As 6 perguntas mais comuns sobre os investimentos da Petrobras
Estatal detalha a estratégia para investir em refinarias em reunião com analistas do Santander
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2010 às 06h15.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.
São Paulo - Entre 2010 e 2014, a Petrobras pretende investir 224 bilhões de dólares. Para arcar com o plano, a estatal protagonizou, no terceiro trimestre, a maior capitalização do mundo, levantando 120 bilhões de dólares no mercado. Desde que foi anunciado, porém, o programa de investimentos vem despertando dúvidas entre os analistas de mercado. Uma delas é a maior ênfase da Petrobras nos chamados investimentos “downstream” – aqueles que focados nos elos mais à frente da cadeia produtiva, onde os produtos têm maior valor agregado. A área de refino, transporte e comercialização, por exemplo, receberá 73,6 bilhões de dólares, ou 33% do total. Entre as iniciativas, estão a construção de refinarias Premium e a polêmica parceria com a PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo, nas obras da refinaria Abreu e Lima. Em reunião com o banco Santander, diretores da Petrobras trataram das seis dúvidas mais freqüentes quanto aos investimentos downstream programados. As respostas são baseadas em relatório do banco assinado pelos analistas Christian Audi e Vicente Falanga Neto.
Para a estatal, há dois motivos. O primeiro é aproveitar o crescimento do mercado nessas áreas downstream. O outro é preservar as margens da operação. Na reunião com o Santander, a Petrobras afirmou que espera um contínuo aumento da demanda por combustíveis na próxima década, puxado pelo maior poder aquisitivo da população. O maior consumo pode ser suprido tanto pela produção local de derivados, quanto pela importação. A Petrobras acredita, porém, que se os derivados forem importados, os ganhos cairiam em aproximadamente 4,7 bilhões de reais em 2020. Segundo a empresa, este também é um modo de se antecipar a um esperado movimento do mercado: em alguns anos, a legislação brasileira deve proibir o uso de combustíveis de baixa qualidade em caminhões e automóveis de frota.
Segundo a Petrobras, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, não pode ser comparada a outros projetos por duas razões. Parte do óleo que será tratado na unidade é de baixa qualidade, e virá da Venezuela. Para processá-lo, serão dois trens de refino (conjunto de torres de tratamento), com capacidade individual de 115.000 barris equivalentes de petróleo por dia. Mesmo que a venezuelana PDVSA desista de participar do projeto por falta de recursos para financiá-lo, a Petrobras afirma que essas duas linhas de produção continuarão no plano de compras. A única modificação no projeto seria a exclusão de um equipamento de tratamento de enxofre, o que reduziria os custos entre 300 e 400 milhões de dólares - de um total estimado em 12,5 bilhões.
No encontro com os analistas do Santander, a Petrobras não divulgou uma cifra específica para esses projetos, mas afirmou que eles deverão ser mais baratos que a refinaria de Abreu e Lima. Uma parte dos custos será abatida pela competição promovida entre grandes fornecedores. A disputa foi vencida pela americana UOP LLC, que assinou os contratos no início de novembro. A companhia vai fornecer os projetos básicos e os primeiros detalhamentos da Premium I, que será erguida no Maranhão, e da Premium II, no Ceará. Além disso, a Petrobras espera que os benefícios fiscais sejam plenamente capturados pelos dois projetos - o que não deve ocorrer com a planta de Abreu e Lima. A redução de custos e benefícios fiscais, segundo a empresa, pode levar a uma revisão do orçamento dessas obras para baixo.
Segundo relatado pelos analistas do Santander, a Petrobras espera que o retorno dos investimentos downstream fique na faixa de 8% a 9%, em linha com o custo de capital desses projetos.
A diretoria da empresa afirmou aos analistas do Santander que, se o mercado não confirmar as expectativas da empresa para a demanda de combustíveis, há total flexibilidade para remanejar os investimentos. Um ponto que permitiria mais rapidez a essa revisão é o fato de que, atualmente, 50% dos investimentos previstos se encontrarem na fase preliminar.
Para os analistas do Santander, o encontro com a diretoria da Petrobras terminou com a percepção de que não haverá mudanças no preço dos derivados de petróleo, no curto prazo. O reajuste da gasolina e do diesel seriam medidas para compensar o aumento dos custos dos projetos downstream, mas o banco não acredita em algo do tipo para breve.
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