afirmou que o caso do Panamericano pode gerar estudos de formas de se aperfeiçoar o acompanhamento das instituições financeiras.

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