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Após gafes da Oi, investidores apostam que agora é diferente

Após anos de promessas não cumpridas para reduzir a dívida de mais de US$ 10 bilhões, a Oi está levando o assunto a sério, para a alegria de detentores de bonds

Oi: detentores de bonds da Oi foram surpreendidos nos últimos meses por uma série de acontecimentos intrigantes (Nacho Doce/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2015 às 21h10.

Após anos de promessas não cumpridas para reduzir a dívida de mais de US$ 10 bilhões, a Oi SA finalmente está levando o assunto a sério.

A empresa de telefonia com sede no Rio de Janeiro está concluindo a venda de seus ativos portugueses por cerca de R$ 20 bilhões (US$ 6,7 bilhões) -- dinheiro que será usado para reduzir a alavancagem.

A Oi cortou mais de 1.000 postos de trabalho em abril e contratou o Credit Suisse Group AG para vender call centers que empregam outros 19.000, ou cerca de 11 por cento de sua mão de obra total.

As medidas são bem-vindas para os detentores de bonds da Oi, que foram surpreendidos nos últimos meses por uma série de acontecimentos intrigantes.

No espaço de três meses, o CEO pediu demissão inesperadamente, a empresa contratou um banco para trabalhar em uma aquisição pela qual provavelmente não podia pagar e disse que não sabia nada sobre um empréstimo de um bilhão de dólares feito por um sócio de fusão que depois não foi pago.

Esses graves erros fizeram com que as notas da Oi despencassem e atingissem uma mínima recorde em março antes de protagonizarem um rali de 15 por cento depois que as mudanças da empresa conquistaram os investidores.

“Os mercados, pelo menos por enquanto, estão dispostos a dar algum benefício da dúvida a eles de que as coisas estão começando a melhorar”, disse Robert Jaeger, analista do Société Générale, por telefone, de Londres. “Foi uma situação muito confusa”.

A Oi poderá usar os recursos da venda de ativos para comprar de volta parte de seus bonds ou estender vencimentos de dívidas, que totalizavam US$ 10,9 bilhões no final do primeiro trimestre, disse o CEO Bayard Gontijo em uma entrevista em Nova York na semana passada.

A empresa, classificada como junk (grau especulativo), estima que a venda será concluída no mês que vem e medirá o interesse dos detentores de bonds em reuniões com investidores no início de junho, disse ele.

‘Extremamente importante’

“Nós reconhecemos que a alavancagem da empresa é alta e temos que lidar com isso”, disse Gontijo, terceiro CEO da Oi em menos de dois anos. “Nós acreditamos que podemos melhorar o perfil da dívida estendendo prazos e reduzindo custos. Isso é extremamente importante. O que queremos para o futuro é reconquistar nosso grau de investimento”.

Em 4,17 vezes, a razão de dívida líquida/lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Oi é muito maior que a das rivais brasileiras TIM Participações SA e Telefônica Brasil SA. Elas têm uma alavancagem de 0,62 vezes ou menos.

A Standard Poor’s e a Fitch Ratings tiraram o grau de investimento da Oi depois que a Rioforte Investments SA, uma subsidiária do Espírito Santo International, com sede em Lisboa, deu um calote de 897 milhões de euros (US$ 1 bilhão) em papeis comerciais em julho para a Portugal Telecom SGPS -- empresa que estava em processo de fusão com a Oi.

Recuperação dos bonds

Cerca de um mês depois, a Oi, menor operadora de telefonia do Brasil, disse que contratou o Banco BTG Pactual SA para trabalhar na aquisição da participação da Telecom Italia SpA na unidade brasileira TIM.

E então, no dia 7 de outubro, o CEO Zeinal Bava se demitiu, criando um vazio na liderança em um momento em que as rivais adotavam medidas para aumentar sua participação de mercado na maior economia da América Latina. Gontijo, que era diretor financeiro na época, foi nomeado CEO interinamente e posteriormente ficou com o emprego de forma permanente.

Os equívocos empurraram os US$ 1,5 bilhão em bonds da emissão para 2022 a uma mínima histórica de 77,68 centavos de dólar no dia 26 de março.

Desde então, os papéis se recuperaram para 88,45 centavos, pressionando os yields para baixo em 8 por cento.

