Amazon emite dívida para bancar expansão em supermercados
A maior varejista online do mundo está vendendo títulos não garantidos em até sete tranches, de acordo com uma fontes
Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2017 às 16h57.
Nova York - A Amazon.com vai acessar os mercados de dívida para bancar a aquisição da Whole Foods Market e impulsionar os planos de Jeff Bezos para conquistar o negócio de supermercados.
A maior varejista online do mundo está vendendo títulos não garantidos em até sete tranches, de acordo com uma pessoa a par do assunto. Os papéis mais longos da colocação — com vencimento em 40 anos — podem render de 1,6 a 1,65 ponto percentual acima das notas do Tesouro americano de prazo semelhante, disse a fonte, que solicitou anonimato porque a oferta é privada.
De acordo com comunicado divulgado pela Amazon, a empresa está vendendo títulos pela primeira vez desde 2014, a fim de financiar a aquisição da rede de lojas de alimentos orgânicos por US$ 13,7 bilhões — um acordo que abalou o setor de supermercados em junho.
A expectativa é que a parceria viabilize a redução dos preços cobrados pela Whole Foods, um empreendimento com reputação pela alta qualidade que tenta superar dificuldades atraindo consumidores das classes média e baixa. O acordo pode intensificar uma guerra de preços em um setor que já lida com margens de lucro ínfimas e deflação persistente nos EUA.
A gigante de comércio eletrônico aborda o mercado de títulos após operações enormes pela operadora de telecomunicação AT&T (US$ 22,5 bilhões) e pela fabricante de cigarros British American Tobacco (US$17,25 bilhões). A Moody’s Investors Service estima que esta colocação pode chegar a US$ 16 bilhões.
A oferta coincide com um momento bem ativo das empresas de tecnologia na emissão de dívidas. A fabricante de veículos elétricos Tesla estreou nesse mercado em 11 de agosto e a Apple anunciou na terça-feira sua primeira oferta de títulos denominados em dólares canadenses.
A grande quantidade de colocações e a intensificação das tensões geopolíticas na Península da Coreia ampliaram o rendimento adicional exigido sobre o dos papéis do Tesouro americano.
Recepção esperada
Bezos foi brevemente o homem mais rico do mundo no mês passado. Ele transformou a Amazon em uma varejista gigantesca desde a fundação em 1994.
A empresa também introduziu o leitor digital Kindle e o sistema residencial de reconhecimento de voz Echo, além de serviços de computação em nuvem, programação original de televisão e filmes.
A disparada do valor da participação de Bezos na Amazon abriu caminho para o fundador investir como pessoa física em projetos como a compra do jornal Washington Post por US$250 milhões em 2013. A expansão da Amazon também permitiu que Bezos ficasse de olho no setor de supermercados, no qual sua empresa não conseguia ganhar espaço. Ações de varejistas como Wal-Mart Stores e Kroger desabaram após o anúncio da aquisição.
A Amazon emite com pouca frequência no mercado de títulos com grau de investimento. A empresa tinha apenas US$ 7,8 bilhões em dívidas em circulação em 30 de junho e tem classificação de risco Baa1 pela Moody’s e AA- pela S&P Global Ratings, com perspectiva estável no último caso.
A companhia contratou bancos na semana passada para organizar conversas com investidores de renda fixa, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto. A Amazon recebeu um empréstimo-ponte de US$ 13,7 bilhões de um grupo de bancos liderado por Bank of America e Goldman Sachs Group para financiar temporariamente a aquisição.
Em junho, a Amazon, sediada em Seattle, informou que pretende financiar a aquisição tomando dívidas e com recursos do próprio caixa.
“Apesar do aumento do endividamento, a aquisição da Whole Foods é imediatamente positiva para o crédito da empresa em diversas frentes”, escreveu um analista da Moody’s, Charlie O’Shea, no relatório que revisou a perspectiva da classificação de risco da Amazon de estável para positiva.
“A Whole Foods proporciona à Amazon maior escala e crucial presença física em um segmento no qual vem tentando crescer.”