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Até onde a diretoria da Petrobras conseguirá ser (só) técnica

Primeiras indicações mostram que escolhidos têm mais perfil técnico que seus antecessores – mas algumas concessões políticas continuarão

EXAME.com (EXAME.com)

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Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 13 de fevereiro de 2012 às 16h25.

São Paulo – Em seu primeiro dia como presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster já dá mostras de como trabalhará para que a companhia tenha uma gestão menos política e mais voltada a resultados. A nomeação de José Alcides Santoro Martins e José Miranda Formigli Filho para as diretorias de Gás e Energia e Exploração e Produção, respectivamente, é uma mostra disso.

Ambos engenheiros e funcionários de carreira, os executivos foram escolhidos por suas habilidades técnicas e, claro, por serem pessoas de confiança de Graça. Como ela, os dois são funcionários de carreira, técnicos, que sabem exatamente o que devem fazer para apresentar melhores resultados em suas funções.

“Na gestão Gabrielli, os diretores tinham mais autonomia, já que ele não tinha tanto conhecimento técnico. Agora, os diretores são técnicos o suficiente para mostrarem desempenho e cumprirem metas, estipuladas e acompanhadas de perto pela nova presidente”, afirma Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Porém, nem só de experiência técnica viverá a nova diretoria da estatal. Por mais que a companhia tenha cobranças por resultados maiores agora, os escolhidos também terão de aprender a lidar com as preocupações políticas do governo Dilma. “É o mesmo desafio imposto a Graça que, mesmo engajada na política, terá que atender os desejos dos sindicatos e governo, sem deixar de trazer bons resultados”, diz Pires.

Quem são eles

Com experiência de 32 anos na companhia, José Alcides era gerente-executivo de Operações e Participações em Energia antes de ser escolhido para substituir Graça na diretoria de Gás e Energia da estatal. Ele assumiu diversos cargos gerenciais em sua carreira na Petrobras, incluindo a de diretor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) entre maio de 2005 e junho de 2006.

José Alcides é engenheiro civil formado pela Universidade de São Paulo (USP), pós-graduado em geotecnia pela PUC-Rio e pós-graduado em planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade de Campinas (Unicamp).

Para o cargo de diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Miranda Formigli foi escolhido para substituir Guilherme Estrella, que deixa a empresa. Há 29 anos na empresa, Formigli ocupa desde maio de 2008 o cargo de gerente-executivo de Exploração e Produção do pré-sal. Ainda não preenchido, o cargo é um dos mais cobiçados na empresa hoje, já que seria responsável pelo desenvolvimento da exploração na camada do pré-sal na Bacia de Santos.

Formigli Filho é formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e exerceu na petroleira funções de fiscal da atividade offshore, gerente de produção na Bacia de Campos (RJ), gerente do ativo Marlim, gerente-executivo de Exploração e Produção-Serviços e de Exploração e Produção-Engenharia de Produção.

É membro de entidades internacionais, como a Sociedade dos Engenheiros de Petróleo e a Sociedade de Tecnologia Submarina. Formigli tem MBA em Gestão Empresarial pelo Instituto de pós-graduação e pesquisa em Administração (Coppead) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Nova diretoria

Mas é a criação de outra diretoria que mostra que Graça não estará, de modo algum, imune às interferências políticas do governo. Está para ser criada a diretora corporativa e de serviços – que não existe no organograma da estatal. A proposta ainda deve ser avaliada pelo

s acionistas da companhia em assembleia geral.
Criar diretorias e remanejar cargos não é algo incomum em empresas de qualquer setor. A questão, para os especialistas, é que o candidato à vaga não tem o perfil técnico dos outros indicados por Graça – um sinal de que a empresa continua, afinal de contas, na mira dos políticos. O nome mais cotado para a nova diretoria é o de José Eduardo Dutra, ex-presidente da própria estatal e também ex-presidente do PT, o partido de Dilma.

“Se acontecer, será uma nomeação puramente política, que mostra que Graça tem poder para tocar a empresa de uma maneira mais objetiva, mas com uma independência parcial”, afirma Pires. Sem dúvida, ainda será preciso muita técnica para Graça Foster equilibrar as demandas do mercado com a interferência do governo.

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