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Bankia inicia privatização dois anos depois de seu resgate

O fundo público de ajuda aos bancos vendeu nesta sexta-feira 7,5% do capital do Bankia, o quarto banco espanhol por capitalização, por 1,3 bilhão de euros


	Bandeira espanhola flameja ao lado da sede do Bankia: Estado espanhol reduziu sua participação no grupo BFA-Bankia a 60,89% do capital e lança o processo de privatização da entidade
 (Sergio Perez/Reuters)

Bandeira espanhola flameja ao lado da sede do Bankia: Estado espanhol reduziu sua participação no grupo BFA-Bankia a 60,89% do capital e lança o processo de privatização da entidade (Sergio Perez/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 18h21.

O Estado espanhol começou nesta sexta-feira a privatização do Bankia como mostra do retorno da confiança dos investidores para a entidade, cujo resgate há dois anos precipitou uma ajuda europeia de 41,3 bilhões de euros ao setor bancário do país.

O fundo público de ajuda aos bancos (Frob) vendeu nesta sexta-feira 7,5% do capital do Bankia, o quarto banco espanhol por capitalização, por 1,3 bilhão de euros, anunciou o grupo BFA-Bankia.

Com esta operação, o Estado espanhol reduz sua participação no grupo a 60,89% do capital e lança o processo de privatização da entidade, quase dois anos depois de ter injetado 20 bilhões de euros públicos para salvar o banco da quebra.

Em meados de fevereiro, o presidente do Bankia, José Ignacio Goirigolzarri, antecipou que a privatização do Bankia seria realizada por fases em dois ou três anos. A União Europeia tinha fixado em 2017 a data limite para a Espanha privatizar de novo a entidade.

"Os primeiros (pacotes a privatizar) serão menores que os seguintes", informou Goirigolzarri.

O título do Bankia, suspenso na sexta-feira pela manhã da Bolsa de Madri, retomou sua cotação às 09H00 GMT (06h00 de Brasília) com uma queda de mais de 4% a 1,51 euro, se ajustando ao preço de venda unitária fixada para o pacote de 863.799.641 ações vendidas.

O ganho líquido da operação alcança os 301 milhões de euros e a maioria da oferta veio de "investimentos institucionais estrangeiros", informou o grupo.

Esta colocação marca uma nova guinada na caótica história do Bankia, nascida em 2010 da fusão de sete caixas de poupança espanholas, algumas delas já em dificuldades.

Em julho de 2011, o novo banco entrou na bolsa, o que foi celebrado por seu então presidente, Rodrigo Rato, conhecido por ter sido ministro da Economia e diretor gerente do Fundo Monetário Internacional.


Contudo, um ano depois, o banco, muito afetado pelo estouro da bolha imobiliária em 2008, desabou registrando perdas históricas de 19 bilhões de euros em 2012.

Rato teve que renunciar e agora está sendo investigado pela justiça espanhola por fraude, apropriação indébita e falsificação das contas anuais.

O governo anunciou dia 9 de maio de 2012 que tomaria o controle do Bankia transformando em participações a dívida de 4,465 bilhões de euros contraída em dezembro de 2010 com o Estado por meio de um empréstimo público.

Finalmente, o capital público injetado na entidade superou os 20 bilhões de euros, a metade do resgate bancário europeu de 41,3 bilhões de euros acordado em 2012: o Estado não podia deixar quebrar um banco que, nesse momento, representava 10% do sistema financeiro espanhol.

Fonte de preocupação entre os mercados pela fragilidade de seu sistema bancário, o país conseguiu se salvar por pouco de um resgate global de sua economia.

Quem não conseguiu escapar do naufrágio foram 400.000 pequenos acionistas que investiram no Bankia em sua entrada na bolsa e que agora sofreram grandes perdas.

Além disso, o grupo suprimirá de agora até 2015, 6.000 postos de trabalho, ou 28% de seu quadro.

No dia 23 de dezembro, o banco saneado e reestruturado voltou a entrar no índice da bolsa madrilena Ibex 35, do qual tinha sido expulso dia 2 de janeiro de 2013.

Reflexo da situação do país, o Bankia voltou à primeira linha do mercado um mês antes de terminar o programa de ajuda ao setor financeiro espanhol.

Ao se desprender de seus ativos imobiliários tóxicos e vendendo numerosas participações, o banco conseguiu em 2013 um lucro líquido de 509 milhões de euros.

Contudo, os analistas destacam uma fragilidade: sua carteira imobiliária que, quase em sua totalidade, se encontra na Espanha, um país cheio de casas sem vender.

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