Cielo: analistas estão pouco otimistas com os resultados da companhia (Cielo/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2019 às 06h45.
Última atualização em 23 de julho de 2019 às 12h11.
Antes dona absoluta do mercado de pagamentos no Brasil, a empresa de pagamentos Cielo vive dias difíceis. No segundo trimestre de 2019, período sobre o qual reporta resultados nesta terça-feira, 23 (após o fechamento do mercado), a empresa viu a concorrente Rede, do Itaú, zerar em abril sua taxa de antecipação de recebíveis e acirrar ainda mais a competição na chamada “guerra das maquininhas”.
Controlada por Bradesco e Branco do Brasil, a Cielo vai ser a primeira do setor a mostrar os potenciais estragos dessa concorrência galopante. (Concorrentes como Stone e PagSeguro só reportam resultados em agosto.)
Os analistas estão pouco otimistas. No meio da guerra, a Cielo é uma das que mais têm a perder — para além do que já perdeu.
O lucro caiu de 4 bilhões de reais em 2017 para o que pode chegar a menos de 2 bilhões neste ano, e a margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que já foi de mais de 40%, pode terminar 2019 na casa dos 20%.
Os resultados do primeiro trimestre já mostraram queda na margem em relação a 2018 e faturamento apenas estável, ao mesmo tempo em que os gastos cresceram mais de 40%.
Enquanto isso, a Cielo tem de continuar investindo pesado em marketing e redução de taxas para aumentar sua fatia de mercado, sobretudo entre pequenos negócios, segmento no qual a rival PagSeguro tem metade dos lojistas.
Além das maquininhas, os serviços de carteira digital PagBank e iti, lançados no segundo trimestre pelas concorrentes PagSeguro e Itaú, respectivamente, podem vir a morder fatia do mercado. A Cielo também tenta emplacar seus produtos digitais, oferecendo pagamento por QR Code desde o fim do ano passado e inaugurando, há duas semanas, esse tipo de pagamento em compras no comércio eletrônico.
Analistas apontam a PagSeguro e outras empresas que já nasceram com serviços digitais como as mais preparadas para o futuro. O banco Credit Suisse afirmou em relatório que o histórico fraco de tecnologia da Cielo e até a relação com os bancos controladores podem “impedir que a empresa entre mais agressivamente nos segmentos de banco digital e serviços financeiros”.
Neste cenário, a Cielo anunciou na semana passada a contratação de uma consultoria para um projeto de corte de custos, que pretende liberar caixa para continuar investimentos em novos produtos.
Há quem esteja pagando para ver: a empresa teve a maior alta do Ibovespa na segunda-feira, com a ação subindo 4,79% e fechando a 7 reais. Desde o início de 2018, quando a guerra se acentuou, a Cielo perdeu 70% do valor de mercado.