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Apesar de briga, reforma da Saraiva começa a dar resultados

Mergulhada em uma briga societária, a Saraiva tem acumulado prejuízos e queda das ações há algum tempo

Saraiva: empresa ainda teve prejuízo no segundo trimestre, mas perda diminuiu (Wikimedia Commons)

Luísa Melo

Publicado em 18 de agosto de 2016 às 10h38.

São Paulo - Mergulhada em uma briga societária, a Saraiva tem acumulado prejuízos e sofre com a perda de valor de mercado.

Para reverter o quadro, a empresa toca uma pesada reforma dos negócios, com foco no varejo e na redução de dívidas e gastos.

O plano ganhou força com a venda de sua divisão de educação, no ano passado, e os primeiros sinais positivos começaram a aparecer.

No segundo trimestre deste ano, apesar da queda no faturamento, o prejuízo e a dívida da rede ficaram menores e suas margens melhoraram.

A receita líquida somou 371 milhões de reais de abril a junho, uma retração de 4,9% no mesmo intervalo de 2015.

De acordo com a varejista, a comparação ficou distorcida por conta do desempenho extraordinário das vendas de livros de colorir no segundo trimestre do ano passado.

Excluído esse efeito, a receita bruta, que teve queda de 2,4% em 12 meses, para 415 milhões de reais, teria crescido 3%.

O comércio eletrônico da Saraiva teve uma performance superior à das lojas no trimestre, apesar de transacionar menos da metade do valor vendido nos pontos físicos.

As vendas na web cresceram 13,8% ante junho do ano passado, para 175,12 milhões reais, enquanto as presenciais caíram 9%, para 367,21 milhões de reais.

"Esse resultado reflete a contínua melhora da experiência de navegação do cliente", disse o vice-presidente financeiro da empresa, Marcus Mingoni, em teleconferência com analistas na segunda-feira (15) para comentar o balanço.

Ainda assim, o resultado no trimestre foi negativo – mas a perda diminuiu.

O prejuízo líquido foi de 15,09 milhões de reais, 34,8% menor que um ano antes, quando chegou a 23,13 milhões de reais. De janeiro a março, um lucro modesto de 266.000 reais havia sido registrado.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou 1,1 milhão de reais, contra um indicador negativo de 7,6 milhões de reais no confronto anual.

Dívida

A dívida líquida consolidada da Saraiva, que era de 754 milhões de reais em junho em 2015, baixou para 311 milhões de reais em junho deste ano. Em março, ela estava em 397 milhões de reais.

A queda foi motivada pela venda do braço de selos educacionais, como os de livros didáticos, para a Somos Educação (antiga Abril Educação), no ano passado.

Ao fim de dezembro de 2015, o negócio era avaliado em 776,59 milhões de reais. Feitos os ajustes acordados, como a subtração do endividamento e do capital de giro, o valor a ser pago à Saraiva ficou em 494,64 milhões de reais.

Desse total, 99,15 milhões de reais foram recebidos à vista e 261,55 milhões de reais, no segundo trimestre deste ano.

"A entrada de recursos contribuiu para a reformulação da nossa estrutura de capital e a redução da dívida líquida", afirmou Mingoni.

Margens

Do ponto de vista da competitividade, a Saraiva vem se fortalecendo. Sua margem bruta ficou em 36,2% de abril a junho, frente a 33,3% nos mesmos meses de 2015. Foi a quinta alta trimestral consecutiva.

Isso fez com que sua fatia de mercado na categoria de livros crescesse 3,8 pontos percentuais, segundo ela mesma.

Ela também aumentou sua eficiência operacional: a margem Ebitda passou de -2,3% em junho de 2015 para 0,3% um ano depois.

Já em relação à lucratividade, ela ainda patina, apesar de ter melhorado os indicadores. A margem líquida, que estava em -5,9% no segundo trimestre do ano passado, ficou em -4,5% no mesmo período deste ano.

Cortes e lojas menores

Além da reestruturação do capital, a varejista tem tomado medidas para remodelar sua operação, com cortes de gastos. Uma delas é a redução do tamanho de algumas lojas.

Uma unidade que ficou menor foi a do Shopping Recife, na capital pernambucana. A do shopping Iguatemi Alphaville, em Barueri, em São Paulo, também está passando pelo processo.

A ação visa "otimizar o custo total de ocupação". Atualmente, ela tem 112 lojas, em 17 estados do país.

As despesas operacionais do grupo caíram 3,3% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2015, para 132,99 milhões de reais. Se excluído o impacto do INSS, que voltou a incidir sobre a folha de pagamento a partir de novembro passado, a redução seria de 7,5%.

A empresa também está expandindo o número de cafeterias em seus pontos de venda, com objetivo de aumentar a rentabilidade. Ela se diz "otimista e confiante" no processo de reestruturação.

A briga

A GWI Asset Management, maior acionista da Saraiva, acusa a direção da empresa, incluindo seu presidente, Jorge Saraiva Neto, de levá-la "à beira da insolvência" por má gestão.

