Camila Nasser, da Kria: queremos escalar o negócio de crowdfunding no Brasil (Kria/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 11 de janeiro de 2024 às 10h00.
Última atualização em 11 de janeiro de 2024 às 15h43.
Pioneira entre as ferramentas de crowdfunding para investimentos em startups, a Kria começa o ano com uma nova estratégia para escalar o seu modelo de negócios.
A plataforma funciona como uma espécie de espaço para "vaquinhas", selecionado as empresas e estruturando um modelo de oferta para que investidores pessoas físicas possam colocar dinheiro em troca de capital por participação acionária.
Com mais de R$ 136,8 milhões captados desde que entrou em mercado em 2014, a empresa pretende estar mais próxima de micro fundos de venture capital e apresentar mais startups a potenciais investidores. Atualmente, a plataforma conta com uma base de 60.000 CPFs. Entre eles, mais de 8.000 já investiram nas mais de 100 startups com ofertas estruturadas pela empresa. O tíquete médio fica em torno de R$ 8.500.
O primeiro parceiro é o Equity Rio, um micro VC criado no estado do Rio de Janeiro. Especializado em investimentos em anjo e pré-seed, o fundo foi criado em 2018 pelos executivos Bruno e Leonardo Pauletti. No portfólio, reúne cerca de 30 investidas como a fintech Iugu e a edtech Driven.
Com o acordo, a Equity Rio vai selecionar startups e apresentá-las para a comunidade da Kria, abrindo oportunidades para investimento em empresas de finanças, saúde, agritech, web3, blockchain e energia. O fundo também se compromete em liderar os aportes nas ofertas públicas das startups.
“No nosso modelo, a Equity Rio compartilha o motivo de estar investindo, faz um processo robusto de diligência, de seleção do empreendedor e dá o carimbo deles. E nós estruturamos a oferta, preparando todos os materiais, os contratos de investimento e a distribuição para a rede de investidores”, afirma Camila Nasser, CEO da Kria desde 2020.
A relação entre as duas empresas começou há cerca de dois anos, a partir de trocas no ecossistema de inovação e também de investimentos em startups como a Question Mark, de iogurtes naturais e à base de plantas, e a Flip Saúde (antiga Axxess).
Com o acordo, a estimativa é de que a Equity Rio apresente uma startup com potencial de investimento a cada dois meses. No histórico, a Kria tem apresentado à sua base uma média de 8 oportunidades anualmente - em 2023, diante de um cenário mais restritivo, esse número caiu e ficou em apenas 3.
A partir da nova estratégia, a plataforma quer ampliar as captações, compartilhando o papel de curador e de selecionador com os novos parceiros, que também assumem a liderança da rodada. Até então, a Kria entrava em todos os deals, embora não necessariamente como principal aportador.
“Quando lá atrás nós decidimos que não seríamos um marketplace é porque não queríamos abrir mão da curadoria. A parceria com o Equity Rio e com esse tipo de player de micro VCs é a forma que encontramos de escalar a curadoria. Nós selecionamos muito bem o nosso parceiro e, dessa forma, conseguimos ampliar, sem abrir mão da curadoria”, afirma Nasser.
Segundo a executiva, a Kria já está em conversas com outros micro VCs e deve fechar o ano com outros quatro parceiros. A expectativa é de validar o modelo ao longo deste ano e avançar para uma estrutura robusta a partir de 2025.
A mudança de postura acompanha a evolução do setor de crowdfunding, modalidade cada vez mais conhecida como um caminho alternativo para que pequenos investidores possam aportar capital em negócios embrionários e de inovação.
Recentemente, a oferta da positiv.a, marca ecológica de produtos de limpeza e autocuidado, registrou a maior captação na história do equity crowdfunding do Brasil. Em pouco mais de dois meses, a empresa obteve R$ 8, 3 milhões, com recursos oriundos de 188 investidores.