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Aterro sanitário;pode gerar US$ 45 milhões em crédito;de carbono

Depois de quatro anos e R$ 6 milhões em investimento inicial, Vega Bahia habilita-se plenamente para a entrada no mercado de créditos de carbono

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Depois de quatro anos de esforço, a Vega Bahia está prestes a entrar no mercado internacional de créditos de carbono. Na próxima semana, a empresa controlada pela belgo-francesa Suez receberá o registro definitivo junto à Organização das Nações Unidas (ONU) do projeto de gestão limpa do aterro sanitário de Salvador. A companhia da área de saneamento detém a concessão do aterro por um prazo de 20 anos. "Desenvolvemos o projeto antes mesmo da definição de regras internacionais e locais sobre os MDLs [mecanismos de desenvolvimento limpo", diz Florent Mailly, gerente de aterros e meio ambiente da Suez Ambiental. O pioneirismo da iniciativa levou a repetidas paralisações do cronograma, à espera do marco regulatório.

Superada a fase de consolidação de normas, especialmente com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, o desafio para quem seguir os passos da Vega será a dificuldade da burocracia da ONU para processar as aprovações de novas metodologias limpas um problema semelhante à dificuldade do INPI brasileiro para registrar marcas e patentes. "Neste aspecto tivemos a sorte de ser um dos primeiros. Hoje, com falta de recursos e estrutura, a ONU acumula uma fila de 15 a 20 pedidos de autorização, o que representa uma grande demora", afirma o gerente.

Só para a elaboração do projeto, a Vega destinou 150 mil dólares e 3 mil horas de consultoria desde março de 2001, quando foram iniciados os primeiros estudos de viabilidade. "Uma das lições do processo é que, como há poucos projetos maduros, também há poucos consultores maduros", diz Mailly. "Consultores e empresas estão aprendendo juntos." (Leia reportagem sobre desafio semelhante na área das parcerias público-privadas).

Investimento

O investimento da Vega em engenharia e equipamentos já consumiu 6 milhões de reais e deve totalizar entre 30 e 40 milhões até 2012. Além da receita gerada pela concessão do aterro, com capacidade total para 18 milhões de toneladas de resíduos, o registro definitivo na ONU habilita a companhia para o ingresso pleno no mercado de créditos de carbono. Com a estimativa de capturar o equivalente a 5 milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2012 (o gás que será queimado é o metano, 21 vezes mais destrutivo que o dióxido de carbono), a Vega Bahia terá direito a 5 milhões de créditos. Como a cotação do crédito de carbono é bastante variável, de 3 dólares na Chicago Climate Exchange até 5 a 7 euros pagos pelo governo holandês, o empreendimento poderá gerar uma receita de 15 a 45 milhões de dólares.

Segundo Mailly, antes mesmo da validação do projeto (uma fase intermediária para o registro na ONU), já havia compradores para os créditos de carbono. "É um mercado com compradores firmes, mas ainda com pouquíssimos ofertantes", diz. O próximo empreendimento da Vega em MDL será no município de Caieiras, na Grande São Paulo.

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