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Avanço tecnológico dos chineses assusta Embraer

No curto prazo, empresa ainda enfrenta a queda da competitividade provocada pela valorização do real

Embraer (Germano Luders/Exame)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2011 às 17h38.

São Paulo - O acordo fechado entre a Embraer e o governo chinês durante a visita da presidente Dilma Rousseff ao país não amainou as preocupações da empresa. De acordo com o presidente da fabricante brasileira de jatos, Frederico Fleury Curado, as condições de competição no mercado internacional continuam desfavoráveis para o Brasil e devem ficar ainda piores.

No curto prazo, a valorização do real frente ao dólar – o que torna a produção brasileira mais cara no exterior - é o fator que mais preocupa. “A capacidade de competição no mercado global ficará comprometida, pois estamos nos tornando um país de produção cara”, explicou o executivo, no Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina, que acontece no Rio de Janeiro nessa quinta e sexta-feira.

Tudo seria menos tenebroso se a tecnologia da Embraer não fosse acompanhada de perto pelos concorrentes internacionais. Curado antevê que a entrada da China como um competidor global de peso no mercado da aviação pode acontecer antes do que o empresário tinha previsto. Ele imagina que a parceria da Comac (Coomercial Aircraft Corporation of China) com a canadense Bombarbier, recentemente anunciada, pode acelerar a curva de aprendizado dos chineses. “Eu sempre sustentei que os chineses seriam um ator importante na aviação mundial daqui a 15 anos. Mas se os canadenses abrirem detalhes tecnológicos e de gestão empresarial de aviões aos chineses, esse processo será acelerado", afirma.

O empresário não acredita que a parceria que a própria Embraer tinha com a chinesa Avic tenha contribuído para o aprendizado dos chineses. “O que fazíamos lá era só a montagem final. O aprendizado viria de processos mais complexos, como o projeto de um avião, a fabricação de motores, etc.”, explica. Mas admite que a China já não é apenas uma plataforma de exportação. Ele aponta o mercado chinês como desenvolvedor de tecnologia. “Eles não querem apenas montar o avião, eles querem desenvolvê-lo e competir no mercado mundial”.

A preocupação do presidente da Embraer é justificada. Com o mercado de aviação que mais cresce no mundo, a China se tornou em 2009 o segundo maior cliente da fabricante brasileira, ano em que as vendas de aviões para o país contabilizaram 348,65 milhões de dólares. Em 2010, a cifra atingiu a marca de 368,4 milhões. Os números garantiram à Embraer o título de empresa líder no mercado chinês de aviação regional.

O presidente da Embraer disse ainda que a resolução do governo chinês de não construir o modelo 190 no país, com a justificativa de que concorreria no mercado interno com um produto chinês similar, não azedou o relacionamento da empresa com o país. Mas admite que a demora do governo em responder aos apelos brasileiros causou certo desconforto. “Foram dois anos e meio esperando. A fábrica estava rodando e precisávamos de uma definição”, explica.

Médio prazo - Para piorar o cenário vislumbrado pelo presidente da Embraer, ele cita ainda a competição comercial e tecnológica com outros países como mais um fator de preocupação no médio prazo. São eles: Japão e Rússia. “Eles têm apoios governamentais que não são claros. O Brasil tem interpelado o Japão no sentido de entender como é o funding (fonte de recursos) do desenvolvimento do avião japonês”, reclamou, referindo-se ao novo jato que a Mitsubishi vai fabricar, que concorre com um similar da brasileira. “O avião japonês não é ameaça a curto prazo, mas o Japão é um país poderosíssimo, assim como a Mitsubishi”, afirma.

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São Paulo - O acordo fechado entre a Embraer e o governo chinês durante a visita da presidente Dilma Rousseff ao país não amainou as preocupações da empresa. De acordo com o presidente da fabricante brasileira de jatos, Frederico Fleury Curado, as condições de competição no mercado internacional continuam desfavoráveis para o Brasil e devem ficar ainda piores.

No curto prazo, a valorização do real frente ao dólar – o que torna a produção brasileira mais cara no exterior - é o fator que mais preocupa. “A capacidade de competição no mercado global ficará comprometida, pois estamos nos tornando um país de produção cara”, explicou o executivo, no Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina, que acontece no Rio de Janeiro nessa quinta e sexta-feira.

Tudo seria menos tenebroso se a tecnologia da Embraer não fosse acompanhada de perto pelos concorrentes internacionais. Curado antevê que a entrada da China como um competidor global de peso no mercado da aviação pode acontecer antes do que o empresário tinha previsto. Ele imagina que a parceria da Comac (Coomercial Aircraft Corporation of China) com a canadense Bombarbier, recentemente anunciada, pode acelerar a curva de aprendizado dos chineses. “Eu sempre sustentei que os chineses seriam um ator importante na aviação mundial daqui a 15 anos. Mas se os canadenses abrirem detalhes tecnológicos e de gestão empresarial de aviões aos chineses, esse processo será acelerado", afirma.

O empresário não acredita que a parceria que a própria Embraer tinha com a chinesa Avic tenha contribuído para o aprendizado dos chineses. “O que fazíamos lá era só a montagem final. O aprendizado viria de processos mais complexos, como o projeto de um avião, a fabricação de motores, etc.”, explica. Mas admite que a China já não é apenas uma plataforma de exportação. Ele aponta o mercado chinês como desenvolvedor de tecnologia. “Eles não querem apenas montar o avião, eles querem desenvolvê-lo e competir no mercado mundial”.

A preocupação do presidente da Embraer é justificada. Com o mercado de aviação que mais cresce no mundo, a China se tornou em 2009 o segundo maior cliente da fabricante brasileira, ano em que as vendas de aviões para o país contabilizaram 348,65 milhões de dólares. Em 2010, a cifra atingiu a marca de 368,4 milhões. Os números garantiram à Embraer o título de empresa líder no mercado chinês de aviação regional.

O presidente da Embraer disse ainda que a resolução do governo chinês de não construir o modelo 190 no país, com a justificativa de que concorreria no mercado interno com um produto chinês similar, não azedou o relacionamento da empresa com o país. Mas admite que a demora do governo em responder aos apelos brasileiros causou certo desconforto. “Foram dois anos e meio esperando. A fábrica estava rodando e precisávamos de uma definição”, explica.

Médio prazo - Para piorar o cenário vislumbrado pelo presidente da Embraer, ele cita ainda a competição comercial e tecnológica com outros países como mais um fator de preocupação no médio prazo. São eles: Japão e Rússia. “Eles têm apoios governamentais que não são claros. O Brasil tem interpelado o Japão no sentido de entender como é o funding (fonte de recursos) do desenvolvimento do avião japonês”, reclamou, referindo-se ao novo jato que a Mitsubishi vai fabricar, que concorre com um similar da brasileira. “O avião japonês não é ameaça a curto prazo, mas o Japão é um país poderosíssimo, assim como a Mitsubishi”, afirma.

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