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"As empresas não são perfeitas", diz vice-presidente da Danone

Juan Garibaldi, executivo na América Latina, afirma que as corporações relutam em assumir seus erros. A tecnologia, no entanto, revela as imperfeições

Trabalhador na linha de produção de iogurtes de uma fábrica da Danone (Guenter Schiffmann/Bloomberg)

Trabalhador na linha de produção de iogurtes de uma fábrica da Danone (Guenter Schiffmann/Bloomberg)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 18h51.

Mendoza, Argentina -- Toda empresa gera algum impacto, seja ambiental, social ou ambos. Reconhecer os problemas criados pela própria atuação, no entanto, é algo raro no meio corporativo. “Há anos, as companhias relutam em se aceitar como imperfeitas”, afirma Juan Garibaldi, vice-presidente da francesa Danone, umas das maiores empresas de alimentos do mundo. Esse estado de negação, no entanto, é inviável de se manter em virtude da capacidade tecnológica atual. A facilidade de se obter e divulgar todo tipo de informação e dados sobre as empresas as deixa expostas ao público e vulneráveis. A saída é mudar a forma de atuar.

Para Garibaldi, a Danone é imperfeita. Isso não impede que ela tenha uma atuação responsável e contribua para o desenvolvimento da sociedade. “O que precisamos fazer é identificar as imperfeições e trabalhar para corrigir", diz Garibaldi. O executivo participa de um evento do Sistema B, movimento global que defende a responsabilidade socioambiental nas empresas, realizado em Mendoza, na Argentina.

Na Danone, essa postura se reflete em, por exemplo, reconhecer a responsabilidade pelo plástico utilizado nas embalagens e desenvolver programas de reciclagem. A preservação das fontes de água potável é outra preocupação da companhia, que desenvolve projetos para promover a universalização do acesso. Toda ação compensatória, no entanto, será sempre insuficiente, por isso a necessidade de se criar uma cultura de monitoramento e controle sobre o que se deve, e o que não se deve fazer. “Somos a primeira geração a se dar conta das consequências da atividade empresarial e a última que pode fazer alguma coisa para resolver os problemas”, diz Garibaldi.

Presente ao evento, Guilherme Leal, fundador da fabricante de cosméticos Natura, concorda com o executivo. “Não há perfeição”, afirma Leal. “O que existe é um processo contínuo de aperfeiçoamento. ” A Natura foi a primeira empresa de capital aberto a se certificar pelo Sistema B, globalmente. Já a Danone tem oito de suas subsidiárias certificadas, incluindo a operação nos Estados Unidos, a maior empresa B do mundo.

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