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Azos dobra faturamento e rompe barreira dos R$ 100 bi em capital segurado

Insurtech criada há apenas cinco anos, Azos captou R$ 170 milhões e ampliou a rede para 11 mil corretores neste ano. Meta para 2026 é ampliar capital em 60%

Rafael Cló, da Azos: “O brasileiro não tem cultura de seguro de vida. A pandemia sensibilizou. O mercado cresceu quase 20% ao ano desde lá” (Divulgação/Divulgação)

Rafael Cló, da Azos: “O brasileiro não tem cultura de seguro de vida. A pandemia sensibilizou. O mercado cresceu quase 20% ao ano desde lá” (Divulgação/Divulgação)

Karla Dunder
Karla Dunder

Freelancer

Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 06h01.

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O mercado de seguro de vida voltou a acelerar em 2025. Cresceu perto de 13%, segundo a CNseg, puxado por renda pressionada, endividamento alto e uma demanda mais clara por proteção financeira.

Nesse ambiente competitivo, a Azos, insurtech criada há apenas cinco anos, conseguiu algo raro no setor: dobrou o faturamento pelo segundo ano seguido e levou seu capital segurado total para mais de 100 bilhões de reais.

No centro dessa curva está uma empresa jovem. Fundada em 2020, a Azos nasceu do incômodo pessoal do CEO e cofundador Rafael Cló, mineiro, engenheiro e ex-Kraft Heinz, que viu seu seguro de vida ser cancelado por falhas do processo tradicional.

A insatisfação virou oportunidade: construir um sistema do zero, com apólices emitidas em 30 segundos, inteligência artificial e foco total no corretor.

Neste ano de 2025, a empresa não só captou 170 milhões de reais na Série B, liderada pela Lightrock, com participação de Kaszek Ventures, Prosus, Munich Re Ventures, Maya Capital e o investidor Kevin Efrusy (Facebook) — uma das maiores rodadas de insurtechs da América Latina no ano — como ampliou a rede para 11 mil corretores, pagou 65% dos sinistros em até 8 dias úteis e empurrou o setor para uma disputa mais dura por velocidade, precisão e escala.

“O seguro é uma promessa de pagamento futuro. A pergunta sempre foi se uma empresa de 5 anos conseguiria entregar isso com credibilidade. Em 2025, a inteligência artificial virou uma camada central dessa resposta, da subscrição ao pós-venda”, afirma Cló.

O desafio daqui para frente é sustentar a aceleração. Em 2026, a companhia mira 60 bilhões de reais em novos capitais segurados, reduzir o prazo médio de sinistros para perto de 5 dias úteis e ampliar o portfólio para doenças graves, sucessão empresarial e proteção infantil.

A história por trás da insurtech

Rafael Cló passou quase uma década fora do Brasil antes de criar a Azos.

Fez consultoria, migrou para a Kraft Heinz e decidiu estudar em Stanford, referência global em empreendedorismo. A virada aconteceu quando tentou ajustar os dados de pagamento da própria apólice de seguro de vida no Brasil.

O processo se arrastou por ligações, documentos e instruções desencontradas.

Pediram que eu enviasse uma carta escrita de próprio punho para cancelar o contrato. Ali eu vi o tamanho do problema”, diz.

A pandemia acelerou o plano. A combinação de digitalização forçada, maior preocupação com risco e um mercado ainda pouco penetrado abriu espaço para novas teses.

“O brasileiro não tem cultura de seguro de vida. A pandemia sensibilizou. O mercado cresceu quase 20% ao ano desde 2020”, afirma.

Os primeiros desafios

O início não teve glamour. Eram três fundadores sem experiência prévia em seguros. O primeiro mês registrou seis sinistros abertos, número alto para uma operação recém-lançada.

Tomamos um susto. Tivemos que travar a plataforma para alguns perfis até ajustar o algoritmo antifraude”, diz Cló.

O episódio marcou o estilo da operação: cautela, dados e controle fino de risco.

Ganhar a confiança dos corretores foi outro obstáculo. A dúvida era direta: por que distribuir um produto de uma insurtech de 5 anos e não de uma seguradora centenária?

Essa barreira só começou a ceder com os aportes, entre eles da Munich Re — maior resseguradora global.

A primeira rodada, ainda em 2020, foi de 400 mil reais, puxada por empreendedores e executivos que conheciam o ciclo de construção de startups.

Na sequência vieram Kaszek, Maya, Propel e Prosus. A entrada da Munich Re Ventures, primeiro aporte da gigante alemã em uma insurtech da América Latina, consolidou a tese.

Em 2025, a Lightrock liderou a Série B de 170 milhões de reais. Somando todas as captações, a Azos ultrapassou 250 milhões de reais em recursos levantados.

A operação por dentro

A empresa usa modelos proprietários de IA para subscrição, atendimento e retenção. Entre eles:

  • AtendeAI, assistente que automatiza dúvidas e reduz o tempo de resposta.

  • Rivaldo Churn, copiloto de retenção que dobrou a reversão de cancelamentos em 30 dia.

  • MonitoraAI, ferramenta que analisa 100% das interações e orienta decisões com base nos dados.

A plataforma de sinistros também ganhou um fluxo em tempo real. O resultado: 65% dos pagamentos liberados em até 8 dias úteis, contra uma média de 30 dias no mercado. O NPS segue acima de 85 pontos entre clientes e corretores.

Em 2025, a companhia abriu bases em Fortaleza, Campinas, Manaus, Natal, São José do Rio Preto e Passo Fundo, reforçando presença local sem perder atuação nacional.

A base ativa cresceu 40% no ano. O programa Azos+, voltado ao relacionamento com parceiros, já reúne 430 corretores, dos quais 21 alcançaram o nível Azos Partner, com certificado de “sócio”. Para esse grupo, o limite de capital segurado subiu para 5 milhões de reais.

Os planos para 2026

Entre os lançamentos previstos estão:

  • Doenças Graves para crianças

  • Assistência funeral ampliada

  • Seguro de vida voltado à sucessão empresarial

  • Novos modelos algorítmicos para risco e experiência

O foco segue em três frentes: escala, inteligência de risco e eficiência no sinistro.

“O momento mais importante da jornada do cliente é o sinistro. É ali que a promessa vira realidade”, afirma Cló.

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