André Esteves perde controle acionário do Grupo BTG Pactual
Por meio de fato relevante enviado à CVM, a empresa comunicou "uma permuta de ações" entre Esteves e outros sete sócios
Luísa Melo
Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 17h20.
São Paulo - O BTG Pactual anunciou nesta quarta-feira (2) que seu ex-presidente André Esteves , preso desde o último dia 25, não tem mais o controle societário da empresa.
Por meio de fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a companhia comunicou que foi realizada uma "permuta" entre as ações ordinádias dele e as preferenciais de outros sete sócios.
Com isso, o controle acionário da holding passou para as mãos do grupo Top Seven Partners – composto pelos executivos Marcelo Kalim, Roberto Balls Sallouti, Persio Arida, Antonio Carlos Canto Porto Filho, James Marcos de Oliveira, Renato Monteiro dos Santos e Guilherme da Costa Paes.
A mudança ainda precisa ser aprovada pelo Banco Central.
De acordo com a Bloomberg, a fatia de Esteves no banco variava entre 22 e 24% e incluía também a golden share (ação de ouro), que garantia a ele o controle efetivo da organização.
O BTG Pactual não deu detalhes sobre como fica a participação do fundador no grupo de agora em diante.
Histórico
Esteves foi detido há duas semanas juntamente com o senador Delcídio do Amaral (PT), acusado de tentar obstruir investigação da operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras.
Desde então, os sócios do BTG Pactual têm se esforçado para isolar a imagem do banqueiro de seus negócios. No mesmo dia da prisão, Persio Arida – sócio integrante do grupo que agora controla a empresa – foi nomeado CEO interino.
No dia 29 de novembro, Esteves renunciou à presidência executiva e ao comando do conselho de administração do BTG e os cargos foram assumidos por Arida de vez.
No dia seguinte, ele também abriu mão da vice-presidência do conselho de administração do Banco Pan e da cadeira de conselheiro da BM&FBovespa. Na sequência, deixou ainda o conselho da BR Properties.
Venda de ativos
Para levantar recursos nesse momento crítico, o BTG Pactual busca vender ativos considerados atrativos no mercado.
Hoje mais cedo, comunicou à CVM que repassou todas as suas ações na Rede D'Or São Luiz para o fundo soberano de Singapura (GIC) por 2,38 bilhões de reais. A fatia na cadeia de hospitais era de 12%.
Especula-se ainda que o banco estaria negociando ceder sua carteira de crédito aos rivais Itaú e Bradesco, além de se desfazer de parte de sua unidade de commodities.
Apenas dois dias depois da prisão de Esteves, o conglomerado já teria perdido 6,7 bilhões de reais em valor de mercado, segundo estimativa da Economatica. Além disso, o rating do banco foi colocado em perspectiva negativa pela agência de classificação de risco Fitch.
Texto atualizado às 11h56.