Negócios

O que Vitor Belfort pode ensinar sobre gestão de empresas

Belfort lidera uma equipe invicta de MMA em um reality show – e, acredite, não é com chutes e pontapés que consegue isso

Vitor Belfort: lutador tem se mostrado um hábil líder de equipe em reality show (Divulgação)

Vitor Belfort: lutador tem se mostrado um hábil líder de equipe em reality show (Divulgação)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 18 de abril de 2012 às 10h12.

São Paulo – Treinar uma equipe de artes marciais mistas (MMA) deve ser muito simples, não é? Muitos exercícios físicos e gritos de “trucida ele” para manter os lutadores com a adrenalina nas nuvens, enquanto se socam e se chutam no octógono.

Se você pensa assim, junte oito marmanjos musculosos, aplique esse método e coloque-os para lutar com a equipe que Vitor Belfort, uma das lendas do MMA, está treinando na versão brasileira do reality show The Ultimate Fighter, transmitido pela Globo. O programa dará aos vencedores de duas categorias (peso-pena e peso-médio) um contrato com o UFC, o maior campeonato de MMA do mundo.

Um detalhe: a equipe verde, de Belfort, venceu todas as lutas que travou até aqui contra a equipe azul, liderada pelo também respeitado lutador Wanderlei Silva. E, não, Belfort não obteve esses resultados na base da porrada (isso, só no ringue). Fora, o lutador tem se mostrado um hábil líder, capaz de motivar sua equipe e administrá-la de modo eficiente. Seus métodos podem servir de inspiração para executivos que precisam levar sua equipe para a luta contra os adversários mais ferozes do mercado. Veja alguns deles:

Aposte em um bom time e não em lutadores

Logo no primeiro episódio, a equipe verde, de Vitor Belfort, e a azul, de Wanderlei Silva, disputam na sorte para ver quem terá a vantagem de escolher o primeiro lutador ou de escolher a primeira luta. Wanderlei ganha e decide chamar seu primeiro lutador, o peso-pena Rony Jason, ganhador de várias outras lutas. “O cara tá ali pronto para lutar com qualquer um”, diz o Silva.

Ao que parece, a decisão de Wanderlei não amedronta Belfort. Pelo contrário: Vitor acha que teve uma vantagem sobre a turma oponente. “Fiquei com o direito de escolher as lutas e, com isso, casá-las de forma positiva para o meu time na competição”, disse Belfort.
Para a primeira luta, Belfort escolhe seu peso-pena Godofredo Pepey para lutar com Wagner Galeto. “Galeto foi o que lutou pior na noite e, na cabeça dos próprios treinadores, ele é o que pode perder mais fácil e isso faz com que a autoconfiança dele diminua”. Dito e feito. A vitória foi de Pepey.


Nenhum lutador é mais importante que outro

O peso-pena Anistávio Gasparzinho fica chateado por ser o último a ser escolhido na seleção das equipes. No grupo verde, ele não disfarça seu desconforto e, pressionado a falar, assume que está preocupado porque acha que Vitor o considera o lutador mais irrelevante.

“Olha aqui, cara, eu adorei a sua luta. Até posso ter uma relação mais próxima com alguns de vocês, mas todos são importantes para mim. Na hora da escolha, eu olhei no olho de cada um de vocês e pensei que queria vocês ao meu lado. Por isso, vocês estão aqui”, diz o treinador.

Faça parte da equipe

No primeiro treino de sua equipe, Vitor não escondia a animação em receber os lutadores. “Eu estou me sentindo parte do time. Sinto que eu estou me preparando com vocês para a luta”, disse o treinador sem deixar passar nenhum movimento de seus pupilos. “Nós somos uma família, nós vamos criar laços eternos aqui. Vamos treinar, vamos nos divertir. Eu quero todo mundo animado pra treinar.”

Respeite o adversário

Depois da vitória, Pepey e os demais lutadores da equipe verde comemoram aos gritos a derrota do adversário. Vitor logo tratou de abafar o festejo e acabar com a uma série de apelidos dado ao perdedor.

“Um a zero, a gente não comemora”, disse o treinador. “Não quero apelido, não quero que eles torçam de maneira ofensiva, não quero comemorações exuberantes, nem falta de respeito com os adversários”. Depois da bronca, ainda tratou de alertar a equipe. “Lembrem-se de que, quanto mais respeito eu tenho, mais autoridade eu tenho.”


A vitória de um é o sucesso de todos

Com a vitória de Godofredo Pepey, Vitor Belfort continuou com a opção de escolher os dois lutadores que se enfrentariam na luta seguinte. Assim como aconteceu na outra categoria, seu time levou a melhor: Daniel Sarafian venceu Renée Forte por finalizar a luta com um mata-leão no segundo round e garantiu sua vaga nas semifinais.

Depois da luta, a equipe comemorou. “A gente é competidor e competidor dá o seu melhor. Você deu o seu melhor e ganhou”, disse Belfort ao lutador vitorioso. “Sempre a nossa mente controla nosso corpo, não podemos esquecer isso”. A equipe rezou junta em agradecimento.

Assuma o erro pela equipe

Gasparzinho, da equipe verde, é a pessoa mais animada da casa. Agitado, não se cansa de brincar, cantar, falar... e, com isso, incomodar outros lutadores. Por ter atrapalhado o sono de quase todo time azul, um dia antes da escolha de qual lutador peso-pena lutaria no dia seguinte, Gasparzinho deixou Rony Jason, da equipe adversária, nervoso o suficiente para não deixar que ninguém mais na casa dormisse em paz.

No dia seguinte, Jason foi até a sala de concentração da equipe verde contar o que acontece a Vitor e pedir desculpas pelo que fez. “Eu é que peço desculpas. Qualquer coisa que houver de errado na minha equipe, eu tenho de corrigir, mesmo porque o erro deles é um erro meu”, disse o treinador. “Gostei muito de você ter vindo aqui falar do que não gostou e também admitir seu erro. Seria mais nobre se você não tivesse que pedir desculpas da próxima vez”. 

Acompanhe tudo sobre:gestao-de-negociosLiderançaMotivação

Mais de Negócios

Como o Grupo L’Oréal quer se tornar a beauty tech número 1 do mundo a partir do mercado brasileiro?

De olho em cães e gatos: Nestlé Purina abre nova edição de programa de aceleração para startups pets

ICQ, MSN, Orkut, Fotolog: por que essas redes sociais que bombavam nos anos 2000 acabaram

Franquias crescem 15,8% e faturam R$ 121 bilhões no primeiro semestre

Mais na Exame