Bancos da Indonésia oferecem crédito em troca de lixo
Numa região pobre do leste da Indonésia, os clientes tomam dinheiro emprestado e pagam com lixo
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2016 às 21h09.
O chão de terra batida, o sofá verde surrado e o pente para uso coletivo pendurado ao lado da porta deixam claro que não se trata de um banco comum. Aqui numa região pobre do leste da Indonésia, os clientes tomam dinheiro emprestado e pagam com lixo .
“O programa foi criado pelo povo, é administrado pelo povo e a recompensa vai para o povo”, diz a gerente bancária Suryana, que cobre a cabeça com um jilbab negro e vive com a família no andar de cima do Mutiara Trash Bank na cidade de Makassar, na ilha de Sulawesi. “Do ponto de vista econômico, isso gera resultados.”
É a ideia mais longínqua possível dos avanços tecnológicos dos bancos no resto do mundo. Não só nos países vizinhos à Indonésia, mas em outras nações emergentes na Ásia e África, há um movimento de formar “bancos de lixo” como forma de reduzir os crescentes lixões e dar aos cidadãos mais pobres acesso à poupança e crédito.
A escala do problema enfrentado por Makassar e outras cidades asiáticas fica evidente em uma visita ao lixão. Todo dia, a cidade de 2,5 milhões de habitantes produz 800 toneladas de dejetos, que acabam no topo da montanha de lixo com altura de cinco andares em uma área equivalente a dois campos de futebol. Catadores, muitas vezes crianças, procuram algo de valor junto a vacas que procuram algo para comer.
É neste contexto que o “trash banking” avança. Os moradores trazem lixo reciclável -- como garrafas plásticas, papel e embalagens -- até pontos de coleta, conhecidos como bancos, onde o lixo é pesado e tem seu valor monetário calculado. Como em um banco normal, os clientes podem abrir contas, fazer depósitos — em lixo com valor convertido em rúpias — e sacar recursos periodicamente.
A prefeitura se compromete a comprar o lixo pelos preços definidos pelo banco, garantindo estabilidade de preços para quem traz os rejeitos. Então os dejetos são vendidos a negociantes que enviam a carga de barco a fábricas de plástico e papel localizadas em Java, a ilha principal.
Em outros bancos de lixo no país, os correntistas podem trocar os dejetos diretamente por arroz, crédito para chamadas telefônicas ou para pagar a conta de luz. No Mutiara Trash Bank, diversos correntistas se inscreveram em um programa de lição de casa, pelo qual estudantes ajudam crianças menores com as tarefas e são pagos por isso diretamente pelo banco de lixo.
Os clientes em Makassar, a maioria mulheres que coletam lixo em seu tempo livre, costumam economizar quantias ínfimas, de 2.000 a 3.000 rúpias (15 a 23 centavos de dólar) por semana, embora outros consigam economizar bem mais. Muitas tomam dinheiro emprestado para comprar arroz mais para o fim da semana, enquanto o salário do marido não chega.
“Ninguém deu calote ainda”, disse Suryana, 43 anos, que, mesmo com pouca educação fundamental, aprendeu contabilidade e gestão para ser gerente do banco. “Enquanto as pessoas viverem aqui, elas acabarão pagando. Elas só precisam trazer mais lixo, e lixo tem em todo lugar.”
O chão de terra batida, o sofá verde surrado e o pente para uso coletivo pendurado ao lado da porta deixam claro que não se trata de um banco comum. Aqui numa região pobre do leste da Indonésia, os clientes tomam dinheiro emprestado e pagam com lixo .
“O programa foi criado pelo povo, é administrado pelo povo e a recompensa vai para o povo”, diz a gerente bancária Suryana, que cobre a cabeça com um jilbab negro e vive com a família no andar de cima do Mutiara Trash Bank na cidade de Makassar, na ilha de Sulawesi. “Do ponto de vista econômico, isso gera resultados.”
É a ideia mais longínqua possível dos avanços tecnológicos dos bancos no resto do mundo. Não só nos países vizinhos à Indonésia, mas em outras nações emergentes na Ásia e África, há um movimento de formar “bancos de lixo” como forma de reduzir os crescentes lixões e dar aos cidadãos mais pobres acesso à poupança e crédito.
A escala do problema enfrentado por Makassar e outras cidades asiáticas fica evidente em uma visita ao lixão. Todo dia, a cidade de 2,5 milhões de habitantes produz 800 toneladas de dejetos, que acabam no topo da montanha de lixo com altura de cinco andares em uma área equivalente a dois campos de futebol. Catadores, muitas vezes crianças, procuram algo de valor junto a vacas que procuram algo para comer.
É neste contexto que o “trash banking” avança. Os moradores trazem lixo reciclável -- como garrafas plásticas, papel e embalagens -- até pontos de coleta, conhecidos como bancos, onde o lixo é pesado e tem seu valor monetário calculado. Como em um banco normal, os clientes podem abrir contas, fazer depósitos — em lixo com valor convertido em rúpias — e sacar recursos periodicamente.
A prefeitura se compromete a comprar o lixo pelos preços definidos pelo banco, garantindo estabilidade de preços para quem traz os rejeitos. Então os dejetos são vendidos a negociantes que enviam a carga de barco a fábricas de plástico e papel localizadas em Java, a ilha principal.
Em outros bancos de lixo no país, os correntistas podem trocar os dejetos diretamente por arroz, crédito para chamadas telefônicas ou para pagar a conta de luz. No Mutiara Trash Bank, diversos correntistas se inscreveram em um programa de lição de casa, pelo qual estudantes ajudam crianças menores com as tarefas e são pagos por isso diretamente pelo banco de lixo.
Os clientes em Makassar, a maioria mulheres que coletam lixo em seu tempo livre, costumam economizar quantias ínfimas, de 2.000 a 3.000 rúpias (15 a 23 centavos de dólar) por semana, embora outros consigam economizar bem mais. Muitas tomam dinheiro emprestado para comprar arroz mais para o fim da semana, enquanto o salário do marido não chega.
“Ninguém deu calote ainda”, disse Suryana, 43 anos, que, mesmo com pouca educação fundamental, aprendeu contabilidade e gestão para ser gerente do banco. “Enquanto as pessoas viverem aqui, elas acabarão pagando. Elas só precisam trazer mais lixo, e lixo tem em todo lugar.”