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Autoridade do patriarca da VW termina após viagem de 805 km

As décadas em que Ferdinand Piëch exerceu sua autoridade Volkswagen acabaram após viagem para uma reunião de emergência do conselho fiscal

Ferdinand Piech, presidente do conselho da Volkswagen: Piëch estava acostumado a impor suas vontades, mas desta vez foi diferente (Guenter Schiffmann/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2015 às 20h16.

As duas décadas em que Ferdinand Piëch exerceu uma autoridade inexorável sobre a Volkswagen AG acabaram depois de uma jornada de 805 quilômetros para Brunsvique, uma pequena cidade na região central da Alemanha onde, ainda no ano passado, ele foi celebrado como salvador de empregos.

Piëch estava acostumado a impor suas vontades, mas desta vez foi diferente.

Ele tinha sido convocado para uma reunião de emergência organizada às pressas entre os líderes do conselho fiscal da VW, que foi realizada no sábado depois que Piëch desafiou seus colegas do conselho administrativo sênior ao insistir na expulsão do CEO Martin Winterkorn, de acordo com pessoas a par da situação, que solicitaram o anonimato porque os detalhes são privados.

Piëch tinha pedido na semana passada a Matthias Müller, diretor da unidade Porsche, que se preparasse para assumir o cargo de CEO, disseram as fontes.

Os líderes do conselho já tinham decidido apoiar Winterkorn em uma reunião ocorrida no dia 16 de abril, perto da casa de Piëch, em Salzburg, Áustria .

Na reunião, o presidente do conselho da VW, de 78 anos, ameaçou pedir demissão, acusou Winterkorn de espioná-lo e alegou que seu primo Wolfgang Porsche queria que ele fosse expulso, disseram as fontes.

Os esforços para entrar em contato com Piëch a fim de obter comentários não tiveram sucesso.

Em Brunsvique, Piëch foi novamente confrontado por Wolfgang Porsche, por representantes dos influentes líderes trabalhistas da Volkswagen e pelo governador da Baixa Saxônia, Stephan Weil.

Embora antes Piëch pudesse contar com o apoio do sindicato e do governo por ter salvado empregos na década de 1990, quando a VW enfrentava dificuldades, desta vez ele superestimou o próprio poder.

Com uma clara oposição, ele e a esposa, Ursula Piëch, renunciaram ao conselho da Volkswagen com efeito imediato.

Personalidade importante

“Não é exagero dizer que ele é uma das personalidades mais importantes da história da indústria alemã”, disse Weil, em um comunicado.

Após a renúncia, Piëch continua podendo exercer influência através da matriz Porsche SE, que possui 50,7 por cento das ações ordinárias da VW. Piëch permanece como membro do conselho da Porsche SE e possui cerca de 13 por cento da matriz, de acordo com uma pessoa a par da estrutura de propriedade.

A capacidade que ele tem de impor sua vontade é limitada por acordos que exigem que membros da família votem como um bloco e colocam as ações à venda primeiro para os parentes, disse a fonte.

Piëch, neto de Ferdinand Porsche, o criador do fusca, se tornou CEO da fabricante de veículos em 1993 e presidente do conselho em 2002 depois de ter trabalhado para Porsche e Audi.

Ele tem um legado automotivo quase inigualável: desde o carro de corrida Porsche 917, o sistema Audi quattro de tração nas quatro rodas e o supercarro Bugatti até o uso de alumínio na carroceria dos carros.

“Ele internalizou a regra mais importante do setor automobilístico: um bom produto resolve todos os problemas”, disse Wolfgang Ziebart, ex-membro do conselho da BMW AG que comandou a engenharia na Jaguar Land Rover, em mensagem enviada por e-mail.

Cultuado

Embora Piëch ainda fosse cultuado, seu ataque na semana passada a Winterkorn, uma figura áspera e imponente na opinião de Piëch, foi desferido sem explicações, pois a VW registrou lucros recordes.

Outros líderes do conselho apoiaram Winterkorn prontamente. Mas Piëch se recusou a voltar atrás e, ao invés disso, continuou pressionando para a expulsão de Winterkorn, embora tenha negado publicamente essa iniciativa, de acordo com pessoas a par das ações dele.

“Os acontecimentos das duas últimas semanas levaram a uma perda de confiança entre o presidente do conselho e os demais membros do conselho que se mostrou insuperável nos últimos dias”, disse Berthold Huber, presidente interino do conselho da VW, no sábado.

Além disso, Piëch se viu sozinho a caminho da reunião dos líderes do conselho no pequeno aeroporto de Brunsvique, a 20 minutos de distância de carro ao sudoeste da sede da Volkswagen em Wolfsburg.

