Linha de montagem da Ford em Camaçari, na Bahia: incertezas sobre os rumos da pandemia do novo coronavírus e a velocidade de recuperação da economia deixam empresários cautelosos (Divulgação/Divulgação)
Denyse Godoy
Publicado em 13 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 21h58.
Sai hoje o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), elaborado a partir de uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na semana em que a montadora americana Ford anunciou a sua saída do Brasil após 101 anos, eliminando 5 mil empregos, é bom mesmo prestar mais atenção no humor desse setor da economia.
À notícia do encerramento das operações da Ford, na terça-feira (11), a CNI reagiu dizendo que a decisão deve acender um alerta para todas esferas da administração pública, além do Legislativo: é vital aprovar com urgência medidas que reduzam o malfadado “custo Brasil”, começando pela reforma tributária. A montadora americana atribuiu a uma mudança de estratégia comercial o fim de sua história no país.
A CNI espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor industrial suba 4,4% neste ano ante 2020, enquanto o país deve crescer 4%. Na avaliação da entidade, esse avanço depende, porém, da melhoria do ambiente de negócios.
Desde 2018 os industriais começam o ano otimistas. Em janeiro de 2020, o ICEI bateu 65,3 pontos, o nível mais alto da década. A escala vai até 100 pontos. Leituras acima de 50 pontos significam confiança; abaixo, falta de confiança. Em dezembro passado, estava em 63,1 pontos.
Neste ano, a incerteza em relação aos rumos da pandemia do novo coronavírus mantém empresários de todos os setores preocupados. A vacinação contra a covid-19 já começou em vários países e está prestes a ser iniciada no Brasil, mas não dá para prever quanto tempo vai demorar para normalizar a atividade. O risco de uma nova quarentena também não está afastado, pois o país está sofrendo com uma violenta segunda onda da covid-19. Sem os bilhões de reais do auxílio emergencial irrigando a economia, o consumo das famílias pode recuar, desincentivando as indústrias a aumentar a produção e investir – o que alavanca a economia.
Saber o que os industriais estão pensando e sentindo é importante para ajudar a traçar cenários para o ano.