Negócios

Startup que cuida de “dores de cabeça” do setor de pagamentos prevê investimentos de R$ 15 milhões

A Malga, fundada no Rio de Janeiro, pretende processar mais de 40 milhões de transações e movimentar em torno de 2 bilhões de reais

Marcel Nicolay, Alex Vilhena e Thiago Garuti, da Malga: queremos crescer 10 vezes em 2023 (Malga/Divulgação)

Marcel Nicolay, Alex Vilhena e Thiago Garuti, da Malga: queremos crescer 10 vezes em 2023 (Malga/Divulgação)

No mercado desde meados de 2021, a Malga, startup de processamento de pagamentos, pretende acelerar a sua a solução e investir 15 milhões de reais ao longo de 2023. A empresa atua na intrincado indústria de pagamentos brasileiro, que reúne um número variado de meios e gera muitas "dores de cabeça" para as empresas.

“O ambiente no Brasil é quase hostil. Eu rodei sistema de pagamento ao redor do mundo, em quase todos continentes com exceção da Antártida. E o Brasil é um dos mercados mais difíceis”, afirma Vilhena, cofundador e CEO da Malga.

Entre os principais problemas, estão questões como:

  • Transações negadas
  • Alto custo de processamento
  • Necessidade de integração com diferentes produtos – cartões de débito e crédito e soluções locais como PIX e boleto e suas variações, como boleto parcelado e à vista.

De acordo com dados da Visa, 23% das transações no Brasil são recusadas por diversos motivos, entre os falha de conexão entre adquirente, bandeira e banco emissor, problemas de processamento, timeout e falsos positivos, quando há suspeitas de fraude.

Como muitas dessas compras não são refeitas, no fim do dia isso significa perdas que giram em torno de alguns bilhões de reais por ano.

Segundo Vilhena, a Malga tem conseguido recuperar cerca de 15% das transações negadas. "Sem reduzir a segurança, nós criamos um fluxo inteligente em toda a transação para não permitir que sejam reprovadas”, afirma.

No ano passado, a startup registrou mais 5 milhões de transações trafegando pelo seu sistema e que movimentaram 150 milhões de reais. Para 2023, a expectativa é bem mais agressiva, avançar para 40 milhões transações e girar em torno de 2 bilhões de reais.

Atingido o número, a Malga estima um crescimento de 10 vezes sobre o valor faturado em 2022, ano em que expandiu o negócio em 524%. A empresa não revelou qual foi a quantia.

Atualmente, a empresa conta com 35 clientes, entre empresas do setor como bilheterias digitais, entrega e venda de comida, edtechs, martkeplaces, multinacionais e empresas do mercado de multimoedas.

"Depois que ficamos mais maduros, passamos ver uma aderência forte em segmentos mais criteriosos com tecnologia de pagamentos seja pela disponibilidade, segurança e risco, taxa de aprovação, ou margem pequena", afirma Vilhena.

Como funciona o serviço da Malga

A empresa criou uma API para facilitar a conexão entre a complexa indústria de pagamentos. Com um formato modular, a exemplo de um lego, a ferramenta permite que as empresas integrem os seus sistemas a diversos provedores de pagamentos.

Entre eles, adquirentes, bancos e antifraudes e processem transações feitas com cartões, boletos, PIX e carteiras digitais.

Além disso, o modelo startup funciona como um sistema de roteamento. Quando uma operação não é processada por um servidor, entra um substituto.

Como a empresa foi criada

Por trás da startup, estão três amigos de longa data. Vilhena trabalhava no escritório de Madri, na Espanha, da Braintree, plataforma de pagamentos adquirida pelo PayPal em 2013, quando teve a ideia em meados de 2019.

O passo seguinte foi compartilhá-la com os outros dois amigos, também atuantes na indústria de processamento de pagamentos. Thiago Garuti, COO e ex-Medicinae Solutions, fazia integrações de sistemas, e Marcel Nicolay, CTO e ex Zoop e ex Gympass, desenvolvia as infraestruturas.

Passados alguns meses depois, a Malga, então sob o nome de Plug Pagamentos, recebeu o primeiro aporte no começo de 2020, uma rodada de U$ 300 mil dólares captada com investidores pessoas físicas, profissionais do mercado de pagamentos e também family & friends.

O desenvolvimento levou um ano e a operação começou em março de 2021, processo que foi sucedido por uma aceleração na Y Combinator.

No mesmo ano, a startup obteve uma rodada de capital semente 2,7 milhões de dólares, com participação dos fundos QED, Verve Capital, Latitud e Norte Ventures. Em 2022, o valor foi ampliado, totalizando 6,5 milhões de dólares, extensão liderada pelo Costanoa, um fundo de investimentos em empresas early stage.

Como os 15 milhões de reais serão investidos

Entre as iniciativas para fomentar o crescimento, a startup tem principal destino dos 15 milhões de reais o fortalecimento do produto e a introdução de novas funcionalidades. Uma inovação para os próximos meses é prover mais autonomia aos clientes, permitindo que habilitem ou desabilitem um determinado provedor de pagamentos.

A estratégia passa também por investimentos em vendas e marketing, áreas que receberão 15% dos R$ 15 milhões previstos para este ano. Os outros 15% serão destinados a iniciativas de cultura e engajamento do time, composto por cerca de 50 profissionais.

Consolidada a estrutura no Brasil, a Malga pretende começar a fincar os pés em outros países da América Latina, onde já atuam de forma "reativa". A expectativa é de que o cenário comece a se tornar uma realidade a partir do terceiro ou quarto trimestre.

LEIA TAMBÉM:

De botequeiro a empreendedor: ele fatura R$ 2,5 milhões com a venda de cachaça de jambu

Exact Sales compra Magic Write, startup que faz sites, blogs e anúncios com inteligência artificial

Startup com foco em crianças com autismo recebe aporte de mais de R$ 50 milhões

Escola de tecnologia de tricampeão brasileiro de robótica capta mais de R$ 23 milhões

Acompanhe tudo sobre:meios-de-pagamentoStartups

Mais de Negócios

O negócio dele resolve problemões na saúde e, de quebra, fatura milhões

Desenrola Pequenos Negócios: como PMEs podem renegociar dívidas com descontos de até 95%

CMR Surgical cresce e impulsiona cirurgia robótica na América Latina

Esta montadora que nasceu numa universidade da China vai investir US$ 1 bilhão no Brasil