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Apetite da China por carne bovina veio para ficar, diz Marfrig

Efeito da peste suína sobre a demanda de carne pela China vai até 2022; depois, demanda continuará crescendo

Marfrig (Paulo Whitaker/Reuters)

Mariana Desidério

Publicado em 26 de outubro de 2020 às 09h06.

Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 09h07.

As importações de carne bovina da China devem seguir crescendo em meio a um contínuo aumento de demanda, de acordo com a segunda maior produtora do mundo.

Embora alguns observadores do mercado comecem a questionar se as importações de carne chinesas continuarão a aumentar com a rápida reposição de seu plantel de suínos, a Marfrig Global Foods diz que o efeito da peste suína africana sobre a demanda de carne bovina pela China deve permanecer até 2022. Depois disso, a demanda continuará crescendo com a mudança da população rural para as cidades.

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“Tudo indica que o fenômeno China veio para ficar”, disse Miguel Gularte, diretor-presidente da Marfrig, em entrevista. “Cada 100 gramas de aumento per capita no consumo chinês são 2 mil toneladas de importação a mais. A demanda vai continuar crescendo com maior distribuição de renda e urbanização.”

O potencial fica claro quando se compara o consumo per capita de carne suína chinesa, de 47 quilos por ano, com o consumo de carne bovina, de 5 quilos, segundo Gularte.

Embora números recentes mostrem uma rápida recuperação do plantel suíno chinês, a oferta de carne suína deve continuar caindo no próximo ano. O país asiático ainda será o maior cliente da oferta da América do Sul. A China responde por mais de 70% das exportações de carne bovina da região e por cerca de 60% do Brasil.

Os embarques de carne bovina do Brasil desaceleraram no mês passado. Os valores em dólar caíram em relação ao ano anterior pela primeira vez em 2020, incluindo para a China, segundo dados do governo.

Economias emergentes, impulsionadas pela desvalorização cambial, continuarão a desviar grande parte da produção para o mercado externo. No Brasil, as fortes exportações ajudarão processadores de carne a compensar a queda da demanda doméstica em meio à crise econômica e ao fim do auxílio mensal que ajudou a sustentar o consumo de alimentos, disse o executivo.

Até agora, o programa de auxílio emergencial está “funcionando bem”, o que ajuda a apoiar a demanda no atacado, enquanto as vendas em food service mostraram forte recuperação. Nas últimas duas semanas, atingiram 90% da média diária de vendas da Marfrig antes da pandemia de Covid-19, de acordo com Gularte. O amplo programa do governo, que beneficiou cerca de 30% da população, expira no fim do ano.

“Qualquer excedente de oferta será direcionado para exportação, e quando você fala em exportação se refere à China.”

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