Do outro lado, a varejista diz que a GWI tenta manipular suas ações e que o presidente da gestora, o sul-coreano Mu Hak You, invadiu seu escritório. Ela quer a revogação dos direitos do investidor como acionista.

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São Paulo - Mergulhada em uma briga societária, a Saraiva tem acumulado prejuízos e sofre com a perda de valor de mercado.

Para reverter o quadro, a empresa toca uma pesada reforma dos negócios, com foco no varejo e na redução de dívidas e gastos.

O plano ganhou força com a venda de sua divisão de educação, no ano passado, e os primeiros sinais positivos começaram a aparecer.

No segundo trimestre deste ano, apesar da queda no faturamento, o prejuízo e a dívida da rede ficaram menores e suas margens melhoraram.

A receita líquida somou 371 milhões de reais de abril a junho, uma retração de 4,9% no mesmo intervalo de 2015.

De acordo com a varejista, a comparação ficou distorcida por conta do desempenho extraordinário das vendas de livros de colorir no segundo trimestre do ano passado.

Excluído esse efeito, a receita bruta, que teve queda de 2,4% em 12 meses, para 415 milhões de reais, teria crescido 3%.

O comércio eletrônico da Saraiva teve uma performance superior à das lojas no trimestre, apesar de transacionar menos da metade do valor vendido nos pontos físicos.

As vendas na web cresceram 13,8% ante junho do ano passado, para 175,12 milhões reais, enquanto as presenciais caíram 9%, para 367,21 milhões de reais.

"Esse resultado reflete a contínua melhora da experiência de navegação do cliente", disse o vice-presidente financeiro da empresa, Marcus Mingoni, em teleconferência com analistas na segunda-feira (15) para comentar o balanço.

Ainda assim, o resultado no trimestre foi negativo – mas a perda diminuiu.

O prejuízo líquido foi de 15,09 milhões de reais, 34,8% menor que um ano antes, quando chegou a 23,13 milhões de reais. De janeiro a março, um lucro modesto de 266.000 reais havia sido registrado.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou 1,1 milhão de reais, contra um indicador negativo de 7,6 milhões de reais no confronto anual.

Dívida

A dívida líquida consolidada da Saraiva, que era de 754 milhões de reais em junho em 2015, baixou para 311 milhões de reais em junho deste ano. Em março, ela estava em 397 milhões de reais.

A queda foi motivada pela venda do braço de selos educacionais, como os de livros didáticos, para a Somos Educação (antiga Abril Educação), no ano passado.

Ao fim de dezembro de 2015, o negócio era avaliado em 776,59 milhões de reais. Feitos os ajustes acordados, como a subtração do endividamento e do capital de giro, o valor a ser pago à Saraiva ficou em 494,64 milhões de reais.

Desse total, 99,15 milhões de reais foram recebidos à vista e 261,55 milhões de reais, no segundo trimestre deste ano.

"A entrada de recursos contribuiu para a reformulação da nossa estrutura de capital e a redução da dívida líquida", afirmou Mingoni.

Margens

Do ponto de vista da competitividade, a Saraiva vem se fortalecendo. Sua margem bruta ficou em 36,2% de abril a junho, frente a 33,3% nos mesmos meses de 2015. Foi a quinta alta trimestral consecutiva.

Isso fez com que sua fatia de mercado na categoria de livros crescesse 3,8 pontos percentuais, segundo ela mesma.

Ela também aumentou sua eficiência operacional: a margem Ebitda passou de -2,3% em junho de 2015 para 0,3% um ano depois.

Já em relação à lucratividade, ela ainda patina, apesar de ter melhorado os indicadores. A margem líquida, que estava em -5,9% no segundo trimestre do ano passado, ficou em -4,5% no mesmo período deste ano.

Cortes e lojas menores

Além da reestruturação do capital, a varejista tem tomado medidas para remodelar sua operação, com cortes de gastos. Uma delas é a redução do tamanho de algumas lojas.

Uma unidade que ficou menor foi a do Shopping Recife, na capital pernambucana. A do shopping Iguatemi Alphaville, em Barueri, em São Paulo, também está passando pelo processo.

A ação visa "otimizar o custo total de ocupação". Atualmente, ela tem 112 lojas, em 17 estados do país.

As despesas operacionais do grupo caíram 3,3% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2015, para 132,99 milhões de reais. Se excluído o impacto do INSS, que voltou a incidir sobre a folha de pagamento a partir de novembro passado, a redução seria de 7,5%.

A empresa também está expandindo o número de cafeterias em seus pontos de venda, com objetivo de aumentar a rentabilidade. Ela se diz "otimista e confiante" no processo de reestruturação.

A briga

A GWI Asset Management, maior acionista da Saraiva, acusa a direção da empresa, incluindo seu presidente, Jorge Saraiva Neto, de levá-la "à beira da insolvência" por má gestão.

Do outro lado, a varejista diz que a GWI tenta manipular suas ações e que o presidente da gestora, o sul-coreano Mu Hak You, invadiu seu escritório. Ela quer a revogação dos direitos do investidor como acionista.

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