Foi uma grande reviravolta em relação ao ano passado, quando a maioria da equipe administrativa da VW compareceu a uma cerimônia na cidade que o nomeou cidadão de honra por ter preservado empregos.

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As duas décadas em que Ferdinand Piëch exerceu uma autoridade inexorável sobre a Volkswagen AG acabaram depois de uma jornada de 805 quilômetros para Brunsvique, uma pequena cidade na região central da Alemanha onde, ainda no ano passado, ele foi celebrado como salvador de empregos.

Piëch estava acostumado a impor suas vontades, mas desta vez foi diferente.

Ele tinha sido convocado para uma reunião de emergência organizada às pressas entre os líderes do conselho fiscal da VW, que foi realizada no sábado depois que Piëch desafiou seus colegas do conselho administrativo sênior ao insistir na expulsão do CEO Martin Winterkorn, de acordo com pessoas a par da situação, que solicitaram o anonimato porque os detalhes são privados.

Piëch tinha pedido na semana passada a Matthias Müller, diretor da unidade Porsche, que se preparasse para assumir o cargo de CEO, disseram as fontes.

Os líderes do conselho já tinham decidido apoiar Winterkorn em uma reunião ocorrida no dia 16 de abril, perto da casa de Piëch, em Salzburg, Áustria .

Na reunião, o presidente do conselho da VW, de 78 anos, ameaçou pedir demissão, acusou Winterkorn de espioná-lo e alegou que seu primo Wolfgang Porsche queria que ele fosse expulso, disseram as fontes.

Os esforços para entrar em contato com Piëch a fim de obter comentários não tiveram sucesso.

Em Brunsvique, Piëch foi novamente confrontado por Wolfgang Porsche, por representantes dos influentes líderes trabalhistas da Volkswagen e pelo governador da Baixa Saxônia, Stephan Weil.

Embora antes Piëch pudesse contar com o apoio do sindicato e do governo por ter salvado empregos na década de 1990, quando a VW enfrentava dificuldades, desta vez ele superestimou o próprio poder.

Com uma clara oposição, ele e a esposa, Ursula Piëch, renunciaram ao conselho da Volkswagen com efeito imediato.

Personalidade importante

“Não é exagero dizer que ele é uma das personalidades mais importantes da história da indústria alemã”, disse Weil, em um comunicado.

Após a renúncia, Piëch continua podendo exercer influência através da matriz Porsche SE, que possui 50,7 por cento das ações ordinárias da VW. Piëch permanece como membro do conselho da Porsche SE e possui cerca de 13 por cento da matriz, de acordo com uma pessoa a par da estrutura de propriedade.

A capacidade que ele tem de impor sua vontade é limitada por acordos que exigem que membros da família votem como um bloco e colocam as ações à venda primeiro para os parentes, disse a fonte.

Piëch, neto de Ferdinand Porsche, o criador do fusca, se tornou CEO da fabricante de veículos em 1993 e presidente do conselho em 2002 depois de ter trabalhado para Porsche e Audi.

Ele tem um legado automotivo quase inigualável: desde o carro de corrida Porsche 917, o sistema Audi quattro de tração nas quatro rodas e o supercarro Bugatti até o uso de alumínio na carroceria dos carros.

“Ele internalizou a regra mais importante do setor automobilístico: um bom produto resolve todos os problemas”, disse Wolfgang Ziebart, ex-membro do conselho da BMW AG que comandou a engenharia na Jaguar Land Rover, em mensagem enviada por e-mail.

Cultuado

Embora Piëch ainda fosse cultuado, seu ataque na semana passada a Winterkorn, uma figura áspera e imponente na opinião de Piëch, foi desferido sem explicações, pois a VW registrou lucros recordes.

Outros líderes do conselho apoiaram Winterkorn prontamente. Mas Piëch se recusou a voltar atrás e, ao invés disso, continuou pressionando para a expulsão de Winterkorn, embora tenha negado publicamente essa iniciativa, de acordo com pessoas a par das ações dele.

“Os acontecimentos das duas últimas semanas levaram a uma perda de confiança entre o presidente do conselho e os demais membros do conselho que se mostrou insuperável nos últimos dias”, disse Berthold Huber, presidente interino do conselho da VW, no sábado.

Além disso, Piëch se viu sozinho a caminho da reunião dos líderes do conselho no pequeno aeroporto de Brunsvique, a 20 minutos de distância de carro ao sudoeste da sede da Volkswagen em Wolfsburg.

Foi uma grande reviravolta em relação ao ano passado, quando a maioria da equipe administrativa da VW compareceu a uma cerimônia na cidade que o nomeou cidadão de honra por ter preservado empregos.

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