Sede da Petrobras: a Amec e o braço de investimentos do banco Bradesco vão disputar os votos dos acionistas da estatal (Vanderlei Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2015 às 20h43.
Rio - A apresentação de indicação própria pelo Bradesco Asset Management (Bram) para as duas vagas reservadas aos minoritários no conselho de administração da Petrobras pegou de surpresa investidores estrangeiros e brasileiros reunidos na Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec).
O grupo já havia fechado consenso em dois nomes, na semana passada.
A Amec e o braço de investimentos do banco Bradesco vão disputar os votos dos acionistas da estatal na assembleia marcada para o dia 29.
Segundo o vice-presidente da Amec, André Gordon, o Bram participou dos encontros nos quais foram escolhidos os nomes de indicação da Amec.
"Não sei dizer por que o Bradesco se destacou dos demais. Poderia ter votado conosco ou indicado nomes para serem avaliados. São duas indicações (feitas pelo Bram) que não devem ter problema curricular. A pergunta é: por que um grupo se destacou, resolveu fazer sua escolha individual?", avaliou Gordon.
Em nota oficial enviada pela sua assessoria de imprensa, o Bram afirmou que "exerceu seu direito de indicar nomes para o Conselho de Administração da Petrobras por considerar importante para o processo de governança da empresa".
As indicações de Eduardo Bunker Gentil e Otávio Yazbek às vagas de representantes dos investidores donos de ações ordinárias e preferenciais, respectivamente, foram apresentadas à Petrobras na última sexta-feira, dia 10, pelo banco. Três dias antes, na terça-feira, dia 7, a Amec, por meio do gestor de recursos GTI, havia indicado os nomes de Walter Mendes de Oliveira Filho e Guilherme Affonso Ferreira para os mesmos assentos na cúpula da Petrobras.
A Amec disse ter sido procurada para intermediar a indicação da chapa proposta por um grupo de investidores da Petrobras no Brasil e no exterior. A partir daí, buscou seus associados e outros interessados no tema para reunir esforços em torno de nomes que garantam a continuidade do trabalho dos conselheiros que deixarão os cargos neste mês: Mauro Cunha e João Monforte.
Cunha e Monforte vinham se posicionando, em muitos casos, contrariamente às decisões tomadas pelos representantes da União na empresa, com o argumento de contribuir para deixar a petroleira mais transparente.
Ambos votaram contra a indicação de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras e demonstraram desconforto com a definição do presidente da Vale, Murilo Ferreira, para a liderança do conselho de administração da companhia.
Nesta segunda-feira, 13, o grupo de 14 fundos estrangeiros liderados pela gestora holandesa Robeco e pelos britânicos F&C e Hermes enviou à estatal uma carta reforçando seu apoio aos nomes de Oliveira Filho e Affonso Ferreira. O documento foi encaminhado a Bradesco e Bram, numa tentativa de negociar a adesão aos candidatos dos fundos e da Amec.
"Todos queremos a mesma coisa: melhorar a governança e recuperar o valor de mercado da Petrobras", disse Daniela da Costa-Bulthius, administradora de portfólio da Robeco.
Na carta, o grupo de fundos destaca que vem conversando com a Petrobras há algum tempo sobre mudanças na governança da companhia. Em dezembro, os mesmos investidores mandaram uma carta ao conselho da estatal pedindo mudanças em seus processos de tomada de decisão e gestão. Até hoje não receberam resposta.