“Estamos começando a ver pequenas parcelas de credibilidade entrando em campo”, disse John Haugh, estrategista da Mizuho Securities Co. para a América Latina, por telefone, de Nova York. “Essa credibilidade está sendo refletida no preço do bond. Eles estão no caminho certo para desalavancar a empresa e dimensionar corretamente o negócio”.

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Após anos de promessas não cumpridas para reduzir a dívida de mais de US$ 10 bilhões, a Oi SA finalmente está levando o assunto a sério.

A empresa de telefonia com sede no Rio de Janeiro está concluindo a venda de seus ativos portugueses por cerca de R$ 20 bilhões (US$ 6,7 bilhões) -- dinheiro que será usado para reduzir a alavancagem.

A Oi cortou mais de 1.000 postos de trabalho em abril e contratou o Credit Suisse Group AG para vender call centers que empregam outros 19.000, ou cerca de 11 por cento de sua mão de obra total.

As medidas são bem-vindas para os detentores de bonds da Oi, que foram surpreendidos nos últimos meses por uma série de acontecimentos intrigantes.

No espaço de três meses, o CEO pediu demissão inesperadamente, a empresa contratou um banco para trabalhar em uma aquisição pela qual provavelmente não podia pagar e disse que não sabia nada sobre um empréstimo de um bilhão de dólares feito por um sócio de fusão que depois não foi pago.

Esses graves erros fizeram com que as notas da Oi despencassem e atingissem uma mínima recorde em março antes de protagonizarem um rali de 15 por cento depois que as mudanças da empresa conquistaram os investidores.

“Os mercados, pelo menos por enquanto, estão dispostos a dar algum benefício da dúvida a eles de que as coisas estão começando a melhorar”, disse Robert Jaeger, analista do Société Générale, por telefone, de Londres. “Foi uma situação muito confusa”.

A Oi poderá usar os recursos da venda de ativos para comprar de volta parte de seus bonds ou estender vencimentos de dívidas, que totalizavam US$ 10,9 bilhões no final do primeiro trimestre, disse o CEO Bayard Gontijo em uma entrevista em Nova York na semana passada.

A empresa, classificada como junk (grau especulativo), estima que a venda será concluída no mês que vem e medirá o interesse dos detentores de bonds em reuniões com investidores no início de junho, disse ele.

‘Extremamente importante’

“Nós reconhecemos que a alavancagem da empresa é alta e temos que lidar com isso”, disse Gontijo, terceiro CEO da Oi em menos de dois anos. “Nós acreditamos que podemos melhorar o perfil da dívida estendendo prazos e reduzindo custos. Isso é extremamente importante. O que queremos para o futuro é reconquistar nosso grau de investimento”.

Em 4,17 vezes, a razão de dívida líquida/lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Oi é muito maior que a das rivais brasileiras TIM Participações SA e Telefônica Brasil SA. Elas têm uma alavancagem de 0,62 vezes ou menos.

A Standard Poor’s e a Fitch Ratings tiraram o grau de investimento da Oi depois que a Rioforte Investments SA, uma subsidiária do Espírito Santo International, com sede em Lisboa, deu um calote de 897 milhões de euros (US$ 1 bilhão) em papeis comerciais em julho para a Portugal Telecom SGPS -- empresa que estava em processo de fusão com a Oi.

Recuperação dos bonds

Cerca de um mês depois, a Oi, menor operadora de telefonia do Brasil, disse que contratou o Banco BTG Pactual SA para trabalhar na aquisição da participação da Telecom Italia SpA na unidade brasileira TIM.

E então, no dia 7 de outubro, o CEO Zeinal Bava se demitiu, criando um vazio na liderança em um momento em que as rivais adotavam medidas para aumentar sua participação de mercado na maior economia da América Latina. Gontijo, que era diretor financeiro na época, foi nomeado CEO interinamente e posteriormente ficou com o emprego de forma permanente.

Os equívocos empurraram os US$ 1,5 bilhão em bonds da emissão para 2022 a uma mínima histórica de 77,68 centavos de dólar no dia 26 de março.

Desde então, os papéis se recuperaram para 88,45 centavos, pressionando os yields para baixo em 8 por cento.

“Estamos começando a ver pequenas parcelas de credibilidade entrando em campo”, disse John Haugh, estrategista da Mizuho Securities Co. para a América Latina, por telefone, de Nova York. “Essa credibilidade está sendo refletida no preço do bond. Eles estão no caminho certo para desalavancar a empresa e dimensionar corretamente o negócio”.

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