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"Bancos estão se tornando nossos concorrentes", diz presidente da Totvs

Para Dennis Herszkowicz, Totvs está redesenhando sua estratégia para expandir receitas num mercado em que identificar rivais é mais complexo

Dennis Herszkowicz: "As barreiras setoriais estão caindo; os bancos perceberam isso... nós, também" (Germano Lühders/Exame)
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Reuters

Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 16h02.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 16h05.

São Paulo — O esforço de instituições financeiras, empresas de comércio eletrônico e produtoras de tecnologia para ofertar mais serviços a empresas médias e pequenas os levará cada vez mais a invadirem os segmentos um do outro, disse o presidente-executivo da Totvs, Dennis Herszkowicz.

"Bancos e (empresas de) ecommerce estão cada vez mais perto de se tornarem concorrentes nossos", disse Herszkowicz nesta segunda-feira à Reuters, em entrevista na sede da companhia da tecnologia de sistemas de gestão.

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Segundo o executivo, este cenário já vem ocorrendo no país, à medida que braços dos grandes bancos, como as adquirentes de cartões, têm oferecido uma gama crescente de serviços de gestão para lojistas e uma variedade de negócios, nicho de mercado que era atendido principalmente por empresas de TI como a Totvs e a fornecedora de software para o varejo Linx.

Por outro lado, estas vêm avançando, sozinhas ou por meio de parcerias, na seara dos bancos, oferecendo cada vez mais serviços financeiros, incluindo os próprios pagamentos e antecipação de recebíveis.

As declarações Herszkowicz, ex-executivo da Linx, mostram como a Totvs, que se apresenta como líder no país em software de gestão, com cerca de 50% do mercado e 40 mil clientes, está redesenhando sua estratégia para seguir expandindo receitas num mercado em que identificar rivais tem sido cada mais complexo.

Para o executivo, a arena concorrencial ficará ainda mais aberta a partir de 2020, com os agentes começando a explorar uma nova oportunidade: medição de performance dos negócios e sistemas preditivos que podem ajudar as pequenos e médias empresas a se anteciparem a situações como de maior necessidade de capital, por exemplo.

Assim, com o uso de tecnologias como inteligência artificial, as provedoras de soluções poderiam vender a empreendedores produtos como seguros ou deixar disponíveis linhas de crédito pré-aprovadas.

"As barreiras setoriais estão caindo; os bancos perceberam isso... nós, também", disse o presidente da Totvs.

Segundo o executivo, essa percepção faz parte do plano de expansão tanto orgânica quanto de eventuais fusões e aquisições da companhia para os próximos anos. A empresa considera inclusive a possibilidade de pedir ao Banco Central uma licença de instituição de pagamentos.

Criada em 1983 como Microsiga, a Totvs rapidamente se expandiu apoiada numa agressiva campanha de aquisições. Foram mais de 30 na última década. Uma das últimas, em outubro, foi a compra de 89% da Supplier, dona de administradora de cartões, por 455,2 milhões de reais. A operação consumiu parte dos pouco mais de 1 bilhão de reais da oferta de ações de maio passado.

Herszkowicz, que assumiu o comando Totvs há pouco mais de um ano, substituindo o fundador do grupo, Laércio Consentino, diz ver "espaços enormes" para ganho de eficiência em serviços financeiros e avaliação de performance do comércio eletrônico.

Ao mesmo tempo em que se tornam concorrentes diretos, empresas de TI, bancos e empresas de ecommerce, também tendem a desenvolver parcerias, ao perceberem que em caso específicos é melhor juntar forças.

A própria Totvs tem feito aproximações nesta direção. No ano passado, fez um acordo com a Rede, braço de adquirência do Itaú Unibanco, e montou uma joint venture com a plataforma digital de comércio eletrônico Vtex.

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